ONG, fundada pelo deputado estadual Feliciano Filho (PEN), é acusada de maus-tratos contra animais
O Setor de Proteção aos Animais e Meio Ambiente da Polícia Civil de Campinas (Sepama) encontrou cerca de 40 cães em condições de maus-tratos em um sítio usado como canil da organização não-governametal (ONG) União Protetora dos Animais (UPA), no Jardim Califórnia, na manhã desta quarta-feira (14). Pelo menos dez animais estavam em situação gravíssima, de acordo com a veterinária que acompanhou a ação. Além de fezes e sujeira, cinco filhotes mortos estavam acondicionados em uma geladeira desligada, ao lado de uma sacola com carne moída. Os policiais fiscalizaram o local depois de obterem um mandado judicial. A investigação, que começou depois de denúncias anônimas, corre há pelo menos dois meses. A ONG, fundada pelo atual deputado estadual Feliciano Filho (PEN), utiliza o sítio há pelo menos quatro anos. O local é usado como abrigo para animais enfermos recolhidos na cidade.
A delegada do Sepama, Rosana Mortari, disse que o sítio é inadequado para servir de abrigo pois não apresenta estrutura contra frio e umidade.
“Se chover muito forte, com certeza vai molhar os animais. O isolamento de chão está bem precário mesmo. Nas denúncias, foi dito que filhotes morriam de frio”. Ainda segundo Rosana, a ração está armazenada em local inapropriado. “O tambor da ração é muito grande, pode ter comida velha no fundo”. A delegada afirmou também que a poucos metros do sítio existe uma nascente de água, onde são lançados os dejetos dos animais. “Já foi constatado um crime ambiental. A urina e as fezes contaminam a água. Eles construíram uma calha que desemboca na nascente”.
Os animais encontrados mortos seriam vítimas de parvovirose canina. Segundo a veterinária Renata Croce, que acompanhou a ação, a doença é altamente contagiosa. “Os exames laboratoriais para saber se os animais morreram mesmo de parvovirose ficam prontos amanhã. Esses filhotes nunca poderiam ficar em uma geladeira desligada. Eles poderiam sim ficar, por pouco tempo, em um freezer ligado, antes de serem enterrados ou incinerados”. De acordo com o cuidador do canil, Luís Eduardo Silva, os animais estavam la há dois dias.
Maus-tratos
Ainda segundo Renata, o canil tem cães com ferimentos graves, como perfuração de olho e saco escrotal aberto. Não foram encontrados prontuários com a situação da saúde dos animais, tampouco medicamentos adequados. A veterinária disse que o local tinha remédios, soro fisiológicos e ampolas de injeção com data de validade vencida.
O local não foi lacrado por não ser da competência da polícia civil, mas a Vigilância Sanitária foi acionada. No entanto, o órgão não compareceu hoje ao local. Feliciano acompanhou os policiais e disse que a investigação é uma “ação política”. “Essa denúncia tem 100% cunho político, e eu vou provar”. Ainda segundo o deputado, o local é provisório, apesar de os animais estarem lá há quatro anos. O parlamentar disse ainda que os animais são bem tratados e que veterinários vão todos os dias ao local.
Em entrevista à Rádio CBN, o deputado Feliciano disse na tarde desta quarta-feira (14) que não é presidente da UPA, mas fundador. Afirmou, ainda, que ficou preocupado quando soube da notícia e que correu para o local para averiguar o que estava acontecendo.
Disse que havia três cães em fase terminal e que eles morreram, apesar de todo o cuidado dispensado, referindo-se aos animais achados em geladeira.
“Não é verdade que (os animais) estão em situação de maus-tratos”, pontuou, apesar das imagens colhidas e divulgadas hoje por diversos órgãos da imprensa.
Segundo Feliciano, “essa denúncia tem motivação política e qualquer pessoa está convidada a visitar o canil”. Em relação a este último aspecto, o Correio.com recebeu um comentário falando sobre o assunto.
O internauta, identificado como ‘pensador’, postou às 12h02: “Muito engraçado. Sou contribuinte da UPA há bastante tempo e nunca deixaram a gente saber onde ficavam os animais abrigados”.
Para o deputado houve sensacionalismo e abuso por parte da polícia, que estourou um cadeado. A fiscalização, entretanto, foi feita com mandado judicial.
No final da entrevista, Feliciano disse que “a polícia deveria ter informado de que iria fiscalizar (a ONG)”.
Fonte: Correio Popular (RAC)
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