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Jornada Pedagógica prepara profissionais da Educação para volta às aulas

Mais de dois mil profissionais da rede municipal de educação de Hortolândia aproveitaram a véspera do retorno às atividades letivas para atualizar os conhecimentos, em diversas atividades de formação gratuitas. É a tradicional Jornada Pedagógica, promovida pela Prefeitura, nesta quarta-feira (05/02), durante os três turnos: manhã, tarde e noite. Ao todo, foram disponibilizadas cerca de 60 atividades pedagógicas, dentre elas seminário, palestras e oficinas, realizadas no CFPE (Centro de Formação dos Profissionais em Educação) “Paulo Freire”, no Remanso Campineiro, e em outros sete espaços polo. O prefeito Angelo Perugini deu as boas-vindas aos participantes, durante a abertura oficial do evento, no auditório do Centro de Formação, onde aconteceu o seminário “Afetividade em sala de aula”, ministrado pelo Prof. Dr. Sérgio Leite e equipe, todos integrantes do Grupo do Afeto, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Neste ano, a Jornada 2020 teve como tema “Educação em Movimento: desafios e experiências compartilhadas”. A ação beneficia diretamente os 26.080 alunos matriculados na rede municipal, atualmente. Destinadas a gestores educacionais, professores da Educação Básica e Integral, educadores infantis, infantojuvenis e agentes educacionais, as atividades cobriram oito eixos temáticos: Línguas: Materna, Inglês e Libras; Linguagens Artísticas; Corpo e Movimento; Contação de Histórias; Matemática; Parte diversificada: Matriz Curricular Municipal: saúde, trânsito, vida familiar e social, direito da criança e do adolescente, meio ambiente, empreendedorismo, tecnologia, história da cultura afro-brasileira e indígena; Educação Inclusiva e Gestão Educacional.

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Perugini, que também é professor, ressaltou a importância de cada participante ter a disponibilidade para aprender sempre e mais, a fim de compartilhar o que sabe e o que é, como pessoa, com os alunos. “Estamos sendo questionados, todos os dias: será que eu já não sei tudo? A cada dia, temos que ter a humildade de dizer: tenho muito para aprender e muitos desafios. Como professor, vejo que todo dia tenho um novo desafio pela frente. Preciso me adaptar aos novos tempos, estar preparado para o momento que vem. Minhas queridas professoras, meus queridos professores, peço que vocês, começando este ano, tenham este espírito renovador, criativo, solidário e resiliente, que ele entre no espírito de vocês para que passem para as crianças não aquela quantidade de ensinamentos que vocês têm, mas o que vocês são. Estas crianças serão pessoas melhores, porque encontraram pessoas melhores no caminho delas, que as fizeram ser o que serão. Parabéns a vocês que não desanimam e sempre estão querendo reaprender e se jogam de corpo e alma para fazer da educação do nosso município uma das melhores do nosso País”, ressaltou o prefeito.

Para a secretária de Educação, Ciência e Tecnologia, Sandra Fagundes Freire, o tema do seminário de abertura é de grande importância para a visão que o município tem da educação. Segundo ela, a política pública de educação integral, implementada hoje em 21 escolas da rede, significa bem mais que a permanência do aluno por nove horas na escola. Representa grandes mudanças no relacionamento entre professores, familiares e alunos. “A educação integral não é só a ampliação do horário. Convivemos mais tempo juntos. Daí a importância da afetividade na escola. Neste início de ano, estamos recebendo novos profissionais via concurso, novo mobiliário, kits escolares. Mas o mais importante é o relacionamento pessoal e interpessoal entre professores, alunos e familiares. Assim, vamos caminhando juntos, enfrentando e resolvendo os desafios”, afirmou a gestora.

