Medicina Veterinária é uma ciência que se dedica à prevenção, controle, erradicação e tratamento das doenças, traumatismos ou qualquer outro agravo à saúde dos animais, além do controle da sanidade dos produtos e subprodutos de origem animal para o consumo humano.
A Medicina Veterinária também busca assegurar a qualidade, quantidade e a segurança dos estoques de alimento de origem animal através do controle da saúde dos animais e dos processos que visam obter seus produtos (tais como carne, ovos, leite, couro, etc), assim como sua distribuição, venda e preparo.
Histórico
Pessoas se dedicam a tratar de animais desde os tempos antigos, desde que começaram a domesticá-los. A prática da veterinária foi estabelecida desde 2000 a.C. na Babilônia e no Egito. Porém, segundo alguns registros encontrados, remonta a 4000 a.C.. Os códigos Eshn Unna (1900 a.C.) e de Hamurabi (c. 1700 a.C.), na Babilônia, trazem referências ao pagamento e atribuições dos médicos dos animais.
Na Grécia Antiga, a profissão, então chamada de hipiátrica, data do século 6a.C.; já em Roma alguns tratados foram dedicados às doenças animais, como os de Cato e de Columella.
O Código de Hammurabi, o mais completo e perfeito conjunto de leis sobrevivente, que se encontra hoje no Museu do Louvre francês, desenvolvido durante o reinado de Hammurabi (que viveu entre 1792 e 1750 a.C.) na primeira dinastia da Babilônia, já continha normas sobre atribuições e remuneração dos “médicos de animais”.
Na Europa, a história da veterinária parece estar sempre ligada àqueles que tratavam os cavalos ou o gado. Os gregos antigos tinham uma classe de médicos, chamada de “doutores de cavalos” e a tradução em latim para a especialidade era veterinarius.
Os primeiros registros sobre a prática da medicina animal na Grécia são do século 6 a.C., quando as pessoas que exerciam essa função – chamados de hippiatros (hipiatras, os especialistas da medicina veterinária que tratam dos cavalos) -tinham um cargo público. As escolas de veterinária surgiram na Europa no meio do século 18, em países como Áustria, Alemanha, Dinamarca, Espanha, França, Inglaterra, Itália, Polônia, Rússia e Suécia.
Apsirtos, considerado o “Pai da Medicina Veterinária” no Ocidente, nasceu em Clazômenas, em 300, foi autor de 121 dos 420 artigos do tratado publicado no século 6, em Bizâncio, chamado Hippiatrika. Formado em Medicina, em Alexandria, foi o veterinário-chefe no exército de Constantino.
Sistematização do estudo
Foi durante o reinado de Afonso V de Aragão, na Espanha, que o estudo básico teve início; no governo de Fernando e Isabel, foi disciplinado o cargo de albeitar – palavra derivada do nome de um grande médico de animais, de origem árabe (cujo nome era Eb-Ebb-Beithar), e que foi traduzido para o português como alveitar.
Seu estudo sistemático, porém, só veio com a fundação da primeira escola de Medicina Veterinária, pelo francês Claude Bougerlat, em 4 de agosto de 1761, à qual se seguiram o surgimento, na Europa de vários outros cursos, tais como as escolas de Viena, em 1768, Turim (1769) e Gôttingen (1771).
No Brasil
A primeira escola de veterinária no país somente foi criada em pleno século 20, com a Escola de Veterinária do Exército, de 1914, e com a Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária, de 1913, no Rio de Janeiro.
Foi no dia 9 de setembro de 1933, através do Decreto nº 23.133, que o então presidente Getúlio Vargas criou uma normatização para a atuação do médico veterinário e para o ensino dessa profissão. Em reconhecimento, a data passou a valer como o Dia do Veterinário. Mas escolas de veterinária já existiam no Brasil, desde 1910.
