Coluna
O Estado não poderá terceirizar as consequências
Não ordenes aquilo que não puderes controlar. Essa frase, atribuída ao filosofo grego Sócrates, deveria rondar os contextos decisórios da recente proposta de terceirização de atividade-fim.
Inicialmente, sabemos que por meio dessa técnica uma empresa busca um prestador de serviços que assuma a responsabilidade por determinadas áreas. Isso permite que a contratante concentre seus esforços no nível estratégico.
[ad id=”14221″]
Em termos administrativos é uma asserção atraente no mundo todo. Mark McRae, (2014) disse que “A terceirização pode dar acesso a um conjunto vertiginoso de profissionais altamente qualificados de todo o mundo” Ele conta que, para produzir um documentário profissional, contratou um roteirista nos EUA, uma equipe de filmagem do Canadá, o pessoal de pós-produção na Croácia e o Editor na Sérvia. “Com as novas tecnologias, o trabalho não é mais um local, é uma função, que pode ser realizada em qualquer lugar a qualquer momento”.
De outra parte, e os contrapontos são providenciais, para a OIT “os empregadores são confrontados com um desafio de sobrevivência num ambiente global competitivo, mas não podem melhorar sua produtividade com uma força de trabalho mal treinada e desmotivada”.
Com tal característica, um cenário perfeito para alguns pode se converter em inferno para outros. E esses pormenores estão ausentes na proposição governamental vigente, posto que a nova lei amplia as possibilidades de terceirizar a atividade-fim.
No Brasil, com suas fragilidades de suporte à saúde, segurança e educação, isso deve ser cautelosamente revisado. Um dos principais fatores está na ruptura dos benefícios oriundos das organizações que, de certo modo, preenchem as lacunas do estado. Com a terceirização da atividade-fim seriam criadas as mesmas limitações que possuem grande parte dos empregados de prestadoras de serviços das denominadas atividades-meio. Eles viram o enfraquecimento de algumas categorias profissionais, a diminuição dos postos de trabalho e a redução de salários ( na lógica de que os serviços são terceirizados, e não as pessoas).
A restrição não está na ideia, mas em como ela tem sido utilizada e o quanto ela pode estar próxima do subemprego. Coloque essa dinâmica num sistema com milhões de desempregados e depois gere a crença de que essa ação pode contribuir na ampliação do nível de ocupação. Será possível constatar a consequência de alterações sem escrúpulos direcionadas ao próprio governo que as fomentou. Para quem essas mudanças servirão exatamente?
Não existem motivos para que um trabalhador deseje a terceirização, principalmente no meio de uma crise. A ampliação da técnica formalizará o subemprego e enfraquecerá as instituições.
Nas universidades públicas, a título de exemplo, onde o investimento em pesquisa e no ensino é um indicador representativo para o desenvolvimento do país, a terceirização da atividade-fim pode desconstruir o que levou décadas para ser consolidado. Em alguns estados isso pode representar um empurrão para vir abaixo o que restou.
É fato inegável de que em muitas empresas e organizações públicas existe a necessidade de reestruturação nas politicas de contratação, avaliação e carreira. Mas a terceirização é a resposta mais curta e superficial neste momento.
O papel do governo federal se assemelha a ação do indivíduo que faz empréstimos num banco para realizar investimentos de menor rentabilidade em outro. Desse modo, conforme o ponto de vista, ora tudo está bem, ora tudo está comprometido.
O grande inconveniente é que, no modelo de terceirização proposto, as rupturas estão concentradas na perda de conquistas históricas. As empresas que realmente já investiram em bens intangíveis reconhecem com exatidão o perigo em aderir a um modelo de precarização do trabalho. Elas correm o risco de macular tanto a reputação, como a sua cultura. E estas são conquistas de longo prazo que, muito distantes de serem consideradas meras benevolências, são as que salvaguardam a continuidade de uma organização e o seu retorno financeiro.
Tempos de crise exigem cuidado ao se impor mudanças. A atual busca de soluções demonstra estar permeada por uma retórica rasa e uma incipiente estratégia de sobrevivência. O estado age tal qual um náufrago que, em situação delirante, busca beber a água na ilusão de reduzir o que lhe aflige.
Renato Dias Baptista é professor assistente doutor no curso de administração da UNESP.
Coluna
A alimentação e a economia circular
Você já se perguntou de onde vem a comida que vai parar no seu prato? Se aquilo que você come vem de perto ou não? Se é mesmo saudável ou fresco? De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os alimentos in natura, ou minimamente processados, são a base ideal de uma alimentação adequada. Eles são obtidos diretamente de plantas ou animais, com o mínimo ou nenhum tipo de processamento.
Ao sairmos em busca desses ingredientes nas compras, nossa preocupação deve se estender para além do sabor e da qualidade. Ponderamos o preço dos produtos, a distância até o local de compra, o tempo de deslocamento, o que engloba a emissão de carbono neste transporte, e diversos outros fatores que fazem parte da equação de um consumo mais sustentável. Estes são somente alguns dos muitos aspectos que nos possibilitam pensar a relação entre alimentação e Economia Circular.
