‘Entre as estrelas e a Lua’ é a nova canção, lançada ontem, que marca uma grande fase de mudança do Grupo de Rap Realidade Cruel, nascido em Hortolândia, que se tornou referência em todo o Brasil.
Diferente de todas as canções já cantadas pelo grupo e repetidas em forma de hino por milhares de fãs do Rap Nacional durante uma trajetória de 25 anos, a canção fala de um novo começo de uma história de amor entre um homem que se ausentou do seu papel devido à ‘vida bandida’ e está disposto a estabelecer uma nova história romântica e de responsabilidades.
A nova canção marca uma nova fase do grupo que causou um impacto entre os fãs. O vocalista Douglas, um dos fundadores, anunciou, há aproximadamente 6 meses, sua saída dos palcos do rap nacional. O ex-vocalista está em uma nova empreitada espiritual e precisou tomar essa decisão para se entregar a essa nova jornada.
A nova composição do grupo é formada então por Léo RC, que está há 10 anos nos palcos e pelo DJ Bola 8, que está há mais de 15 anos. “O Douglas por motivos religiosos se desligou do grupo. Eu fico triste pelo rap. É uma cara que eu admiro muito. Por outro lado, eu fico feliz pelo caminho que ele está seguindo, com Cristo. O Realidade Cruel está se reformulando depois da saída do Douglas. Essa música é uma das muitas que virão e quem acompanha o grupo durante esses anos, com certeza, vai se surpreender com o nosso trabalho. Queremos que nossos fãs entendam que o Realidade é um grupo e não existe substituto para o Douglas. O DJ Bola 8 e eu estamos firmes e forte e continuaremos nossos trabalhos com toda vibração e qualidade. Essa nova música vem mostrar uma ova mensagem. Hoje, além dos nossos cânticos ainda falarem de crime, de polícia, de política e bandidagem, nós também levaremos um pouco da palavra de Deus. Se o nosso rap já resgatou um monte de moleque da vida do crime, por meio do nosso testemunho vivo do evangelho, nós vamos resgatar muito mais. O grupo só acaba quando o ultimo de nós se despedir”, disse Léo.
O Rap foi minha ponte para o conhecimento, diz
O Rap, que é um ritmo musical consagrado por levantar coros nas periferias do Brasil, relatando as mazelas e exclusões, sociais e existenciais e marcado por injetar motivação, autonomia e a visão de uma nova vida, cumprindo, desde o estrondo, nos anos 90, uma missão de resgatar as mentes da escravidão da alienação e cumprindo, desde lá, uma função evangelizadora, mesmo sem assumir diretamente esse rótulo.
São inúmeros os testemunhos da molecada que conseguiu enxergar uma nova vida além do crime depois de se encontrarem em lágrimas e risos repetindo com toda força as letras das canções em um show ou em casa ouvindo numa estação de rádio. “Através do rap eu tive curiosidades de ler livros e entender o que os manos estavam falando (sobre a questão social e política do país). Para entender as informações, tive que aderir ao conhecimento e o rap foi uma ponte para o conhecimento na minha vida”, diz o vocalista sobrevivente.
Grupo nasceu em berço hortolandense
O Realidade Cruel nasceu em 1992 no berço hortolanense, em uma época que os shows relatavam as ruas de terra e o esgoto a céu aberto. O estouro, no entanto, aconteceu em 1998 com a música ‘Dia de visita’.
Já passaram pelo grupo, além de Douglas que se despediu recentemente, Flagrante, o Keno, Dj Bolha e a Karol, citados, inclusive, em algumas músicas.
Apesar de ter surgido novas vertentes, o formato do Rap nacional continua levando multidões aos shows e pedidos de músicas nas estações do rádio e, se depender do Realidade Cruel, segundo os dois membros que permanecerão, os cânticos vão continuar ressoando e resgatando.
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