A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo divulgou que, no período de janeiro a abril de 2023, foram registradas 102 cirurgias destinadas ao tratamento do lipedema. No ano anterior, em 2022, que marcou o reconhecimento da condição como uma doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o lipedema foi responsável por 245 procedimentos cirúrgicos. Apesar de sua prevalência, o lipedema continua sendo subdiagnosticado.
Segundo o Dr. Vinícius Bertoldi, especialista em cirurgia vascular e endovascular do Hospital Geral de Itapecerica da Serra, o lipedema é uma doença antiga que, por anos, foi erroneamente confundida com a obesidade devido a falhas no diagnóstico. Ele enfatiza que a principal dificuldade reside na necessidade de uma abordagem multidisciplinar para diagnosticar e tratar o lipedema, tornando complicada a escolha do profissional adequado. Ele recomenda que os pacientes busquem um cirurgião vascular, que pode realizar um diagnóstico imediato e diferenciar a condição de outras doenças com sintomas semelhantes.
O lipedema, quando não diagnosticado precocemente, pode levar a complicações significativas devido à inflamação crônica e ao aumento do tecido adiposo nas áreas dos braços, pernas e quadril. Essa inflamação generalizada resulta em dor, problemas de circulação e mobilidade, prejudicando a qualidade de vida dos pacientes. O tratamento envolve uma equipe de especialistas, incluindo vasculares, cirurgiões plásticos, nutricionistas, endocrinologistas, fisioterapeutas e psicólogos, para controlar a condição crônica e impedir sua recorrência.
O tratamento do lipedema requer uma dieta restritiva contínua, semelhante à de pacientes hipertensos ou diabéticos, focada em alimentos anti-inflamatórios, como frutas e vegetais frescos, enquanto exclui açúcares e certos tipos de gordura. Além disso, é essencial manter uma rotina de exercícios, especialmente aeróbicos de baixo impacto, para melhorar a circulação e reduzir o acúmulo de gordura nas áreas afetadas. Cirurgias vasculares e lipoaspiração específica para o lipedema são opções de tratamento que oferecem o maior benefício em estágios avançados. Procedimentos de drenagem linfática e o uso de dispositivos de compressão elástica também são recomendados para reduzir o inchaço e estimular a circulação.
Embora as causas do lipedema ainda sejam desconhecidas, especialistas acreditam que a doença tenha origem genética e hereditária. Geralmente, os sintomas surgem após mudanças significativas nos níveis de hormônios femininos, tornando-a predominantemente uma doença que afeta mulheres. A principal diferença entre o lipedema e a obesidade é a distribuição do tecido adiposo, com o lipedema causando uma concentração desproporcional nas regiões dos braços, coxas, pernas e quadril. Além disso, a distribuição simétrica do tecido adiposo afetado no corpo distingue o lipedema de outras condições, como o linfedema.
Lipedema
O lipedema não apenas apresenta desafios estéticos, como a difícil eliminação da gordura nessas áreas, mas também causa hipersensibilidade ao toque, desconforto, sensação de peso nas pernas, inchaço constante, perda de cabelo e equimoses nas pernas. À medida que a doença progride, a inflamação agrava problemas de circulação e do sistema linfático, agravando o inchaço e dificultando a perda de peso através do exercício. Além disso, o impacto psicossocial do lipedema é significativo, com estigmas semelhantes aos associados à obesidade extrema, tornando o tratamento ainda mais desafiador e potencialmente contribuindo para distúrbios alimentares anteriormente inexistentes.
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