Na Ilha Grande-RJ dados da violência dispararam nos últimos anos. Em todo o estado, principais tipos de roubo tiveram uma alta de 91,5% de 2010 a 2017. No Acre, número de homicídios aumentou quase 130% em dez anos, o número de mortes no estado aumentou 129,7%, aponta o Atlas da violência divulgado em junho de 2018.
O levantamento do Atlas da Violência 2018 mostrou o Acre como o quarto estado da federação com a maior variação no número de homicídios registrados em dez anos. Roraima teve uma taxa de homicídios registrada em quase 40%. No Rio de janeiro, em 2010, foram registrados 120.300 roubos no estado. Este número chegou a atingir patamares mais baixos em 2011 e 2012, mas, desde então, ficou acima de 2010. Em 2017, porém, atingiu seu auge, quando foram registrados 230.450 roubos, alta de 91,5% em relação ao contabilizado há sete anos.
Estes números mostram uma relação clara entre a violência das regiões mais afastadas das grandes metrópoles do país, a ausência do Estado, e a perda da dignidade humana, que pode levar a uma espécie de justificativa para os ataques de xenofobia que estão sendo praticados nestas regiões. É o que acredita a educadora e ativista social, Débora Braga, que dirige há mais de 30 anos projetos de resgate da dignidade humana no Rio de Janeiro e na Colômbia. Débora Braga – Ativista Dirige projeto Canoário Vera Lúcia Braga em Ilha Grande RJ
“As comunidades residentes na Ilha Grande-RJ, passam por semelhante situação de abandono do Estado Brasileiro. Na Praia da longa, por exemplo, o braço do Estado também não assegura o básico para estes cidadãos existirem de forma digna. O que conseguimos como resultado da consolidação do projeto Canoário é pouco mas nos dá sinais de que se o Estado quiser a realidade poderia ser diferente”, afirma Débora Braga.
A ativista continuou o projeto assistencial, iniciado por sua mãe e realizado há mais de 30 anos na Praia do Longa em Ilha Grande-RJ, localizada a cerca de 1 hora de barco de Angra dos Reis. O projeto ‘Canoário Vera Lúcia Braga’ auxilia crianças da comunidade com atividades de educação, artes e restauração cultural e da dignidade da pessoa humana.
“A verdade é que a Ilha Grande está mais ameaçada que nunca. Niilismo, drogadição, desemprego. As ameaças vêm de todos os lados: turismo invasivo, pesca predatória, pre-sal, entre outros. Todos estes fatores e a ausência completa do Estado fazem com que as pessoas que residem nesta região percam sua identidade, suas raízes, referências e valores. Como educadora, ao longo do tempo, pude perceber a importância que pequenos gestos tem para retomar a dignidade dessas pessoas”, afirma a ativista.
Segundo Débora Braga, em 2017 mais de 30 famílias (200 pessoas) viviam na Praia da Longa, mas o local não dispõe de postos de saúde, ou em caso de ato violento, ou necessidade de vida ou morte a defesa civil não chega a tempo. “A sensação de abandono nesta e em outras comunidades localizadas nos rincões do país é um fator essencial que precisa ser observado de perto por nossas autoridades, sobretudo neste tempo de grande inquietação global em que comunidades estão buscando refúgio fora de seus países de origem”, pondera a ativista.
Ainda de acordo com Débora, ao dotar a comunidade de dignidade e bem-estar o rumo da história pode ser diferente. “Ao longo de todos estes anos, vimos muitas pessoas mudarem de vida a partir do nosso projeto. As crianças cresceram e deram novos rumos às suas vidas. Com certeza se iniciativas semelhantes, sobretudo por parte do Estado, fossem tomadas, não teríamos estes ataques que provam a ausência total de humanidade em nosso país. Ou nos atentamos agora para a realidade destas comunidades ou o Brasil inteiro fracassará enquanto povo”, argumenta.
Débora Braga, tem 57 anos, é natural de São Paulo. É Professora Montessoriana (Especialização na área da educação docente), Pedagoga e ativista pelos direitos da pessoa humana. Há mais de 30 anos dirige o projeto iniciado por sua mãe, a ativista Vera Lúcia Braga, na praia do longa localizada na Ilha Grande-RJ. Também, há nove anos, coordena o mesmo projeto de restauração da dignidade humana na zona cafeeira da Colômbia. Atuou por 12 anos na Multinacional Farmacêutica alemã, Hoechst do Brasil. Presidiu as Associações de Professores, Pais e Alunos – PTA na Westminster School, localizada no México e a PTA da Nicholas School localizada em São Paulo. Fala Francês, Alemão, Inglês, Espanhol e Português.
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