Por que o Batman, milionário, inteligente, atlético, misterioso e comprometido com a justiça, é notoriamente solteiro, enquanto o Coringa, insano, violento e instável, tem uma mulher que é louca por ele? Essa pergunta, à primeira vista engraçada ou até irônica, revela uma reflexão mais profunda sobre dinâmicas emocionais, romantização da toxicidade e os paradoxos do afeto humano.
Harley Quinn, a parceira do Coringa, é psicóloga de formação. Ela não apenas se apaixona por ele, como abre mão da própria identidade para viver à sombra de um relacionamento marcado por abuso, manipulação e dependência emocional. Isso, claro, não é amor, é obsessão disfarçada de paixão. Mas por que isso fascina tanta gente?
Enquanto isso, Bruce Wayne, o homem por trás da máscara do Batman, vive cercado por interesses românticos ao longo das histórias, mas nunca se entrega totalmente a nenhum. Ele carrega um trauma profundo, um senso de missão que o impede de construir laços afetivos duradouros. E aqui vem o ponto: o herói é solitário porque escolheu o sacrifício em nome de um bem maior.
Talvez essa dicotomia toque num ponto sensível da nossa cultura: nosso fascínio pelo caos. Vivemos num mundo que muitas vezes prefere o escândalo ao silêncio, a intensidade ao equilíbrio, o impulso ao cuidado. E, infelizmente, isso se reflete até na forma como percebemos relações.
A história entre Harley e Coringa é tudo, menos um romance saudável. Mas ainda assim, virou símbolo pop. Já o Batman, com sua solidão e retidão, é admirado, mas raramente desejado.
No fundo, essa indagação revela mais sobre nossos conflitos internos do que sobre os personagens em si. Talvez ainda tenhamos muito a aprender sobre amor, especialmente sobre o amor-próprio, o autocontrole e os limites. E talvez seja por isso que heróis verdadeiros, como o Batman, andem sozinhos.
Porque ser herói de si mesmo nem sempre atrai plateia. Mas salva vidas, inclusive a sua.
por Uberdan Agnelo
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