A jabuticaba contém, em sua casca, propriedades que, ao serem inseridas na formulação de um suplemento alimentar, trazem benefícios para a saúde, podendo ser eficazes no controle do peso e utilizadas para prevenir doenças, entre as quais a inflamação da próstata. Esta é a aposta da startup Rubian Extratos, graduada pela Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp) e que licenciou, recentemente e em caráter não exclusivo, uma composição de extrato da casca da jabuticaba, para administração oral, desenvolvida na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp.
A nova composição contém propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, com eficácia no combate ao aumento do colesterol e à multiplicação de células cancerígenas, além de dispor de capacidade para modular o metabolismo hormonal e de glicose. Dentre os resultados alcançados nos testes laboratoriais, estão ainda o auxílio na perda ou não ganho de peso e na prevenção da inflamação da próstata. “A Rubian está trabalhando na implantação desta tecnologia através do desenvolvimento de um produto classificado como Suplemento Alimentar, que deverá atender requisitos específicos determinados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e outros órgãos competentes”, afirma Eduardo Aledo, sócio fundador da empresa.
Buscando fornecer um suplemento alimentar para farmácias de manipulação e uso industrial (com modelo de negócio ancorado no Business to Business, ou B2B), Aledo conta que o produto deve chegar ao mercado até meados de 2020. Além da autorização dos órgãos regulatórios, ainda é necessário o desenvolvimento do processo em maior escala, assim como a realização de estudos toxicológicos e de embalagem. O intuito é que o produto seja oferecido de maneira segura ao consumidor final. “Existe todo um processo com metodologias científicas com o objetivo de se prover eficácia com total segurança aos usuários”, completa.
A tecnologia foi desenvolvida pelo professor Mário Roberto Maróstica Júnior, da Engenharia de Alimentos, em conjunto com a professora Valeria H Alves Cagnon Quitete. “O grande diferencial desta tecnologia se baseia no aspecto nutracêutico do produto. Existem medicamentos que combatem a obesidade e câncer de próstata, mas os efeitos colaterais nem sempre são desprezíveis. Nosso extrato, nos estudos realizados em escala laboratorial, mostrou excelente eficácia e não evidenciamos efeitos colaterais”, comenta o docente. A não-toxicidade, a ausência de efeitos colaterais nos testes in vivo e a obtenção de um extrato padronizado com dois bioativos são pontos positivos da tecnologia.
Aledo destaca duas principais motivações para o licenciamento: a qualidade de vida que o produto pode oferecer e o baixo impacto ambiental, uma vez que os bioativos naturais são obtidos por meio de processos limpos. O produto que está sendo desenvolvido pela startup busca também trazer benefícios ambientais, uma vez que utilizará a casca da jabuticaba que seria descartada pela indústria alimentícia. “Neste projeto, em particular, iremos utilizar o resíduo da indústria de sucos e geleias como fonte de matéria-prima para o processo extrativo. São vários elementos que, no conjunto, enriquecem a proposta de valor para nossa sociedade”, defende Aledo.
O grupo de pesquisa do qual Maróstica é membro tem estudado os ativos da jabuticaba há uma década, analisando as demandas e tendências do mercado de saúde e bem-estar. “Sempre estivemos atentos às novas tendências do mercado de alimentos funcionais, visando o público consumidor que se preocupa com o papel dos alimentos na saúde”, aponta o docente.
Também participaram do desenvolvimento da tecnologia, que contou com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), os pesquisadores Valéria Alves Cagnon Quitete, Celina de Almeida Lamas, Sabrina Alves Lenquiste, Félix Guillermo Reyes, Patrícia Aparecida Campos Braga e Andressa Mara Baseggio.
Anteriormente a este licenciamento, a Rubian, que atua no desenvolvimento de produtos e processos inovadores na área de bem-estar e saúde, também efetuou a transferência de um processo de obtenção de óleo de urucum e de um processo de extração de compostos bioativos do bagaço de maracujá. Ambas tecnologias foram desenvolvidas na Unicamp e já passaram pelo Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da Fapesp, na fase 1. A iniciativa tem, entre suas contribuições, o papel de apoiar a pesquisa em Ciência e Tecnologia como instrumento para promover a inovação tecnológica e aumentar a competitividade das pesquisas empresas.
Para mais notícias, eventos e empregos, siga-nos no Google News (clique aqui) e fique informado
Lei Proibida a reprodução total ou parcial, sem autorização previa do Portal Hortolandia . Lei nº 9610/98