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Região de Campinas tem transporte público precário

O transporte público da Região Metropolitana de Campinas (RMC) é insuficiente para atender as demandas existentes, sendo consequência de um planejamento de mobilidade urbana precário, revela pesquisa de mestrado apresentada por Janini Dias da Silva, realizada no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura, Tecnologia e Cidade, da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FECFAU) da Unicamp.

O estudo cruza diversas informações como renda, local de moradia, acesso a veículos individuais e uso do transporte coletivo para traçar um perfil da mobilidade na RMC, com ênfase nos deslocamentos intermunicipais. A pesquisa contou com a orientação do professor Pedro Perez-Martinez.

Com mais de 3,3 milhões de habitantes, a RMC é a segunda maior região metropolitana do Estado de São Paulo. O dinamismo econômico de seus 20 municípios faz com que ela seja também uma das mais ricas de São Paulo, responsável por 8,9% do Produto Interno Bruto (PIB) paulista, segundo dados do Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado (PDUI) da RMC, elaborado pelo governo estadual. A geração de toda essa riqueza, contudo, tem um custo para a rotina de quem vive na região: rodovias congestionadas, nos horários de pico, associadas a poucas opções de transporte coletivo comprometem a eficiência do sistema.

Para realizar o mapeamento, Janini se baseou na Pesquisa Origem Destino, realizada pela Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos (STM). O estudo divide a RMC em 185 zonas de tráfego – áreas que concentram as mesmas características de deslocamento, tais como local para onde as pessoas se dirigem e se elas vão de carro, moto ou utilizam o transporte coletivo.

Diariamente, são realizadas 4,7 milhões de viagens na região, sendo 107 mil delas intermunicipais. Do total, 72,6% são realizadas por meios de transporte motorizados e 60,2% por meios individuais, isto é, apenas 39,8% das viagens são feitas em transportes coletivos. A pesquisa também mostra a distribuição espacial dessas opções de viagens, por veículo individual ou coletivo. 

Fuga do coletivo

Janini explica que o movimento intermunicipal na RMC é intenso porque Campinas depende da mão-de-obra das cidades vizinhas, e elas dependem dos serviços oferecidos por Campinas. “Porém, o transporte coletivo não é suficiente para isso e as pessoas dão preferência a meios de transporte individuais. O resultado é um trânsito complexo e inseguro”, analisa.

Outra fonte da pesquisa foi o PDUI, instrumento previsto pelo Estatuto da Metrópole (Lei n. 13.089/2015), cujo objetivo é orientar o desenvolvimento urbano, econômico e social das metrópoles de forma integrada. As análises do PDUI da RMC, elaborado em 2018, identificaram inúmeros gargalos, entre os quais o crescimento desordenado das cidades, seguindo eixos que coincidem com as principais rodovias da região, como a Anhanguera (SP-330), a Bandeirantes (SP-348) e a Dom Pedro I (SP-065); um intenso movimento pendular entre municípios; e a predominância do transporte individual sobre o coletivo, consequência de um planejamento metropolitano insuficiente. Esses dados confirmam os resultados mostrados na pesquisa.

Dois aspectos chamaram a atenção de Janini. Inicialmente, fica clara a concentração maior de pessoas que dependem do transporte coletivo na região sudoeste da RMC, nos limites entre Campinas, Hortolândia, Sumaré e Monte Mor. Esses locais coincidem com os eixos das rodovias Anhanguera e Bandeirantes, onde há grande concentração de empresas e, proporcionalmente, a renda dos moradores é menor. “As indústrias se ligam às rodovias para o escoamento de produtos, formando aglomerados urbanos nessas áreas. As cidades se expandem por esses eixos”, pontua. Em contraste, a porção leste da região concentra maior renda e o predomínio de viagens em veículos individuais.

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