Afetividade na escola          

Em sua abordagem da afetividade no universo escolar, o Prof. Dr. Sérgio Leite destacou a trajetória da equipe que formou nestes quase 20 anos de estudos do tema, o chamado “Grupo do Afeto”. De acordo com ele, a visão dualista do homem, como um ser por vezes dividido entre o material e o não material, a razão e a emoção, fez com que, por séculos, a abordagem da afetividade ficasse de fora da pesquisa, na área pedagógica. A contribuição do grupo, a partir de autores como o do psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky e do educador francês Henri Wallon, é de que o conhecimento é algo que se forma entre sujeito e objeto, por meio de uma mediação. Trata-se de uma relação ao mesmo tempo cognitiva e afetiva. Quer o agente cultural queira ou não, esta mediação produz impacto afetivo, que pode ser positivo ou negativo, impacto subjetivo do  tipo “gostei, não gostei”. “Ninguém nasce gostando de ler, de matemática ou de outra área do ensino”, afirma ele. O gostar ou o não gostar surge como fruto das experiências vividas, nesta relação que considera sujeito, objeto e mediação. 

A quem deseja trazer para a sala de aula a questão da afetividade o professor sugere: “o grupo de professores que está começando a despertar para a questão da afetividade tem que aprofundar um pouco mais a leitura sobre isso e discutir sobre o que lê junto com seus colegas, discutir as práticas, ousando novas formas. A relação teoria e prática tem que ser mais dinâmica. Quando um professor não planeja bem as suas condições de ensino aumenta a probabilidade de ter uma relação ruim entre o aluno e o objeto que ele está aprendendo. É difícil que esse processo seja individual. Essa educação continuada, a troca de informações e de experiências, tem que ser coletiva, o que não é fácil. Existe a tendência de naturalizar as coisas, afirmando: o aluno já tem facilidade com números. Como se já fosse assim, ele já nasceu assim. É natural dele. Mas não é natural. Alguma coisa aconteceu na vidinha dele que o levou a gostar disso. O problema é o que a gente faz para as crianças que não têm uma relação boa com números para ter?”, questiona Leite.

Quem é Sérgio Leite

Segundo o currículo disponível na Plataforma Lattes, Sérgio Antônio da Silva Leite é, atualmente, professor titular da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Graduado em Psicologia pela Puccamp (Pontifícia Universidade Católica de Campinas), em 1971, possui mestrado (1976) e doutorado pela USP (Universidade de São Paulo (1980). “Tem experiência na área de Psicologia Educacional, onde desenvolve atividades de ensino, pesquisa e orientação nos seguintes temas: afetividade, alfabetização e letramento, formação de professores, ensino e aprendizagem. A partir de 2013, coordena o EA2- Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem, órgão vinculado à Pró-Reitoria de Graduação da Unicamp, com o objetivo de desenvolver políticas de aprimoramento ao ensino de graduação, em toda a universidade”, informa o texto criado pelo próprio autor, que coordena o Grupo do Afeto.

Além do Prof. Leite, compõem a equipe os seguintes pesquisadores: Adriano Caetano Rolindo, Ana Cláudia de Sousa Rodrigues, Daniela Gobbo Donadon, Elvira Tassoni, Isabela Ramalho Orlando (mestres e doutorandos) e a Drª em Educação Flavia Regina de Barros.

VOLTA ÀS AULAS

Nesta segunda-feira (03/02), as escolas municipais de Hortolândia reabriram com atividades de planejamento e organização para o início de mais um ano letivo. Na quinta (06/02), alunos das Emeis (Escolas Municipais de Educação Infantil) e Emefs (Escolas Municipais de Ensino Fundamental) voltam às salas de aula, com períodos de adaptação para as turmas da Educação Infantil. 

Para os matriculados em escolas do Bolsa Creche a retomada das aulas aconteceu na segunda-feira (03/02), com uma semana de adaptação. Ainda neste mês, bem no início das aulas, a Prefeitura iniciará a entrega de kits de uniforme escolar e material aos alunos.

Este artigo foi enviado pela Prefeitura de Hortolandia

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