Mudanças vêm ocorrendo desde 2018 e relatos nas escolas técnicas mostram alunos e professores entusiasmados e revendo seus papéis
Quem conhece ou estuda no Centro Paula Souza (CPS) já sabe que em 2018 a instituição implantou mudanças no currículo para oferecer a opção do Novo Ensino Médio. Com a homologação do Currículo Paulista, que traz as orientações para a implementação das novas diretrizes em todo o Estado, o CPS iniciou os ajustes finais para adaptar seus cursos à nova modalidade de ensino.
A instituição é uma das pioneiras no novo modelo nacional, que prevê cursos que contemplem a Base Nacional Curricular Comum (BNCC), com 1,8 mil horas, e um dos cinco itinerários formativos, que devem somar 1,2 mil horas. As trilhas de aprendizagem previstas na lei 13.417/17 são Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e Formação Técnica e Profissional. Cada rede de ensino tem certa liberdade para trabalhar sobre essas diretrizes. O Estado de São Paulo foi o primeiro a aprovar as orientações para suas escolas.
“É uma experiência que nós já tivemos nos anos 1960, 1970, quando tínhamos o curso de magistério, o curso científico”, explica o coordenador dos Ensinos Médio e Técnico do CPS, Almério Melquíades Araújo. “A ideia de flexibilizar e de diversificar a oferta é boa, atende interesses diferentes.”
O CPS já vem se adaptando às mudanças desde 2018. Naquele ano, a instituição passou a oferecer o itinerário formativo voltado à formação técnica e profissional. No ano seguinte, começou a oferta de mais três possibilidades de cursos: ênfase em Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde; ênfase em Ciências Exatas e Engenharias e ênfase em Linguagens, Ciências Humanas e Sociais.
Em 2020, em todo o Estado, já são 135 Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) com turmas em aulas já adaptadas ao Novo Ensino Médio, totalizando 25.339 estudantes nessas modalidades.
A maioria dos cursos oferecidos pelo Paula Souza já têm as três mil horas previstas em lei. Outros ainda vão sofrer acréscimos para atingir a meta de carga horária. “Nós vamos fazer esse incremento a partir dos seguintes eixos estruturantes: alfabetização científica, processos criativos, intervenção social e atitude empreendedora”, conta a diretora de Capacitação Técnica e Pedagógica do CPS, Lucília Guerra.
Mudança de rotina
Nas escolas que já oferecem os cursos adaptados, os relatos são animadores. “Eu recebia telefonemas de pais querendo saber o que estava acontecendo, porque seus filhos passavam muito mais tempo na escola, não queriam voltar para casa”, conta a diretora da Etec Prof. Armando José Farinazzo, de Fernandópolis, Valdete Aparecida Zanini Magalhães. “Sou fã desse novo formato.”
Os estudantes fazem 60% do Ensino Médio com o estudo tradicional de disciplinas e 40% por meio da realização de projetos interdisciplinares, cujos temas são escolhidos pelos próprios alunos.
A professora de língua portuguesa e espanhol da Etec Professora Helcy Moreira Martins Aguiar, de Cafelândia, leciona para uma turma que escolheu o Ensino Médio com ênfase em Linguagens, Ciências Humanas e Sociais. Ela destaca que o formato do curso abre mais espaço para os jovens se expressarem, não ficando apenas tão focados no estudo convencional das matérias. “Eles se abrem e, às vezes, falam na escola o que não conseguem falar em casa. É um espaço muito importante”, afirma.
Interessada em “questionar o mundo e obter respostas”, a jovem Eduarda Pereira Tavares, de 16 anos, decidiu cursar o Médio com ênfase em Linguagens, Ciências Humanas e Sociais na Etec Albert Einstein, na capital, já pensando em fazer a faculdade de Jornalismo daqui a alguns anos.
Ela e os colegas ainda têm um pouco de receio com as mudanças curriculares, temem que a opção por uma área possa significar perda de conteúdo em outras, cobradas no vestibular. Mesmo assim, ela está satisfeita. “Eu amo esse curso, era exatamente o que eu estava buscando.”
Acompanhamento estreito
Para garantir que os cursos tenham a qualidade que é característica da instituição, o planejamento é constante e os professores passam por capacitações periódicas. “O acompanhamento do Centro Paula Souza é bem estreito”, resume a diretora da Etec Albert Einstein, Silvia Petri Dalla Nora. “Esse curso foi uma boa surpresa.”
O diretor da Etec de Cafelândia, Antonio Carlos Ottoboni de Oliveira, também está satisfeito com a implementação da nova modalidade e destaca a mudança na forma de ensinar e aprender. “Não faz mais sentido termos um professor à frente e alunos passivos, decorando coisas”, diz. “Agora, o professor é um guia e o estudante tem muito mais responsabilidade sobre seu aprendizado.”
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