Coluna

Das feridas que vêm de dentro

Há momentos em que não se trata de lugares ou paisagens, mas sim de presenças e, sobretudo, de ausências que se revelam no convívio. Refiro-me aqui não à ausência física, mas àquela ausência velada de afeto, de carater, de sinceridade, de verdade. Neste breve escrito, abro mão das fronteiras geográficas (dessa vez não apenas de Hortolândia) para falar de algo mais íntimo e, paradoxalmente, mais universal: a traição daqueles que, um dia, ocuparam o espaço da confiança.

Reconheço, com a lucidez que só o tempo concede, que não sou figura de convivência fácil. Trago em mim os traços de quem observa antes de entregar, de quem pondera antes de se doar. Contudo, aos poucos que lograram ultrapassar os umbrais da minha reserva, ofereci o que há de mais valioso: minha lealdade, minha escuta, meu verdadeiro companheirismo.

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Foi nesse campo de aparente segurança que floresceu a mais amarga das experiências: ser ferido não por um adversário declarado, mas por alguém em quem, ingenuamente, depositei fé. O salmista Davi, em sua poesia sagrada, descreve com precisão esse abalo profundo ao dizer: “Se um inimigo me insultasse, eu poderia suportar (…) mas é você, meu amigo, com quem dividia doces conversas, com quem caminhava até a casa de Deus.”

Tal como ele, experimentei o desencanto que somente a traição íntima pode proporcionar. O golpe, quando vem de mãos conhecidas, não fere apenas a carne dilacera o espírito. E nesse processo de dor e desilusão, compreendi que há vínculos que mais aprisionam que libertam, mais consomem que edificam.

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Contudo, nem tudo se resume à perda. A deslealdade alheia também é mestra silenciosa, pois ensina a discernir sem amargura, a selecionar sem endurecer o coração, a caminhar com mais lucidez ao lado de quem realmente merece estar ali.


Moral da história:
Não é a quantidade de laços que enobrece uma jornada, mas a qualidade dos vínculos que a sustentam. Cercar-se de poucos verdadeiros é, muitas vezes, mais sábio do que se perder entre muitos que apenas fingem estar.

De palavras rebuscadas ao Rap de Racionais:

Dinheiro é bom, quero sim, se essa é a pergunta
Mas dona Ana fez de mim um homem, não uma puta

Por Uberdan Agnelo

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