Usuários de algumas linhas do transporte público de Hortolândia estão cansados com a conduta de alguns motoristas de ônibus da cidade. Relatos de desrespeito, infrações de trânsito e acidentes são diários e está preocupando a população. Os bairros onde mais registram reclamações são Jardim Aline e Jardim Campos Verdes.
Para a dona de casa H. C. P., de 48 anos, a linha 698, que sai do Jardim Aline e segue para campinas, foi “mal pensada”, o que causa a frustração dos motoristas. “Em Campo Grande tem um dos melhores transportes dos Brasil, então não me conforme do que acontece em Hortolândia. Parece que os motoristas não gostam dessa linha. A rotatividade de motoristas é enorme. Não é uma linha inteligente, funcional”, comentou a usuária.
“Eles ficam enlouquecidos dirigindo. Essa linha passa próxima ao Centro de Convivência do idoso. Sempre alguma ‘senhorinha’ vai subir e por ser mais lenta, eles largam para trás, a pessoa da sinal e eles vão embora”, enfatiza. “Uma vez os passageiros falaram para ele parar e ele disse que não pararia porque ‘os idosos só atrasavam seu serviço'”, contou a dona de casa enfatizando o preço da passagem, R$ 3,60.
Um dos motoristas, durante uma discussão com um passageiro, ainda teria afirmado que “eles eram pobres e não tinham carro, por isso não podiam reclamar de nada”, segundo relatos da população. “Eles devem sofrer muita pressão”, comentou a dona de casa.
“Não podemos culpar apenas os funcionários da Emtu (Empresa Metropolitana de Transportes urbanos), a linha 698 é absurdamente longa, para não dizer ridícula, uma vez que passa por trechos desabitados e há também o fato de que o trajeto é repetitivo, há outras linhas que o assistem e ainda assim os motoristas são obrigados a passar por um mesmo lugar duas vezes sem que tenha entrado um só passageiro”, relatou a dona de casa. “Dias atrás presenciei um motorista da linha dar uma “fininha” em um motorista de carro pequeno que estava descendo do veículo. O motorista disse em alto e bom som “para aprender a largar de ser besta”. O motorista jogou-se para dentro do carro para se proteger”. “Uma idosa do bairro caiu e bateu a cabeça na guia da calçada porque um motorista não esperou que ela descesse do coletivo. Deve ter mais ou menos um 70 e poucos anos. O modo como eles dirigem não é humano”, concluiu.
HORÁRIOS
O campeão de reclamações são os horários dos ônibus. “Enfrento problema com horários. Sempre quebra um. Ficamos até uma hora esperando. Perdemos compromisso por causa disso”, contou a balconista Letice Ferreira da Cruz, de 44 anos.
“O ônibus do Jardim Aline quebrou ontem e ficamos esperando. Já perdi propostas de emprego por causa de horários de ônibus. Liguei na EMTU e eles falaram que iam revisar os horários e entrar em contato, mas nunca mais me retornaram”, afirmou a balconista.
Mas a balconista reconhece que a culpa não é só dos motoristas. “Eles tem que fazer o caminho em quarenta minutos, então eles acabam tendo que correr, ficam apertados de horário. Fica bem difícil a situação para eles também”, enfatizou.
OUTRO LADO
A reportagem conversou com um motorista da linha que não quis ser identificar e relatou a reclamação dos moradores. O motorista, de 42 anos, afirma que a pressão sofrida diariamente acaba refletindo na atitude de muitos colegas. “Tendo ser amigável, tratar as pessoas bem, dirigir direito. Mas tanto eu quanto colegas sofremos pressão para cumprir horário. Mas querem que dirigimos no horário, mas não colocam mais carros para ajudar, então temos que fazer milagre”, desabafou.
A reportagem encaminhou as reclamações para a assessoria de imprensa da EMTU através de email, mas até o fechamento desta reportagem, não havia obtido retorno.
ACIDENTE
Uma mulher de apenas 22 anos, grávida de quatro meses, morreu após ser atropelada por um ônibus na manhã de quinta-feira, no Parque dos Pinheiros, em Hortolândia. Ela estava na garupa da motocicleta do marido, de 23 anos, e ia para o trabalho quando se envolveu no acidente. A motocicleta teria sido fechada pelo ônibus, momento em que a jovem acabou caindo embaixo do veículo. A roda do transporte coletivo passou em cima de sua barriga. Jessica Cintia Silveira Silva morreu na hora.
O motorista que conversou com a reportagem e relatou sobre as pressões que sofriam afirma que a carga horária de trabalha também é abusiva e, muitas vezes, motoristas trabalham esgotados. “Vejo colegas trabalham sem aguentar, porque não tem funcionários”, contou.
Jessica e o marido seguiam para o trabalho da vítima, vendedora na loja Magazine Luiza. O marido, Emerson de Carvalho Correia seguia pela faixa da esquerda da Rua Elisa Laurindo da Silva e o ônibus seguia pela faixa da direita.
No entanto, em dado momento, o motorista do ônibus teria virado para a esquerda sem dar seta. Emerson chegou a gritar, segundo testemunhas, assim como Jessica, para o motorista parar, mas ele não teria ouvido e continuou a curva, acertando a motocicleta.
Jessica caiu embaixo do ônibus e continuou a gritar para que o motorista parasse, mas acabou sendo atropelada. O marido da jovem, mesmo com o pé fraturado, ainda tentou sinalizar, batendo com o capacete no transporte coletivo, mas não conseguiu evitar o acidente.
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