Fãs dirão que a saga de ficção não foi idealizada para contextualizar fatos científicos ou promover a ciência. Em contraposição a outros filmes e séries de sucesso, Star Wars não é aquela que prima por ser baseada na ciência, mas alguns fatos e situações podem ser inferidos e aproveitados, antes mesmo que houvesse, ao menos aqui no sul da América, rótulos como geek, nerd, e outros.
Predominam os aspectos sociais de conflito filho-pai, ditadura-democracia, fé-evidências, adolescente-adulto, que são norteadores dos enredos, com marcante inspiração shekespeareana. No âmbito das Humanidades, é nítido o paralelo com a realidade, por meio da perda do relato histórico, uma vez que guerras e sistemas de governo parecem esquecidos, com surpresas sobre fatos e acontecimentos, uma vez que não deve ter havido documentação ou ela foi perdida.
Há, no entanto, espaço para a questão científica.
A inteligência artificial é apresentada no filme desde o início, contrapondo a confiança em uma unidade R2-D2 com as características quase humanas e de falta de sensibilidade de C-3PO.
As viagens espaciais de longa distância são tidas como corriqueiras a velocidades acima da velocidade da luz. Apesar dessa impossibilidade, o efeito especial da forma de mudança do espaço é semelhante ao que modernamente se especula como “buracos de minhoca”, ainda que no plano puramente teórico.
O fã sempre quer algo a mais de seus filmes prediletos e Star Wars foi até pouco tempo atrás líder nas citações do site moviemistakes.com, que lista os erros de filmes, mostrando não a crítica e, sim, a atenção maior que o filme possui. A cena do stormtrooper chocando-se com o teto da porta metálica foi o mais curtido e as edições em dvd realçaram o som da batida.
Star Wars pode também ser instrutiva por aquilo de equivocado que o filme apresenta, como as explosões sonoras no espaço que, apesar da forte crítica, foram amplamente utilizadas como exemplo da necessidade de meio material para a propagação de ondas de som. No filme, diferentes seres convivem e diferentes linguagens podem ser facilmente entendidas, sendo a cena da cantina em Mos Eisley a mais típica dessa improvável interlocução. Somente no final de 2016, com o filme “A Chegada”, é que o assunto de comunicação intergaláctica passou a ser explorado de forma aprofundada e competente em filmes de ficção científica.
Assim, Star Wars, além do ótimo entretenimento, é uma porta para se deslumbrar com a ciência e também para descobrir o que a ciência não é.
Adilson Roberto Gonçalves, doutor em química pela Unicamp, livre-docente pela USP e pesquisador do Instituto de Pesquisa em Bioenergia da Unesp – Rio Claro
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