Ao falarmos sobre economia circular na alimentação, não podemos deixar de mencionar a importância de reduzir o desperdício e repensar o ciclo de vida dos alimentos. Isso inclui a maneira como lidamos com resíduos e embalagens. A busca por alimentos não embalados, ou que utilizem embalagens sustentáveis, em conjunto com a redução do desperdício são elementos-chave desta equação.
Ao olharmos para o nosso prato de comida, todos os dias, devemos celebrar. Ele é resultado do trabalho de dezenas, centenas de pessoas em parceria com o ambiente. Conhecer cada melhor toda essa cadeia, da produção ao eventual descarte, deve nos fazer refletir sobre questões éticas relacionadas à disponibilidade, ao acesso e, ao mesmo tempo, a todo o desperdício que ainda existe.
Afinal, a circularidade não se limita apenas à produção de alimentos, mas também ao que fazemos com as sobras de comida e embalagens após o consumo. A adoção de práticas de “lixo zero” em nossas casas e o apoio a iniciativas de reciclagem e reutilização de embalagens contribuem significativamente para a construção de uma economia mais circular e sustentável.
Podemos e devemos fazer melhores escolhas todos os dias. É um aprendizado permanente na direção de zerar a quantidade de resíduos que produzimos e garantir acesso a alimentação saudável e de qualidade para todos. Ou seja, uma alimentação circular enquanto garantia de qualidade ambiental e direito humano.
*Edson Grandisoli é embaixador e coordenador pedagógico do Movimento Circular, Mestre em Ecologia, Doutor em Educação e Sustentabilidade pela Universidade de São Paulo (USP), Pós-Doutor pelo Programa Cidades Globais (IEA-USP) e especialista em Economia Circular pela UNSCC da ONU. É também co-idealizador do Movimento Escolas pelo Clima, pesquisador na área de Educação e editor adjunto da Revista Ambiente & Sociedade.
Coluna
A vida é muito curta para ser pequena
Temos empregos que odiamos para comprar coisas que não precisamos.
Tyler Durden, de “O clube da Luta”
Outro dia eu tinha dezessete anos, estava aprovado no vestibular e tinha a vida toda pela frente; hoje acordei com sessenta anos e, olhando para trás, percebi que “de zero a dez” minha vida é no máximo nota quatro.
É verdade que tenho filhos de caráter e formação extraordinários, mas o mérito é grandemente da Celinha, do Notre Dame e da espiritualidade que envolvia a escola, do CISV, que abriu um mundo de possibilidades para eles e das relações afetivas e acolhedoras da família.
Transcrevo os versos do Cazuza, Poeta da minha geração, para descrever o que senti na manhã que acordei surpreso com sessenta anos:
Os meus sonhos
Foram todos vendidos
Tão barato que eu nem acredito
Ah, eu nem acredito
Que aquele garoto que ia mudar o mundo
Mudar o mundo
Frequenta agora
As festas do Grand Monde
Fato é que o tempo aqui no planeta é bem curtinho e acabamos desperdiçando o nosso tempo em coisas das quais não gostamos e deixando “para depois” aquilo que de fato amamos, sentimento sintetizado pelo poema dos Titãs:
Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Assustado com a minha condição de idoso – definida pela Lei Federal 10741/2003, mais conhecida como Estatuto do Idoso -, tenho “pensado na vida”, no caminho que percorri, no caminhar e nas companhias.
A nossa vida é marcada pelo tempo e pelo medo, pelo tempo que nos resta e pelo medo de não alcançarmos sucesso; tenho tido flashes de momentos que tiveram ou tem significado na caminhada; lembrei de uma conversa que tive com o meu tio Chico dentro da piscina da casa dele; ele me perguntou: “Você está feliz com a faculdade, gostando do curso?”, respondi afirmativamente, mas ressalvei “tenho medo apenas da mediocridade”; ele respondeu: “esse é um medo bom. Estude, estude mais e depois estude mais um pouco, mas não apenas Direito”, depois desse conselho o medo passou.
Mas o fato é que, aos sessenta anos, o tempo que gastei, cooptado pela lógica médio-classista, me fez correr atrás de coisas que não tem relevância alguma; e, o que mais tem “doído”, é a certeza de que gastei tempo demais colocando meu apenas o conhecimento e a alma para solucionar questões que não me diziam respeito, especialmente no âmbito profissional; e a retribuição? nada além dos honorários e algumas vezes nem isso.
O susto me alertou não apenas de que a vida é curta, mas que eu gastei tempo demais com coisas desnecessárias; a ideia de finitude e mortalidade não me perturba, apenas não quero mais gastar tempo de forma equivocada. A consciência da mortalidade não é negativa, pois como disse o Cortella: “é essa consciência que nos desperta da letargia”, algumas pessoas, contudo – e não são poucas – se distraem em relação a isso e como escreveu Chico Buarque:
Vida, minha vidaOlha o que é que eu fizDeixei a fatia mais doce da vidaNa mesa dos homens de vida vaziaMas, vida, ali, quem sabe, eu fui feliz
Tive uma sócia, de triste lembrança, que dizia: “não conheço ninguém que goste tanto de voltar para casa após o trabalho”, ela dizia isso porque, raramente, eu participava de happy hours; de fato, prefiro voltar para casa; gostava de encontrar os meninos, a Celinha, o Jow, o Tommy, o Ditão e o Marreta (nossos cachorros, que estiveram conosco por todo o tempo de suas vidas), meus livros e o caos criativo e criador que uma casa cheia de histórias nos oferece.
