Em fevereiro de 2023, o Ministério da Saúde (MS) lançou o Movimento Nacional pela Vacinação com o objetivo de atingir a meta de 90% de cobertura vacinal no país. Neste contexto, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e entidades que compõe a Aliança pela Saúde no Brasil da Associação Médica Brasileira debatem a temática Desafios para a Vacinação no Brasil.
Dados da Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações – CGPNI apontam para um descenso da cobertura vacinal (CV) no Brasil, a partir de 2016 e sem indicação de retomada. Atualmente, a CV remonta aos números da década de 1980. Em 2021, a CV de crianças com menos de um ano de idade atingiu o menor patamar histórico no país (70%), disparando o alerta das autoridades sanitárias.
Considerando as vacinas contra poliomielite, pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e haemophilus influenza tipo B), pneumocócica, tríplice viral e D1, o número de municípios com CV acima de 95%, caiu de 2.257 para 914 entre 2018 e 2021, segundo os dados do Programa de Qualificação das Ações de Vigilância em Saúde – PQAVS. Adicionalmente, a heterogeneidade das coberturas trazem
riscos de reintrodução de doenças já eliminadas, ou sob controle, como, por exemplo, o sarampo que tem surtos registrados e persistentes no país desde 2018.
Finalmente, os serviços de saúde foram afetados pela pandemia de Covid-19 com excessos de demanda, fragilizando a vigilância e a qualidade da informação sobre imunização. E falsas notícias foram amplamente disseminadas, abalando a confiança de pessoas, famílias e até mesmo de profissionais de saúde sobre as vacinas.
A hesitação vacinal se refere ao atraso na aceitação ou recusa da vacinação, apesar da disponibilidade nos serviços. Em 2019, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu a hesitação vacinal como uma das dez maiores ameaças à saúde pública no mundo, destacando que fatores como falta de confiança, conveniência e complacência são elementos subjacentes a esse fenômeno.
A adesão à vacinação está sujeita ao imaginário e a mecanismos sociais que influenciam, de forma decisiva, a propensão de uma dada comunidade a ser vacinada ou não. Entre os fatores que afetam tal decisão, destacam-se a confiança na importância, segurança e eficácia das vacinas, bem como a compatibilidade com os valores do indivíduo. Neste sentido, a desinformação e as notícias falsas (fake news) desenvolvem um importante papel ao levantar dúvidas desnecessárias sobre a efetividade das vacinas. Trabalhadores(as) da saúde são os principais influenciadores nas decisões sobre vacinação e devem ser apoiados para fornecer informações confiáveis.
Com base nas recomendações da InterAcademy Partnership7 (IAP), a ASB defende que toda a sociedade civil organizada promova debates abertos sobre o tema da vacinação, com base em evidências científicas e fontes confiáveis; evite a politização do debate; cobre do poder público um monitoramento contínuo e transparente da cobertura vacinal e da ocorrência de doenças preveníveis, com o apoio de estados e municípios; contribua para o esclarecimento das dúvidas sobre vacinação e enfrente as notícias falsas (fake news) em todos os espaços de representação social.
A efetividade de ações na ampliação urgente da vacinação e consequente mudança de cenário deve compreender ações de conveniência, contexto de cada estado, complacência, comunicação e acesso.
*Fonte AMB
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