O CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, declarou publicamente que a rede de supermercados deixará de comercializar carne proveniente do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai).
O anúncio foi feito em suas redes sociais e reforça o compromisso da empresa com questões relacionadas ao meio ambiente e sustentabilidade.
“No Carrefour, estamos prontos, qualquer que seja o preço e a quantidade de carne que o Mercosul venha a nos oferecer”, afirmou Bompard.
A rede esclareceu que quase toda a carne vendida nas lojas francesas é produzida no próprio país, minimizando o impacto direto nas exportações do Mercosul.
Publicação dirigida ao setor agrícola francês
A carta foi destinada a Arnaud Rousseau, presidente da Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores (FNSEA) da França.
A declaração de Bompard surge em meio a protestos de agricultores franceses contra o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, que tem sido motivo de preocupação para produtores europeus devido ao aumento da concorrência com produtos agrícolas sul-americanos.
As manifestações coincidiram com a reunião do G20 no Rio de Janeiro, realizada nos dias 18 e 19 de novembro, onde o tema também foi discutido.
Acordo Mercosul-UE: entenda o contexto
O tratado busca reduzir tarifas comerciais entre os blocos, incluindo produtos agrícolas. Embora assinado em 2019, ainda aguarda ratificação pelos parlamentos dos 31 países envolvidos. A pressão dos agricultores europeus, que temem perder competitividade, tem sido um obstáculo à implementação.
O Brasil espera que o acordo avance durante a Cúpula do Mercosul, marcada para 6 de dezembro.
Reação brasileira ao Carrefour e impacto econômico
No Brasil, frigoríficos como JBS, Marfrig e Masterboi suspenderam o fornecimento de carne ao Carrefour e suas subsidiárias, incluindo o Atacadão. Caminhões com entregas em andamento chegaram a ser redirecionados, segundo fontes do setor.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, declarou estar satisfeito com a resposta das empresas brasileiras, destacando a importância de defender a reputação do setor agropecuário do Mercosul.
A Federação das Associações Rurais do Mercosul (Farm) criticou a decisão do Carrefour, classificando-a como “protecionista e injustificada”. A entidade reafirmou que os países do bloco são líderes em práticas sustentáveis na produção agropecuária.
França: um mercado de baixa relevância para o Brasil
Apesar da repercussão, a França tem pouca representatividade nas exportações de carne bovina brasileira. Em 2023, a União Europeia representou apenas 3,39% do total exportado, sendo a França responsável por 0,66% desse volume.
Os principais destinos da carne bovina brasileira em 2023 foram:
- China: 52,22%;
- Estados Unidos: 6,05%;
- Hong Kong: 5,20%;
- Chile: 4,39%;
- União Europeia: 3,39%;
- Egito: 3,11%.
Assim, o impacto da decisão do Carrefour nas exportações brasileiras é considerado limitado.
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