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Workshop de contação de história enfoca a arte de ensinar brincando

Oficina do Projeto Férias da Prefeitura reúne educadores, artistas, pais, responsáveis e curiosos em torno da arte narrativa

Workshop de Contação de história

Viver em mundos imaginários como princesa ou príncipe, cavaleiro que enfrenta monstros e dragões, fazer novos amigos e aprender a vencer desafios, internos e externos. Tudo isso e muito mais, que povoa o mundo da imaginação desde o tempo dos nossos avós e reaparece nas histórias da Carochinha, tem muito a ensinar, não apenas às crianças, mas a todos os que têm o coração aberto para ouvir e vontade de (re)aprender a ser humano.

Foi este o tema do Workshop de Contação de História que a Prefeitura de Hortolândia, por meio da Secretaria de Cultura, promoveu dentro do Projeto Férias na tarde de sábado (20/07), no auditório da Biblioteca do CAIC, no Jardim Amanda. Gratuita, a oficina conduzida pelo pedagogo e professor de crianças e adultos na arte de cantar e contar histórias, Ale Carmani, reuniu 23 participantes adultos (educadores, artistas, trabalhadores da área cultual, pais, responsáveis e curiosos), além de duas crianças na casa dos 2 anos de idade.

Realizado em parceria com o projeto Oficinas Culturais, do governo do estado, e a OS (organização social) Hilda Hilst, o workshop buscou mostrar a biblioteca como espaço lúdico, de lazer e leitura, de inclusão digital e aquisição de conhecimento, segundo Anderson Zotesso, agente cultural da Administração. Outra intenção da Secretaria de Cultura foi mostrar a contação de história como ferramenta de desenvolvimento da imaginação e criatividade, tanto dos contadores das narrativas, quanto dos pequenos e grandes ouvintes.

“A vida é feita de histórias. A gente não vive sem elas”, explica Carmani, que usa instrumentos musicais, como violão e flauta, e os mais diversos objetos e acessórios disponíveis no local para preparar e contar suas narrativas, capazes de envolver adultos e pequeninos nesta maneira de aprender brincando. Multifacetado, o artista é produtor, compositor, músico e professor no projeto “Era Uma Vez Uma História Contada Outra Vez”, realizado entre 2010 e 2012 pela Unicamp (Universidade Estadual de campinas), UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e UFG (Universidade Federal de Goiás), em parceria com o Laborarte (Laboratório de Estudos sobre o Ensino da Arte), a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e o Ministério da Cultura. O projeto resultou em CD e workshop voltados à capacitação em história contada.

“Através do lúdico, de objetos que uso nos dedos, uma canetinha, a criança pode decidir que decisão tomar: ‘Quando a minha mãe estiver assim, vou fazer assado, porque o bichinho lá se deu mal!’ Isso para mim é o mais mágico e o que me impele a mergulhar cada vez mais nestes aspectos que colaboram com o desenvolvimento da criança em aspectos como a fala, a formação do vocabulário, o início da construção de frases. Quando a história dá suporte, com o hábito de contá-la todo dia ou naquele dia da semana, no período em que a criança sabe que vai acontecer, tudo isso junto com a repetição vai dando vocabulário para a criança, ensinando-a a falar palavras para se reconhecer. Por exemplo, uma história bem descritiva, de conteúdo simples, faz com que conheça o corpo dela e perceba que tem um mundo para fora dela e amenize a dor da separação”, acrescenta.

Apaixonado pelo ofício, Carmani aponta outros aspectos em que a contação de histórias tem papel relevante a desempenhar para o crescimento da imaginação e o desenvolvimento da criança. Um deles é o que chama de “capacidade de se preparar para ter um futuro escolar mais inteligente”. Segundo ele, “a imaginação, o enriquecimento do vocabulário, as vivências virtuais (que a criança elabora na cabeça dela e a coloca dentro de paradigmas do que vai ser), situações morais de caráter e a construção deste vão sendo lapidadas através da história porque elas trazem muitas situações diferentes, tais como rancor, sentimento de vingança, pena, incapacidade. Ela faz uma espécie de vivência simulativa disto”.

