A dermatite atópica canina já é conhecida dos tutores, pois causa aquela coceira intensa que incentiva a lambedura e a mordedura, capaz de ocasionar vermelhidão, lesões na pele, pequenos caroços, edemas e, até mesmo, alopecia.
De origem genética, a dermatite atópica é uma doença inflamatória crônica que torna os cães sensíveis a antígenos presentes no ambiente, causando crises agudas quando ocorre oscilação na imunidade ou fatores estressantes. As regiões mais afetadas são a face, os olhos, o interior das orelhas, a virilha, os interdígitos, o períneo e o rabo.
Se não tratadas, as lesões na pele podem evoluir para quadros de inflamação e infecção secundárias. Estimativas indicam que cerca de 10% a 30% da população canina é atingida por essa doença, que compromete significativamente a qualidade de vida dos pets, causando quadros de estresse crônico nos animais.
Embora não tenha cura, existe tratamento para o controle da doença. Um dos fármacos mais indicados é a ciclosporina A, bastante conhecida pela prevenção de rejeição de órgãos transplantados em seres humanos, mas que, na medicina veterinária, é muito empregada no tratamento de dermatite e alergias atópicas, fístulas perianais em cães, complexo granuloma eosinofílico felino, doença intestinal inflamatória, estomatite e doença das vias aéreas em gatos, além do uso tópico e oftálmico.
Apesar dos resultados que pode proporcionar, a ciclosporina possui baixa solubilidade aquosa, sendo necessária sua veiculação em óleos ou sistemas mistos, que geralmente causam menor aceitação e mais chances de reações adversas para os pacientes.
A rede de farmácias de manipulação veterinária DrogaVET investiu em pesquisa e na nanotecnologia para desenvolver sua própria fórmula de nanociclosporina.
“A nanotecnologia é uma tendência mundial como técnica para aprimorar medicamentos para humanos ou animais, pois as nanopartículas têm alta capacidade de proteger as moléculas de fármacos contra a degradação no meio fisiológico ou durante o armazenamento, permitem uma liberação gradual dos ativos no organismo e reduzem uma possível toxicidade devido a uma eventual liberação exacerbada”, revela para o Portal Hortolândia a farmacêutica e gerente de produto e desenvolvimento da DrogaVET, Thereza Denes.
Para o desenvolvimento da fórmula, a rede de farmácias investiu em dois anos de estudos junto às universidades Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e Universidade Federal do Paraná (UFPR), nas áreas de dermatologia e oftalmologia.
A terapia se mostrou eficaz e segura para o controle a longo prazo do prurido e das lesões dos cães com dermatite atópica. Na administração oftálmica, o estudo comparativo entre a ciclosporina convencional e a nanoencapsulada revelou que a segurança e a eficácia de ambas as drogas foram equivalentes, porém as médias diárias do Teste de Schirmer, exame que avalia se o olho produz uma quantidade suficiente de lágrima, obtidas com a nanociclosporina, foram constantemente superiores às da ciclosporina.
Agora a marca lança, de forma exclusiva, o ativo nanoencapsulado disponível em diversas formas farmacêuticas. “Com a nanotecnologia conseguimos dispersar o fármaco em veículos aquosos, o que aumenta sua absorção e permite sua administração em diferentes vias, como oral, nasal, ocular e tópica, possibilitando maior diversidade no tratamento de pacientes”, explica Denes.
Ou seja, além do tratamento em suspensão oral ou em colírio, é possível oferecer o medicamento em outras formas farmacêuticas como biscoito, calda, molho, pasta oral e também para uso tópico como cremes, espuma, spray, shampoo, lenço umedecido, gel transdérmico e solução nasal e otológica.
“A variação de formas farmacêuticas permite mais possibilidades para o médico veterinário tratar o paciente, além de facilitar a administração do medicamento para o pet. O gel transdérmico, por exemplo, é fácil de aplicar e reduz os efeitos colaterais gastrointestinais. Sprays e loções permitem a aplicação local e biscoitos, caldas e molhos podem ser manipulados com o sabor de preferência do animal, tornando o tratamento mais agradável”, comenta a médica veterinária e consultora da DrogaVET, Farah de Andrade.
A novidade ainda impacta positivamente o bolso dos tutores, pois o tratamento com a nanociclosporina pode chegar a custar até 50% menos que o convencional com ciclosporina oral. Além da diversidade de formas farmacêuticas, a manipulação veterinária ainda permite a combinação de mais de um ativo em uma mesma fórmula, fatores que potencializam o tratamento e reduzem ainda mais o custo final.
Texto: Sérgio Dias
Fotos: Pixabay
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