Faltam profissionais para dar aulas em escolas, fazer consultorias e atuar em empresas de tecnologia
Nas duas maiores universidades de Campinas, a relação de candidatos por vaga nos cursos de geografia aumenta a cada ano, segundo os coordenadores. O interesse dos jovens é proporcional à demanda por profissionais no mercado: faltam geógrafos para dar aulas em escolas públicas e particulares, em consultorias de impactos ambientais e empresas de tecnologia. O cenário é ainda mais difícil em regiões menos populosas do País, como o Norte e Nordeste, onde bacharéis são necessários para auxiliar nas obras relacionadas ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal.
O geógrafo é um dos profissionais da área de Humanas que mais dialoga com Exatas e Biologia. Precisa ter boas noções de estatística e processamento de dados, ao mesmo tempo que estuda a superfície, o clima e a vegetação do planeta. Também analisa a organização da população em sociedades, sua relação com o ambiente e a ordenação social e econômica de espaços urbanos e rurais. Além disso, trabalha com sensoriamento remoto, elabora planos diretores de municípios e relatórios para redução de impacto ambiental em regiões poluídas ou ameaçadas pela construção de grandes obras.
“É um profissional com uma formação ampla, que consegue entender as transformações físicas e sociais dos centros urbanos. Ele contextualiza os dados e consegue traçar direções a serem seguidas pelo poder público”, explicou a diretora do curso de geografia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), Vera Lúcia dos Santos Placido. Ela afirmou que as escolas do Ensino Médio têm muita dificuldade em encontrar professores de geografias atualizados. “Por isso, a maior procura ainda é por docentes de colegial e cursinho, que optam pela licenciatura”, afirmou.
No bacharelado, a principal demanda é na geotecnologia. “Na sociedade, cada vez mais nós precisamos da localização exata de tudo, ainda mais com as mudanças constantes da dinâmica territorial”, disse a diretora. A PUC-Campinas tem parceria com a empresa Nokia, em que alunos coletam e atualizam dados da empresa. “Eles fazem o georreferenciamento das informações da companhia e disponibilizam os dados para outros funcionários”, explicou.
O coordenador do curso de geografia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Rafael Straforini, destaca ainda o papel do geógrafo no planejamento urbano em prefeituras e governos estaduais. “Por conhecer tanto os aspectos físicos como antropológicos das cidades, ele consegue propor a melhor forma de se utilizar um determinado espaço”, disse.
A empregabilidade na área, de acordo com o professor é boa, mas é preciso ter paciência para ter retorno financeiro satisfatório. “O profissional com mais experiência, com certeza, ganha melhor. Na docência, ajuda a incrementar a folha de pagamento se o profissional tem mestrado ou doutorado. Mas vagas não faltam.”
Jovem profissional descobre sua vocação para ensinar
Sebastian Alvarado Fuentes, de 24 anos, não imaginou que fosse se tornar professor quando entrou na Faculdade de Geografia da Unicamp, em 2007. A vontade de Fuentes sempre foi trabalhar com planejamento territorial urbano e impactos ambientais. No entanto, bastou uma chance como professor substituto para se apaixonar pela docência. “Fazia parte do plantão de reforço de um cursinho, para ajudar no orçamento. Mas não queria virar professor. Mas mudei de ideia na primeira aula que dei”, contou.
Fuentes não chegou a estagiar em empresas, mas fez iniciação científica durante a faculdade. Pretende fazer mestrado e doutorado, mas por enquanto sua grade de horários está completamente preenchida pelas atividades com alunos de cursinho e Ensino Médio. “Quando você perceber que gosta mesmo de dar aulas, deve fazer uma iniciação científica na faculdade. Foi isso que mais me agregou”, disse.
De acordo com o professor, apesar de o caminho para geógrafos em empresas estar começando a se abrir, outros profissionais ainda ocupam vagas que deveriam ser de bacharéis em geografia. “Economistas e engenheiros acabam fazendo o papel do geógrafo. É uma forma de as companhias economizarem. Mas é uma economia insensata, pois muitas vezes trabalhos e relatórios precisam ser refeitos.”
Fonte: Correio Popular / RAC
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