Coluna

Eleições e a responsabilidade política

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Ano de eleição e mais uma vez nos deparamos com características típicas desse período no Brasil, os candidatos se preparam, organizam suas campanhas e desenvolvem suas coligações, até ai tudo bem, a discussão que quero levantar está nos candidatos que já exercem seus mandatos e querem se reeleger ou galgar candidaturas em outros cargos políticos. Existe a ansiedade e preocupação misturada com conservadorismos pra que se ganhe nas urnas, compreensível até, porém o eleitor tem como obrigação analisar as situações que transcorre uma disputada e o afeta como cidadão.

A campanha através de propaganda que se deu início esse mês não pode ser levada em consideração como início de planejamento, as campanhas pelos bastidores vem há tempos, desde o momento onde oposição já acena com possíveis candidatos e o ataque ao atual governo se inicia, nesse momento já há disputa partidária e os mecanismos de defesa já estão sendo articulados. Podemos considerar sem nenhuma dúvida que os candidatos nessas condições em pleno mandato dividem suas atenções, suas responsabilidades e suas capacidades de gestão entre o atual e o em disputa, sendo assim deveríamos ser muito mais criteriosos ao analisar seus comportamentos como planos de governo atual e como conseqüência futura. Como cidadão-político, acredito que deveríamos ser mais atuante, deveríamos questionar atitudes temporárias de administração que priorizam os bons números na capa do jornal e que não trazem uma estrutura que permita longevidade, ou seja, que independente do partido ou candidato vencedor nas urnas, poderá sim dar continuidade num projeto que foi pensado em médio á longo prazo.

Utilizarei como exemplo a situação da falta de água em São Paulo e as formas que o atual governo juntamente com a Sabesp vem administrando e conduzindo a situação. Com o conhecimento de todos aqueles que acompanham os noticiários, o nível de água no sistema Cantareira vem reduzindo com o passar dos anos, por motivos climáticos naturais sem dúvida, aliado a uma falta de planejamento de alternativa para que esse cenário fosse revertido. Esse ano de 2014 presenciou o ponto mais crítico na história já relatada, a estiagem em São Paulo tirou o rótulo de atenção ao governo, para ser um motivo de alerta para todos os cidadãos que contribuem direta e indiretamente para essa situação.

Minha crítica está direcionada a duas frentes, proporcionalmente responsável por todo o desdobramento desse racionamento iminente que afetará São Paulo num futuro próximo caso essa realidade não altere.

Primeiramente ao atual governo, antes de tudo deixo claro que não sou a favor de nenhum partido, portanto minha opinião é estritamente imparcial, estou apenas levantando aspectos que ferem o nosso próprio cotidiano. Devido ao ano de eleição o governo adota como estratégia a política de tranqüilizar a população deixando claro que todos os recursos estão sendo utilizados para que não seja afetado o consumo da água em nenhum período do dia, importante ressaltar que essa estratégica é utilizar boa parte da capacidade de reserva de nossos recursos hídricos, ou seja, a última saída em caso de escassez, todo futuro está sendo projetado pelo retorno das chuvas em seu período mais abundante, que esse ano não ocorreu.

Considero mais coerente iniciar uma forte campanha de conscientização, relatando em seu nível real a gravidade da situação fazendo com que a população recicle sua rotina de utilização de água, criando novos hábitos, sendo mais rigorosos com seu consumo, cobrando verbalmente, disciplinando seus filhos, seus vizinhos, aqueles mais próximos a você. Paralelo a isso o governo através de cobranças de taxas de impostos para aqueles que mais utilizam o recurso, com multas para aqueles que ultrapassem um limite estipulado por especialistas como quantidade útil para sobrevivência natural no dia-a-dia, destinando esse acréscimo de orçamento para as estações de tratamento de água como forma de estruturar e criar novos mecanismos de preservação e acúmulo de recursos hídricos para que se tenha disponibilidade e reservas para atender sempre de maneira satisfatória a todos em toda e qualquer situação.

Minha segunda crítica é relacionada a nós, eleitores que nos deixamos levar a essa condição de política superficial que foi nos apresentado como forma de solução de um problema que é crítico, que afeta e que prejudica primeiramente aqueles mais necessitam, pois são os primeiros da lista a serem prejudicados quando optam por um racionamento de precaução. Com toda a articulação que o atual governo manipula as informações para que não seja afetada sua imagem junto aos eleitores, nos pegamos acomodados pelos mesmos comportamentos e muito pouco resistentes a uma mudança significativa de atitude daqueles que nos representam elevando a um patamar muito maior o grau de exigência e o grau de comprometimento para com todos, com planos de governo muito mais estruturados e com respostas muito mais contundentes e com relevância em todos os sentidos como forma de abranger um nível político muito mais satisfatório do que só para alguns meses, ou só por um mandato e sim por todo um período de desenvolvimento de gerações, pensando no hoje, no amanhã e no depois, pensando em todos e não mais em interesses únicos e pessoais.

Aqui deixo uma reflexão para que possamos estimular nosso senso crítico, aprimorar nossas interpretações políticas e sociais, aumentar nossa capacidade de entendimento, sendo mais maduros e assertivos na hora de agir, de cobrar e esperar resultados. É possível sim resistir às tendências, obter mais virtudes, reconhecer seus erros e olhar mais pra frente, um país só inicia uma transformação através de seu povo e sempre com o primeiro passo.

Já dizia Platão “O preço a pagar pela tua não participação na política é seres governado por quem é inferior”.

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