O imperador Pedro II esteve, no ano de 1875, visitando a escola parisiense de Medicina Veterinária de Alfort e com a boa impressão que teve, decidiu criar condições para o aparecimento de instituição semelhante no Brasil, porém as duas primeiras escolas do gênero só apareceram no governo republicano: a escola de Veterinária do Exército, em 1914, e a escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária, em 1913, ambas no Rio de Janeiro.
O capitão-médico João Moniz Barreto de Aragão, patrono da medicina veterinária militar brasileira, foi o fundador da Escola de Veterinária do Exército em 1917, no Rio, mas a profissão não tinha regulamentação até o Decreto de Getúlio Vargas, de 9 de setembro de 1932, que vigorou por mais de trinta anos.
Para o exercício profissional passou a ser exigido o registro do diploma, a partir de 1940, na Superintendência do Ensino Agrícola e Veterinário do Ministério da Agricultura, órgão fiscalizador da profissão.
A partir de 1968, com a lei de criação dos Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária, foi transferida aos conselhos a função de fiscalizar o exercício dessa profissão e é também onde se faz o registro profissional.
Modernidade
O marco do estabelecimento da medicina veterinária moderna e organizada segundo critérios científicos é atribuído ao hipólogo francês Claude Bougerlat, na França de Luís XV, com a criação da Escola de Medicina Veterinária de Lyon, em 1761. A segunda a ser criada no mundo foi a Escola de Alfort, em Paris.
Recentemente a aplicação da Medicina Veterinária tem se expandido por causa da disponibilidade de técnicas avanças de diagnóstico e de terapia para a maioria das espécies animais, bem como pelos avanços científicos em outras àreas, como a genética, a biotecnologia, a fisiologia, que proporcionam melhoramentos nos sistemas de produção animal.
Em 1946, a Organização Mundial de Saúde (OMS), reconhecendo a necessidade de se conciliar, definitivamente, os inseparáveis preceitos da saúde humana com a saúde dos animais, recomendou que se criasse a uma seção de saúde veterinária, que foi estabelecida no ano de 1949; assim define a OMS, em 1951, a Saúde Pública Veterinária:
“A Saúde Pública Veterinária compreende todos os esforços da comunidade que influenciam e são influenciados pela arte e ciência médico-veterinária, aplicados à prevenção da doença, proteção da vida e promoção do bem-estar e eficiência do ser humano” (Organização Mundial da Saúde, 1951). Em 1955, foram estabelecidas as seguintes atividades para esta área: o controle e erradicação de zoonoses; a higiene dos alimentos; os trabalhos de laboratório; os trabalhos em biologia e as atividades experimentais.
Formação
A formação em medicina veterinária dura, em média, cinco anos, com os dois primeiros anos tratando das disciplinas básicas anatomia, microbiologia, genética, matemática, estatística, além de nutrição e produção animal. Depois é a vez de estudar as doenças, as técnicas clínicas e cirúrgicas e então optar pela especialização.
As especializações são clínica e cirurgia de animais domésticos e silvestres, e de rebanhos; trabalhar nas indústrias de produtos para animais, acompanhando a produção de alimentos, rações, vitaminas, vacinas e medicamentos; trabalhar em manejo e conservação de espécies, observando os animais silvestres em cativeiro para estudar a sua reprodução e conservação, implantando projetos em reservas naturais; fazer controle de saúde de rebanhos em propriedades rurais ou fiscalizar os estabelecimentos que vendem ou reproduzem animais; usando tecnologia, fazer melhoramentos de qualidade dos rebanhos.
História do Símbolo
Para padronizar e unificar um emblema que identificasse a Medicina Veterinária entre as demais ciências biomédicas no Brasil, o Conselho Federal de Medicina Veterinária, instituiu um concurso em nível nacional.
Foram apresentadas 172 sugestões. Uma comissão julgadora selecionou em outubro de 1993, os melhores trabalhos, julgando-os com base nos princípios histórico-culturais da medicina animal brasileira e mundial.
