Coluna

Imposto e quase indefensável

São as duas únicas certezas da vida: a morte e os impostos. Contra ambos não há o que se fazer, apenas esperar, minimizar seus efeitos, torná-los menos dolorosos ou mesmo honrá-los para serem dignos. Quanto à morte, assumimos que isso é quase natural. O problema são os impostos, que existem desde que se registra a presença humana neste planeta como sociedade e não evoluíram quanto a eventual dignidade associada.

Quando é iniciado um avanço na retomada da produtividade do etanol para baixar um pouco o preço do combustível na bomba, o (des)governo dispara um aumento de imposto (PIS/Cofins), querendo que a população entenda que nada tem a ver com a compra de deputados, e, sim, com a crise; é claro que não se menciona que a crise foi criada e alimentada pelos próprios atuais ocupantes do Palácio do Planalto. Vimos que os proprietários dos postos não esperaram para que a nova alíquota fosse cobrada e majoraram os preços dos combustíveis poucas horas depois do anúncio. Os poucos que retardaram o maior lucro viram filas enormes de veículos em seus estabelecimentos, em triste lembrança dos anos 80 com as crises de desabastecimento. Falta agora somente a fila para comprar leite.

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A vida urbana é centrada no deslocamento de pessoas e de bens de consumo. A movimentação é principalmente realizada com motores de combustão interna, precisando dos líquidos vitais originários das refinarias e canaviais. Como consequência direta da insanidade governamental, alimentos básicos – como o arroz – já têm seus preços aumentados, o que, curiosamente, não está levando à indignação que tomou ruas tempos atrás.

Um juiz diz que a cobrança do imposto é ilegal e suspendeu sua cobrança, mas a mesma Justiça também aumenta seus próprios salários de forma exacerbada. Difícil acreditar em um poder cada vez mais forte, não eleito, e cada vez mais longe da realidade suada do povo brasileiro. O tal ditado que fala daquilo que vem da cabeça do magistrado está tornando as fraldas de bebês comparativamente muito limpas.

Adilson Roberto Gonçalves, pesquisador no IPBEN-Unesp de Rio Claro

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