O evento acontece no canal do Youtube da Secretaria de Cultura de Hortolândia no dia 02 de março.
O artista visual e arte-educador Rafael Ghiraldelli promoverá, no próximo dia 02 de março, Terça-Feira, das 19h30 às 21h30, a oficina online “Intersecções entre Histórias em Quadrinhos e Cinema”.
Rafael Ghiraldelli comenta que o workshop é aberto para o público em geral. Nele, objetiva-se discutir “exemplos obtidos de diferentes etapas do processo criativo do curta-metragem e da HQ ‘A última guerra em Canudos’, e apresentar um breve histórico das histórias em quadrinhos e do cinema”. O workshop também expõe “similaridades entre esses dois gêneros de narrativas visuais, apresentando uma série de recursos expressivos compartilhados por essas linguagens. Dentre eles, vale destacar: ângulo e movimento de câmera, enquadramento, luz e sombra, contraste, e paletas de cores”.
A realização do projeto se fez possível por meio dos recursos da Lei Federal Aldir Blanc 14.017/2020, e conta com o apoio da Secretaria de Cultura de Hortolândia, Prefeitura de Hortolândia, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal.
EXPOSIÇÃO VIRTUAL DISTÓPICA
Além do workshop, estará disponível para acesso online e gratuito a exposição virtual DISTÓPICA (https://expodistopica.tumblr.com/). Nela será possível conhecer os trabalhos selecionados de pintura em suporte digital, criados por Rafael. A temática dessas obras também diz respeito a distopias – embora numa toada diferente daquela abordada na HQ “A última guerra em Canudos”.
O palestrante indica que “discorrer sobre distopias (isto é, sobre ’maus lugares’, etimologicamente falando) é algo natural para mim, já que o referido tema faz parte de meu trabalho artístico desde a realização do curta-metragem ‘A última guerra em Canudos: a barganha‘ em 2015”, e segue, analisando que “além da HQ que se originou desse filme, realizei outros projetos de curtas-metragens que também tiveram circulação em festivais nacionais de cinema e que abordam lugares e/ou situações distópicas variadas”.
SERVIÇO
Oficina online + exposição virtual DISTÓPICA: “Intersecções entre Histórias em Quadrinhos e Cinema”
Data: 02 de março
Horário: das 19h30 às 21h30
Evento Gratuito
Classificação Indicativa: 12 anos
Participe através deste link na data e horário indicados acima: https://www.youtube.com/c/SecretariadeCulturadeHortolândia. Após o evento de estreia, o público será direcionado para um segundo link no qual ocorrerá uma breve live (30 min de duração) com o palestrante Rafael Ghiraldelli, visando esclarecer dúvidas sobre o conteúdo apresentado no workshop.
Acesse também a exposição virtual DISTÓPICA (em caráter duradouro e gratuito): https://expodistopica.tumblr.com/
SOBRE RAFAEL GHIRALDELLI
Rafael Ghiraldelli é Bacharel – e atualmente mestrando – em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (IA / Unicamp). Atua como artista visual, arte-educador e ilustrador freelancer nas cidades de Hortolândia, Campinas e região, além de trabalhar com poéticas voltadas à fotografia, videoarte, animação 2D e pintura. Dirigiu o curta-metragem experimental “A última guerra em Canudos: a barganha” (2015), onde teve a oportunidade de divulgar seu trabalho em mostras de cinema do Brasil todo, além de continuar a narrativa em questão através de uma webcomic publicada desde 2018, em: https://augec.tumblr.com/.
Outros de seus curtas foram: “Estado-Violência” (2016), uma animação sobre a repressão policial tomando conta das ruas; “#lovegoals//~beta_version” (2018), onde se estabelece o Estado teocrático; e, “Contravozes”, que lida com a falta de privacidade em cidades hipervigiadas. Este último projeto foi contemplado pelo edital do Prêmio Estímulo à Realização de Curtas-metragens de 2019 do Programa de Ação Cultural (ProAC) da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, e está em fase de pós-produção, com lançamento previsto em festivais de cinema deste ano.
ENTREVISTA COM RAFAEL GHIRALDELLI
O workshop explora a história em quadrinhos e o cinema desde seus primórdios. Acredita que esta pode ser uma forma para que novos leitores e espectadores se apaixonem por estas artes?