A proposta vencedora justificou sua sugestão afirmando que inúmeras profissões liberais buscaram na antiguidade greco-latina a inspiração para criar seus símbolos. A Ciência Jurídica é um exemplo. No caso das ciências biomédicas, algumas profissões adotam a tradicional serpente enrolada em um bastão ou, então, a taça e a serpente, caso dos farmacêuticos.
Tradição
Quanto à Medicina Veterinária, julgou-se ser de coerência histórica e tradição a adoção da serpente e do bastão, símbolo de Esculápio, deus da arte de curar na Grécia Antiga. Estes símbolos vêm inseridos na letra “V”, tendo como moldura um hexágono irregular.
A serpente representa a prudência, a vigilância, a sabedoria, a vitalidade, o poder de regenerescência e preservação da saúde.
O bastão (primitivamente um galho de árvore com algumas folhas) significaria os segredos da vida terrena, poder da ressureição e o auxílio e suporte da assistência dada pelo médico aos seus pacientes; sua origem vegetal representaria as forças da natureza e as virtudes curativas das plantas.
Quanto às cores usadas em sua representação gráfica, a dominante é a verde, pois significa a vida vegetal, a juventude e a saúde. A cor branca, sendo a união de todas as outras, significa integração, luta pela vida e paz. A cor preta representa força, vigília e a luta contra as adversidades.
A Lenda
Na mitologia Grega, o deus Asclépio (adotado e adorado pelos romanos com o nome de Esculápio) era filho de Coronis e Apolo e teria sido educado pelo centauro Quirão, ensinando-lhe a arte de curar os doentes e até mesmo o poder de ressucitar os mortos.
Segundo a lenda grega, Esculápio ou Asclépio, foi morto pelo rei dos deuses, Zeus (Júpiter para os romanos), passando a ser adorado em diversos santuários da Grécia, sendo o mais famoso o de Epidauro. Hígia, sua filha, cujo nome deu origem ao vocábulo Higiene, era considerada a deusa da Saúde.
“Haverá um dia, em que o homem conhecerá
o íntimo dos animais. Neste dia, um crime
contra um animal, será considerado um crime
contra a própria humanidade.”
Leonardo Da Vinci
RESOLUÇÃO N.º 609, DE 15 DE JUNHO DE 1994
Cria Símbolo de Medicina Veterinária, que é respaldado por princípios históricos, culturais e mitológicos.
O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA, pelo seu plenário reunido em 15-06-94, no uso de suas atribuições que lhe confere o Artigo 16 da Lei n.º 5.517, de 23 de outubro de 1968, regulamentada pelo Decreto n.º 64.704, de 17 de junho de 1969,
RESOLVE:
Art. 1º Fica criado o Símbolo da Medicina Veterinária, que é respaldado por princípios históricos, culturais e mitológicos.
Art. 2º A partir da vigência desta Resolução fica oficializado o Símbolo da Medicina Veterinária a ser utilizado pelos Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária, constituído da seguinte forma: – Hexágono: Tradicionalmente utilizado; Letra “V”: com função de identificar a Medicina Veterinária; Cor verde: Tradicionalmente utilizada pela Classe Médica;
Art. 3º O Símbolo descrito no Artigo 2º é patrimônio da classe Médico-Veterinária e seu uso será supervisionado pelos Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária.
Art. 4º O Símbolo da Medicina Veterinária poderá ser utilizado como segundo Brasão, nos documentos oficiais dos Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária.
Art. 5º O Símbolo poderá ser usado:
1. como distintivo pessoal da lapela;
2. em veículos;
3. aplicado no material de correspondência dos Conselhos de Medicina Veterinária;
4. inserto em galhardete, flâmula ou faixa;
5. em medalhas ou placas;
6. em divulgação.
Art. 6º A presente Resolução entra em vigor na data de sua publicação revogadas as disposições em contrário.
Fonte: Portalangels
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