O Hortoprev, instituto de previdência dos servidores municipais de Hortolândia, investiu R$ 1,4 milhão em uma empresa ligada ao doleiro Alberto Youssef – investigado pela Polícia Federal na Operação Lava Jato suspeito de participar de um esquema de lavagem de R$ 10 bilhões. Relatório de investimentos do instituto obtido pelo liberal.com.br nesta semana aponta que o dinheiro foi aplicado no banco Máxima através do Fundo de Investimento em Participações (FIP) Viaja Brasil.
Reportagem do site da revista Veja publicada no mês passado revelou que o FIP foi criado pelo banco com o objetivo de impulsionar o crescimento do grupo Marsans Brasil – agência de viagens criada em 1973, com sede no Rio de Janeiro. Segundo a reportagem, a única controladora do grupo é a GDF Investimentos, cujo dono, desde 2010, é Youssef.
As aplicações através do FIP Viaja Brasil no banco Máxima – do tipo renda fixa – aparecem desde novembro de 2013 nos relatórios de Hortolândia. Na época, o valor de investimento somava R$ 1,47 milhão. Em abril deste ano, o montante aplicado consta como 0,38% menor. Apesar de a quantidade de cotas permanecer a mesma, o valor delas, entretanto, registrou queda.
Investidores. Além do Hortoprev, outros seis fundos de previdência de servidores públicos realizaram investimentos semelhantes que desembocaram na empresa controlada por Youssef. No total, foram captados R$ 23 milhões pela Marsans Brasil.
Entre os investidores estão o Instituto de Gestão Previdenciária do estado de Tocantins (R$ 12 milhões) e os fundos municipais de previdência de Paranaguá (PR), que aplicou R$ 2 milhões, da cidade cearense de Amontada (R$ 1,6 milhão), de Petrolina, em Pernambuco, que desembolsou R$ 980 mil, além de Holambra (R$ 980 mil) e Cuiabá (MT). O Cuiabá-Prev investiu R$ 3,4 milhões. No mês passado, o prefeito Mauro Mendes (PSB) determinou a convocação do presidente da entidade para explicar e detalhar como as aplicações foram feitas.
No total, segundo o relatório de abril, o Hortoprev contabiliza pouco mais de R$ 212 milhões em investimentos – a maior parte em aplicações em títulos de grandes bancos como Itaú (R$ 60 milhões), Caixa Econômica Federal (R$ 52,7 milhões) e Banco do Brasil (R$ 34 milhões). Dados de fevereiro apontam que o instituto pagou 521 beneficiários de aposentadorias, auxílio-doença e pensões por morte. Em 2012, o Hortoprev teve R$ 12 milhões em despesas, segundo o TCE (Tribunal de Contas do Estado).
Durante as investigações da Operação Lava-Jato, a Polícia Federal encontrou indícios de que Youssef comandaria um esquema de lavagem de dinheiro. Ele deverá ser julgado a partir deste mês pelos crimes de lavagem de dinheiro, participação em organização criminosa, evasão de divisas e operação indevida de instituição financeira. Em entrevista ao site de Veja, o advogado que representa Youssef afirmou que a Marsans é um negócio lícito do doleiro.
Através da assessoria de imprensa da Prefeitura, o Hortoprev enviou uma nota ao LIBERAL afirmando que o investimento realizado através do FIP Viaja Brasil está dentro da legalidade. “A decisão de investir foi tomada em colegiado, como ocorre em todos os investimentos realizados pela autarquia. Neste sentido, o Hortoprev tem participado de todas as assembleias de cotistas e trabalha para resguardar os interesses da autarquia e preservar o patrimônio previdenciário dos segurados”, afirmou. O LIBERAL solicitou entrevista com um representante da entidade à assessoria da Prefeitura, mas não foi atendido. Diferentemente da Prefeitura de Cuiabá, o governo de Hortolândia não deverá apurar os detalhes do investimento.
O vereador Ananias Barbosa (PSDB) vai questionar a Prefeitura de Hortolândia através de um requerimento. O documento estava na pauta da sessão da última terça-feira, mas não foi votado. O parlamentar questiona, por exemplo, se houve perda nos valores investidos no fundo e se a Prefeitura tomará alguma providência após a revelação da relação entre Youssef e os investimentos.
Fonte: liberal.com.br
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