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Diagnóstico do glaucoma desaba em Campinas e RMC

O dia nacional de combate ao glaucoma (26) traz um alerta para Campinas e região metropolitana. O número de consultas de diagnóstico e acompanhamento do glaucoma com exames de tonometria, fundoscopia e campimetria pelo SUS (Sistema Único de Saúde) na pandemia foi reduzido em 96% em relação ao período pré pandemia de covid.

De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier, a situação é muito preocupante. Isso porque o glaucoma é a maior causa no mundo de perda irreparável da visão.  O especialista afirma que o tipo neovascular é o que mais causa cegueira. Pior: Está associado ao diabetes e à hipertensão arterial que atualmente atingem respectivamente 9,14% e 26,34% da população segundo o Ministério da saúde.

Levantamento exclusivo da equipe do oftalmologista no Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS que agrega todas as secretarias de saúde do País mostra que no período pré pandemia, entre março de 2018 e dezembro de 2019, o SUS realizou 737 consultas de diagnóstico e acompanhamento do glaucoma em Campinas e região metropolitana.  De março de 2020 a dezembro de 2021 foram 30, uma redução de 96%, ou 707 atendimentos.

O comparativo da situação regional e nacional mostra que  mesmo período de pré pandemia foram realizados 715,5 mil atendimentos no País  e 581 mil na pandemia, uma redução de 23%.

O oftalmologista esclarece que esta queda teve duas causas: a restrição dos hospitais para receber pacientes durante a pandemia e o medo da população de se contaminar. “O atendimento na Fundação Penido Burnier, braço social do hospital que atende pelo SUS estava liberado pelas autoridades por ser o único estabelecimento especializado em oftalmologia da cidade, mas a equipe ficou parada no período da pandemia. Significa que os cuidados com a visão ficaram represados”, afirma Queiroz Neto. A boa notícia é que nos três primeiros meses de 2022 já foram realizados 18 atendimentos pelo SUS em Campinas, o que aponta início da retomada dos atendimentos. O maior problema da doença é que não existe tratamento para recuperar a visão perdida. Por isso, o acompanhamento é essencial.

O oftalmologista explica que o glaucoma é decorrente de enfermidades que dificultam o escoamento do humor aquoso, líquido que preenche o globo ocular. Isso leva ao aumento da pressão intraocular, comprime o nervo óptico, causando a degeneração e morte de suas células.

Geralmente surge a partir dos 40 anos, mas pode surgir em bebês quando ocorre má formação do ducto de escoamento do humor aquoso. No Brasil atinge 2,5 milhões de pessoas ou 3% dos que já passaram dos 40, podendo ter prevalência de 7,5% aos 80. Queiroz Neto conta que metade chega à primeira consulta quando já perdeu a visão de um olho ou mais de 40% dos prolongamentos do nervo óptico que conduz as imagens captadas pelo olho ao cérebro.  “O problema é que o custo do tratamento é três vezes maior quando já chegou a este estágio e a visão periférica perdida não é recuperada” comenta.

Grupos de risco

Quanto mais avançada a idade, maior o risco de desenvolver a doença. O oftalmologista ressalta que  o glaucoma é  também mais frequente em asiáticos por terem a câmara do olho estreita, afrodescendentes e pessoas com miopia superior a 6 dioptrias. “Na maioria das pessoas a causa é desconhecida, mas para quem tem casos na família o risco é seis vezes maior.  “São causas bem conhecidas o diabetes e hipertensão arterial mal controlados. Podem causar o glaucoma neovascular que praticamente dobra a chance de cegar”, salienta. Também devem prestar atenção quem faz tratamento contínuo com corticoide, antidepressivo e medicamentos para inibir o apetite que podem aumentar a pressão intraocular.

Tratamento

Nove em cada 10 brasileiros com a doença têm glaucoma primário dde ângulo aberto O tratamento é feito com colírios que controlam a pressão interna do olho, mas deve ser contínuo e o acompanhamento médico periódico é bastante importante. Para quem tem o glaucoma de ângulo fechado Queiroz Neto afirma que a aplicação de laser tem melhor resulta. “Neste mesmo grupo, há casos em que a cirurgia de catarata libera do uso de colírio, embora não aconteça com todos. O especialista ressalta que o essencial é usar o colírio de forma correta para evitar a perda da visão.

As dicas do médico para garantir o tratamento são:

·         Lave as mãos antes de aplicar o colírio.

·         Verifique no frasco se é recomendado agitar o produto antes de usar.

·         Incline a cabeça para trás.

·         Flexione a pálpebra inferior com o indicador. 

·         Com a outra mão segure o dosador.

·         Coloque o medicamento sem relar no bico dosado, evitando a contaminação.

·         Pressione com o polegar o canto interno do olho para reduzir efeitos colaterais.

·         Feche os olhos por 3 minutos para garantir o efeito.

·         Se usar lentes de contato retire-as antes da aplicação.

·         Recoloque as lentes de contato depois de 10 minutos da aplicação.

·         Em caso de prescrição de mais de um colírio aguarde 15 minutos entre um e outro.

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