Outro ponto é a educação da escuta, o silenciar para prestar atenção. O hábito cotidiano da contação pode estimular a criança a levar este ritual para outras atividades como as obrigações de recolher roupa, escovar os dentes ou guardar brinquedos. Há também as vertentes de histórias curativas, que por meio de metáforas, pode ajudar aquelas que estejam machucando os amigos e colegas com mordidas e outras agressões. Tudo feito com muito tato para evitar identificação e agravamento do caso.

Recém-contratada para a rede municipal de educação de Hortolândia, via concurso público, a professora Joselândia Mendes Pereira foi escalada para trabalhar com turmas da Educação Fundamental, do 1º ao 5º ano. Mãe de gêmeas de 1,8 ano de idade, diz que participar do workshop “foi gratificante pessoal e profissionalmente”. Interessada em usar esta ferramenta em sala de aula, revela que já se questionava a respeito de como trabalhar com crianças pequenas, como usar a expressão facial, a entonação e as artimanhas do faz de contas. “Vi que há vários recursos para trabalhar. Ele deu muitos toques de como desenvolver este trabalho”, avalia, revelando que vai ficar atenta a fim de participar de outras atividades como esta oferecidas pela Prefeitura.

Veterana em sala de aula, com experiência junto a turmas de Educação Infantil e Ensino Fundamental, além de gestão escolar na rede municipal de Campinas, desde 1991, Anna Angélica R. Ferreira costuma contar histórias para seus alunos todos os dias. “Agora, vou modificar um pouco o jeito de fazer”, revela, destacando porque o workshop atendeu às suas expectativas. “Ele é um profissional muito acessível, claro, envolvido com o trabalho que faz, consegue chegar ao público-alvo com naturalidade. O jeito dele expressa o encantamento e a importância que tem uma contação de história”, afirma. “Não deu receitas, indicou caminhos a seguir a partir de coisas simples tais como alterar o tom de voz de acordo com as personagens da história, apropriar-se de qualquer referência por perto para associar às personagens, usar pedaços de pano, blocos de madeira, fundo musical, ficar atenta à faixa etária (sem histórias longas para crianças pequenas), desenvolver o olhar para o grupo e sentir se cada um está bem, acolher com o olhar, aproveitando o momento da contação para acolher e conhecer o outro que está ali”, enumera.

Também experiente na arte da contação de história, atividade que desempenhou por 18 anos para grupos de 400 crianças, o professor da Faculdade de Educação da PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica de Campinas), José Donizeti de Souza, revela que o workshop agregou bastante. “Ele me motivou a buscar mais conhecimento nesta área. Vou fazer outros cursos”, diz. “A proposta foi interessante. Foi uma apresentação de caso: a experiência dele e o trabalho que realiza há anos com crianças no espaço educativo. É de grande valia porque organiza o relato de maneira didática – como trabalha a preparação para a contação, a introdução, a execução da contação e a finalização das histórias. Foi abrangente e didático ao abrir a caixa de experiências do que aprendeu ao longo do tempo. É bastante capacitado”, afirma. Segundo ele, Ale Carmani mostrou que o contador de histórias precisa ter uma série de competências, tais como capacidade de interpretação (gestos, domínio corporal, expressão facial, entonação), gravar as histórias (memorização), se possível criar ou usar músicas para as personagens ao longo da execução da história, produzir sons, ruídos e imagens com gestos, fantoches ou outros artifícios e, além disto, chamar a atenção de crianças desatentas.

O workshop conseguiu atrair também curiosos, como o zelador Odálio Freitas, que trabalha na Biblioteca. “Fiquei sabendo na própria biblioteca e quis vir. Quero aprender coisas novas”, justifica. “Gostei bastante. Ele deu várias dicas de como chamar atenção das crianças. Mostrou na prática como criar interesse pela história”, afirma.

Fonte: Assessoria de Comunicação / Prefeitura de Hortolândia

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