Um dos integrantes da cúpula do PCC (Primeiro Comando da Capital), Manoel Alves da Silva, de 41 anos, conhecido no crime como “Sasquati” foi julgado no Fórum de Sumaré na tarde de ontem. “Sasquati” foi julgado pelo ataque contra o 3º Distrito Policial de Sumaré, em 16 de março de 2002, que resultou na morte dos investigadores José Luiz Machado e Carlos Roberto Oliveira. Na ação criminosa, um terceiro policial ficou gravemente ferido e sobreviveu à onze tiros. O julgamento ficou a cargo do juiz de direito Aristóteles de Alencar Sampaio.
Segundo informações do Tribunal de Justiça, Silva foi julgado por duplo homicídio, tentativa de homicídio, roubo, visto que as armas das vítimas foram roubadas, formação de quadrilha. “Sasquati” também foi enquadrado dentro do artigo 251, por expor a vida, a integridade física e o patrimônio de terceiros (devido às explosões realizadas dentro da unidade policial) e no artigo 29, “aquele que concorre para a organização do crime”, sendo entendido que Silva foi um dos coordenadores dos ataques da facção.
ATAQUE
No primeiro ataque, o réu contou com a ajuda de dois integrantes da facção criminosa, sendo Alexandre Cardoso da Silva, o “Bradock”, condenado em março de 2012 a 132 anos de prisão e Abílio Fidélis Dias Júnior, o “Magrão”.
Segundo o Ministério Público, os principais organizadores do atentado foram José Márcio Felício, o “Geléião”, Gilberto de Oliveira Filho, o “Bilica” e Adilson da Silva Braga, o “Nego Biu”, condenado pelo Tribunal do Júri a 137 anos de prisão.
O ataque aconteceu durante a madrugada do dia 16 de março de 2002 e foi realizado contra o prédio do 3º Distrito Policial, na época localizado às margens da Rodovia Anhanguera, no Jardim Nova Veneza, em Sumaré.
Posteriormente, a facção criminosa realizou outros dois ataques, um em 2003, onde a unidade policial foi invadida com um veículo e coquetéis molotov foram deixados na unidade e em 2006, onde o prédio também foi atacado com bombas.
Na época, o responsável pela unidade policial era o delegado Robson Gonçalves de Oliveira, que testemunhou contra “Sasquati” no julgamento de ontem. Durante o julgamento, um efetivo da Polícia Militar realizou um cerco no local, para evitar surpresas.
MORTES
Em 2002, o réu teria, na companhia de “Bradock” e “magrão”, ido até o 3º Distrito Policial com um Vectra, roubado horas antes. Ao chegar a unidade, “Sasquati” teria ficado no interior do veículo, onde “daria fuga” para os comparsas.
“Bradock” e “Magrão” entraram no 3º DP e renderam os policiais, que foram levados para um corredor e fuzilados com tiros de uma submetralhadora. Antes de fugiram, os envolvidos ainda colocaram os explosivos na unidade.
A Polícia Militar ainda perseguiu o veículo dos criminosos, onde houve troca de tiros. No entanto, o trio conseguiu fugir. Segundo a denúncia do Ministério Público, os crimes teriam sido praticados contra os policiais civis por motivos torpes, “decorrente de decisão tomada pela organização criminosa para aterrorizar a população paulista”, conforme o descrito no processo.
2001
Um ano antes do atentado (2001), oito detentos, sendo quatro deles integrantes da facção criminosa que atua nos presídios paulistas Primeiro Comando da Capital (PCC), sendo um deles “Sasquati”, haviam fugido das penitenciárias de segurança máxima 1 e 2 de Hortolândia. Eles foram resgatados por um grupo fortemente armado com fuzis e metralhadoras, no horário de visita. Houve troca de tiros com a Polícia Militar. A confusão provocou pânico entre os parentes dos presos, que estavam do lado de fora das prisões. Mas, na época, ninguém ficou ferido. No momento do resgate, havia policiais apenas em cinco das oito torres de vigia.
Em fevereiro do mesmo ano, o PCC promoveu a maior rebelião da história do sistema carcerário brasileiro, em 29 unidades prisionais localizadas em 22 cidades do Estado. Dez mil pessoas foram feitas reféns. O levante deixou 20 mortos.
Reportagem: Thiago Alves | Sumaré
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