Passei tempo demais vivendo uma vida pequena, no ritmo das pequenas coisas falsamente urgentes e deixando de lado o que é de fato importante. Podemos ser condescendes conosco – o que é, inclusive uma tendência humana, tão humana -, e dizer que vivemos um tempo quem que tudo é apressado, que temos uma agenda lotada de compromissos profissionais e sociais, que a conectividade exige de nós insanidade, etc e tal; tudo isso é verdade, mas o fato é que tudo na vida são escolhas nossas.
Escolhas ruins, nos levam a caminhos ruins e a resultados piores ainda.
Observo as novas gerações, escravos e escravas do número de “likes” e “unlikes” que se tem, isso faz com que haja não só ausência de tempo, mas uma perda de tempo. Não se trata de afirmar que toda rede social e tecnologia é ruim e seja, em si, uma perda de tempo, mas a não utilização com parcimônia, inteligência e uma medida boa, faz com que se perca um tempo imenso ao dar retorno apenas para não chatear a outra pessoa. Isso faz com que, a vida que é curta, vá se apequenando exatamente pela ausência de capacidade de cuidar daquilo que é importante. Mas a questão do uso da tecnologia vamos tratar noutro momento.
A reflexão de hoje caminha, mesmo que caótica, para chegar a uma frase de Benjamin Disraeli, 1.º Conde de Beaconsfield, que foi um político Conservador britânico, escritor, aristocrata, além de Primeiro-Ministro do Reino Unido em duas ocasiões: “A vida é muito curta para ser pequena”.
Pedro Benedito Maciel Neto, 60, advogado e pontepretano, sócio da www.macielneto.adv.br – [email protected]
Coluna
Combate à Prostituição Infantil: Desafio Brasileiro
O Brasil enfrenta um desafio persistente no combate à prostituição infantil, um problema social grave que afeta crianças e adolescentes em todo o país. Segundo dados da Polícia Federal, as ocorrências de exploração sexual de menores têm mostrado números alarmantes, exigindo ações efetivas tanto das autoridades quanto da sociedade civil. A prostituição infantil, além de ser um crime hediondo, viola direitos fundamentais, colocando em risco o futuro de muitos jovens brasileiros.
A complexidade desse fenômeno é evidente, dada a sua relação intrínseca com fatores como pobreza, falta de educação e vulnerabilidade social. Em muitos casos, crianças são coagidas ou seduzidas para a prática, encontrando na prostituição uma falsa saída para problemas econômicos e familiares. O governo brasileiro, em parceria com organizações não-governamentais, tem desenvolvido programas de prevenção e conscientização, visando educar a população sobre os perigos e as consequências legais envolvidas.
As operações de repressão, lideradas pela Polícia Federal em conjunto com as polícias estaduais, são fundamentais para o combate direto à prostituição infantil. Através de investigações e ações de inteligência, muitas redes de exploração sexual de menores têm sido desarticuladas. Estas operações frequentemente revelam a conexão de tais redes com outros crimes, como tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, ampliando o escopo da luta contra a exploração sexual infantil.
A legislação brasileira é rigorosa no que diz respeito à prostituição infantil. A pena para quem explora sexualmente crianças e adolescentes pode chegar a 10 anos de prisão. No entanto, a eficácia da lei depende de sua aplicação consistente e de um sistema judiciário ágil. O fortalecimento das instituições responsáveis por garantir a justiça é, portanto, um aspecto crucial na luta contra essa chaga social.
Além da ação governamental e policial, é essencial o envolvimento da sociedade. A conscientização pública sobre a gravidade da prostituição infantil e a promoção de uma cultura de proteção aos direitos das crianças e adolescentes são passos fundamentais para erradicar esse mal. O engajamento da mídia, a educação e o apoio da comunidade são ferramentas valiosas nesse processo.
-
Empregos6 dias ago
Processos Seletivos na Rede Globo para vagas home office em diversos setores
-
Empregos6 dias ago
Novidades sobre o Concurso dos Correios: confira previsão para edital e para contratações
-
Eventos6 dias ago
Merengue gigante é uma das atrações do evento que desembarca na Estação Cultura dias 20 e 21 de abril
-
Empregos5 dias ago
Concurso público dos Correios terá cargos de nível médio e superior
-
Eventos5 dias ago
Encontro de carros antigos movimenta o estacionamento do Shopping Parque das Bandeiras neste final de semana
-
Policial6 dias ago
Homens armados tentam fugir da polícia, mas são presos em Monte Mor
-
Empregos6 dias ago
Embraer abre processo seletivo com 200 vagas em todo país: confira
-
Outros1 semana ago
BYD surpreende como uma das 10 maiores fabricantes de carros do Mundo em 2023