A Síndrome de Tourette é uma doença caracterizada pela presença de tiques, simples ou complexos, que podem ser definidos como movimentos anormais, crônicos, breves, rápidos, súbitos, sem propósito e irresistíveis. São exacerbados, principalmente, por situações de ansiedade e tensão emocional. Frequentemente, a Síndrome de Tourette pode estar associada com outras doenças neuropsiquiátricas, como o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
De acordo com André Sobierajski dos Santos, especialista em Neurofisiologia Clínica e membro da Academia Brasileira de Neurologia, alguns dos tiques motores simples mais frequentes são o piscar dos olhos, desvios do globo ocular, caretas faciais, movimentos de torção do nariz e boca, estalar a mandíbula, trincar os dentes, levantar os ombros, movimento dos dedos das mãos, chutes, tensão abdominal e sacudidelas de cabeça, pescoço ou outras partes do corpo.
Já os tiques motores complexos mais encontrados são os gestos faciais, estiramento da língua, bater palmas, atirar ou jogar um objeto, empurrar, tocar as pessoas ou coisas, pular, bater o pé, agachar-se, saltitar, dobrar-se, rodopiar ao andar, girar, retorcer-se, lamber, bater em partes do corpo, outras pessoas ou objetos, beijar, arrumar, beliscar, escrever a mesma letra ou palavra, retroceder sobre os próprios passos, bater com a cabeça e morder.
“Muitos pacientes relatam que fazem o movimento para reduzir uma urgência que sentem de querer movimentar uma parte específica do corpo. Uma vez que os tiques aliviam o desejo, isso pode ser considerado gratificante, e a repetição desse comportamento pode perpetuar o tique como um hábito”, explica André Sobierajski.
A Síndrome de Tourette costuma se manifestar pela primeira vez antes dos 18 anos de idade, normalmente entre os 4 e 15 anos, e apresenta uma tendência de melhora com o avançar da idade. “Em termos de curso clínico, os tiques desaparecem na vida adulta em aproximadamente metade dos pacientes, melhoram parcialmente em 40 a 45% dos casos, e permanecem em apenas 5 a 10%”, conta o especialista.
Diagnóstico e tratamento – Síndrome de Tourette
O diagnóstico é eminentemente clínico, dado que atualmente não existe nenhum teste laboratorial específico que confirme a doença. Existem, no entanto, critérios para sistematizar e facilitar o diagnóstico, tais como:
- Presença de múltiplos tiques motores e de um ou mais tiques vocais em algum momento, embora não necessariamente ao mesmo tempo;
- Os tiques ocorrem muitas vezes ao dia (geralmente em ataques) quase todos os dias ou intermitentemente durante um período de mais de 1 ano;
- O início dos sintomas ocorreu antes dos 18 anos de idade;
- A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância psicoestimulante ou de uma condição médica.
“Devido às notáveis implicações socioculturais e educacionais relacionadas a esta doença, é importante que o tratamento seja instituído o mais rápido possível, a fim de minimizar ou evitar danos ao paciente”, destaca André.
A escolha do tipo de tratamento deve ser apropriada para cada portador, podendo incluir abordagens farmacológicas e psicológicas. Esta última é de grande importância, uma vez que, além do tratamento psicoterápico do paciente, orienta pais, familiares e pessoas próximas sobre as características da doença e o melhor modo de lidar com o paciente diante dos tiques.
A Síndrome de Tourette não tem cura, sendo assim, o tratamento farmacológico é utilizado apenas para o alívio e controle dos sintomas apresentados.
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