Dados do Ministério da Saúde mostram que o Sistema de Informações Hospitalares (SIH) registrou 7 internações/dia de idosos causadas por quedas no primeiro semestre de 2022 em Campinas e região metropolitana (RMC).
Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier a informação faz parte de um levantamento realizado pelo hospital com o objetivo de avaliar o impacto da saúde ocular nesta causa de internações. Para ele a queda é um problema multifatorial que pode estar associado a alterações motoras, neurológicas, perda da audição e doenças sistêmicas como o diabetes, as doenças oculares formam seu principal gatilho. Isso porque, explica, influem na nitidez das imagens, orientação no espaço, equilíbrio, reflexo e visão de profundidade.
A pesquisa, comenta, evidencia que a queda é a primeira em um ranking de 33 causas externas de internação de idosos avaliadas pelo Ministério da Saúde. Em Campinas e RMC o SIH identificou no primeiro semestre 1,32 mil internações ante 1,2 mil das outras 32 causas. Para Queiroz Neto isso acontece porque no início as alterações na visão passam despercebidas para a maioria das pessoas.
Este foi o caso de um paciente que escorregou em um tapete e teve uma perfuração da córnea com descolamento da íris. “Fizemos uma cirurgia de emergência porque a perfuração da córnea pode provocar infecção generalizada no olho e perda da visão. Felizmente a cirurgia correu bem, mas exigiu meses de acompanhamento com higienização da pálpebra para reforçar o tratamento tópico com colírios anti-inflamatórios e antibióticos que dura meses”, afirma Queiroz Neto
Internações crescem mais que o envelhecimento
O levantamento também indica que as internações/queda de idosos nos últimos 10 anos, aumentou 60% – Saltou de 790 no primeiro semestre de 2012 para 1,3 no mesmo período deste ano. Já a estimativa do IBGE aponta crescimento demográfico na RMC de 52% na população com 60 anos ou mais. No mesmo período, passou de 343 mil para 522 mil pessoas. Para Queiroz Neto o maior crescimento das quedas está relacionado à demanda reprimida da cirurgia de catarata durante a pandemia. A boa notícia é que segundo o Ministério da Saúde a cirurgia de catarata no primeiro semestre retomou ao mesmo patamar de 2019 distribuídas em quatro cidades:
· Campinas – 1880
· Americana – 438
· Nova Odessa – 110
· Paulínia – 110
Catarata aumenta o risco de queda
Queiroz Neto afirma que a catarata aumenta o risco de queda entre idosos porque é a doença ocular mais frequente em quem já passou dos 60, diminui a visão de contraste e de profundidade e na maioria das pessoas progride mais em um olho que no outro provocando desequilíbrio. A cirurgia é o único “remédio” e reduz em 40% o risco das internações por queda porque elimina todas estas alterações na visão.
Sintomas
O oftalmologista afirma que a cirurgia tem indicação quando surge dificuldade para realizar as atividades cotidianas. Os principais sintomas elencados por Queiroz Neto que indicam estar na hora de operar são:
· Troca frequente dos óculos.
· Enxergar halos ao redor das luzes
· Incapacidade de enxergar com pouca luz.
· Maior sensibilidade à luz e perda repentina da visão dirigindo com faróis contra.
· Visão embaçada que dificulta a leitura.
· Redução da visão noturna.
Diagnóstico e Exames pré-cirúrgicos
O diagnóstico da catarata é feito durante um exame de rotina, salienta. O preparatório da cirurgia inclui exame biométrico da curvatura, espessura e superfície da córnea, tamanho da pupila, imagem do globo ocular com características da íris (parte colorida), vasos sanguíneos que influem na visão, diagnóstico de pequenas imperfeições ópticas que surgem com o envelhecimento e escolha da lente intraocular a ser implantada na cirurgia, de acordo com o estilo de vida, hábitos, expectativa após a cirurgia e presença de comorbidades como diabetes, glaucoma, ceratocone, alterações na retina e mácula.
Como é feita a cirurgia
Ao contrário do que muitos imaginam, a cirurgia de catarata não dói. Queiroz Neto afirma que a cirurgia conta com um sistema que permite a portabilidade dos exames pré-cirúrgicos aos equipamentos do centro cirúrgico para lhe oferecer a mais precisa correção. Na cirurgia o olho é anestesiado com uma gota de colírio e o paciente recebe uma sedação para relaxar. Uma pequena incisão de dois milímetros é feita na borda externa da córnea para aspirar a catarata através de um equipamento de ultrassom e a lente escolhida é suavemente inserida em seu olho. Queiroz Neto afirma que no mesmo dia você recebe alta e a maioria das pessoas ficam surpresas com o mundo novo que começa a ver no dia seguinte quando é retirado o curativo. A visão é o mais dominante de todos os nossos sentidos. Por isso merece cuidado, conclui.
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