R: Certamente. Creio que compreender as origens históricas de determinadas linguagens artísticas permite desmistificar a ideia de que fazer arte é um privilégio para poucos talentosos. Vale-se muito da ideia de “dom” para explicar de onde vem a inspiração para se fazer arte. Mas, na verdade, ela é resultante dos esforços combinados de muitas pessoas que desenvolveram técnicas, temas e ferramentas antes de nós. Referenciamos suas pesquisas e suas obras artísticas em nossos trabalhos o tempo todo, mesmo que de forma indireta. Assim sendo, conhecer os fatos históricos que levaram à consolidação da forma das HQ’s e do cinema como os conhecemos atualmente é uma forma de humanizá-los perante um público que deseja criar suas próprias histórias ao invés de só consumi-las dentro dos parâmetros hegemônicos impostos pela indústria do entretenimento.
Quais artistas (tanto no cinema quanto nos quadrinhos) que te influenciaram?
R: São tantos que não tenho como enumerá-los de uma só vez! Vale mencionar artistas cujos trabalhos têm me impactado mais atualmente, em decorrência das pesquisas que venho feito em torno da ideia de distopia. Em especial, os brasileiros. Tem o Mario Cau, que tem feito os desenhos de uma HQ realizada em parceria com o escritor Lucas Oda e intitulada “Monstruário”, que é incrível. A história se passa em um mundo no qual se escolhe (e se cataloga oficialmente) um monstro para lhe acompanhar por toda a vida adulta, com base em algum medo. Tem também narrativas ilustradas por artistas tais como Digo Freitas (Trilogia “Tinta Fresca”), Rômulo Alexis (“Anjo da Violência”), Mary Cagnin (“Black Silence”), Guilherme Petrarca (“Ogiva”), Magenta King, entre muitos outros, que se passam, em alguma medida, em contextos distópicos variados.
Qual a importância da cultura, principalmente em momentos como os que vivemos hoje em dia?
R: Cultura é essencial para a nossa sobrevivência. Em um contexto histórico-social como o nosso, atravessado pelo advento da pandemia de Covid-19 e pela necessidade de observar o isolamento social, creio que isso se tornou mais evidente para muitas pessoas. Contudo, ainda há muitos estereótipos voltados contra os trabalhadores da cultura como um todo. E isso é algo que vale tanto para artistas como para os demais envolvidos na cadeia produtiva de cultura de todo o país – como é o caso, por exemplo, de técnicos e produtores culturais cujos esforços abrangem tanto o trabalho feito no palco como nos bastidores. Espero que iniciativas fomentadas por recursos advindos da Lei “Aldir Blanc” possam fazer as pessoas se conscientizar minimamente do trabalho que dá fazer arte. Envolve, na maioria das vezes, muito mais transpiração do que inspiração propriamente dita. Mas o resultado, de todo modo, acalanta, eleva o espírito humano para além das preocupações suscitadas pelas demandas utilitárias e imediatas do dia-a-dia.
Como foi a concepção para o workshop? Tanto na questão de captação de recursos, pesquisa para roteiro e gravação.
R: Trata-se de um projeto cuja pesquisa já se encontrava encaminhada há tempos, tendo em vista que me dedico a estudar a história das histórias em quadrinhos e do cinema desde o momento em que iniciei minha graduação em Artes Visuais pela Unicamp em 2013. Em outras palavras, a ideia da aula como um todo já existia, motivada pela pesquisa histórica realizada por autores quadrinistas tais como Will Eisner e Scott McCloud, e se consolidou ainda mais no instante que me deparei com a ideia de distopia como um possível recorte temático. Contudo, nunca tive a oportunidade de realizar um registro em vídeo que me fosse satisfatório. Os recursos que me permitiram fazê-lo, enfim, vieram por intermédio de um edital formulado pela Prefeitura Municipal de Hortolândia com vistas à concretização de atividades culturais em caráter online. São recursos oriundos, em primeiro lugar, de repasses feitos a Estados e munícipios do país todo pela Lei Federal “Aldir Blanc” 14.017/2020. Logo, inscrevi a proposta do workshop, e tive a felicidade de ser selecionado pela Secretaria de Cultura da cidade para colocar essa ideia em prática. Também aproveitei a ocasião para conectar determinados assuntos abordados pelo workshop com meu processo criativo enquanto quadrinista, já que utilizo diversos exemplos extraídos de minha HQ autoral “A última guerra em Canudos” como pontos de partida para explicar determinados ângulos de câmera e enquadramentos, dentre outras questões de caráter expressivo.
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