Saúde & Beleza

Cigarros eletrônicos e os riscos provenientes

Você conhece os riscos relacionados ao uso de cigarros eletrônicos? Já ouviu alguém comentar que esses dispositivos são uma versão ‘menos pior’ dos cigarros convencionais? A coluna Acontece Saúde conversou com o dr. Paulo Corrêa, coordenador da Comissão de tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, que fala aqui sobre alguns mitos e verdades acerca do assunto.

“Os cigarros eletrônicos não são ‘bonzinhos’, eles não são só vapor de água. Nos cigarros eletrônicos foram encontradas quase duas mil substâncias químicas”, inicia Paulo Corrêa.

De acordo com ele, “o cigarro é uma caderneta de poupança de doenças” e quando diz isso se refere aos mais diversos formatos em que a nicotina pode ser encontrada, inclusive os dispositivos vaporizadores.

Desde 1950 vários estudos vêm se aprofundando na relação entre o tabagismo e as doenças provenientes desse hábito, Desde essa época foi evidenciada a correlação entre fumar e o câncer de pulmão, sendo a doença mais comum em pessoas que possuem o vício.

Além das possibilidades de câncer, existem outras doenças relacionadas ao tabagismo. Paulo Corrêa pontua que a lista é extensa: AVC (doença cerebrovascular), doença cardiovascular, angina, DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), infarto, entre outras.

No caso dos dispositivos eletrônicos há ainda riscos extras: “Eles favorecem e são risco às mesmas doenças provocadas pelos cigarros convencionais, acrescido dos problemas relacionados à forma como o aerossol é produzido. Existem metais como níquel, latão e cobre que são inalados junto com o aerossol de nicotina e outras substâncias, e esses metais trazem riscos próprios”, afirma o especialista.

Como exemplo do risco, Paulo Corrêa fala sobre a evidência de que o níquel é de duas até cem vezes maior no sangue de pessoas que utilizam o cigarro eletrônico em detrimento do cigarro tradicional, o que se caracteriza como uma questão de alerta, uma vez que o níquel já foi, comprovadamente, identificado como uma substância cancerígena para seres humanos.

Vale ainda mencionar um risco específico que é gerado a partir do uso de cigarros eletrônicos: a Evali, doença respiratória aguda grave, também associada à dependência química causada pelos dispositivos.

“A Evali ficou em grande parte eclipsada pela Covid-19, já que suas manifestações clínicas e também tomográficas são bastante sobreponíveis. A única diferença é que quando o médico faz o exame para Covid ou para influenza dá negativo, e ao perguntar para o paciente se usou cigarro eletrônico, descobre que sim. Então, a gente não tem um monitoramento de Evali no Brasil”.

Ele aponta que apesar de a doença não ser facilmente identificada, os riscos causados são sérios: “Tem pacientes que foram transplantados de pulmão, e pode levar mesmo à morte”. Por fim, faz mais uma consideração importante acerca da indústria dos cigarros eletrônicos. Destaca a apropriação do discurso de redução de danos, por parte dessa indústria, em prol do aumento das vendas e, portanto, dos lucros. Porém, a redução de danos não encontra embasamento na literatura médica. Assim, não há redução de danos quando mencionamos os dispositivos eletrônicos.
Paulo Corrêa finaliza: “Cigarro eletrônico é cigarro. Cigarro tem riscos e cigarro eletrônico não reduz os riscos, ele produz riscos próprios”.

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