Tempo, amor e morte são os motes de ‘Beleza oculta’ (‘Collateral Beauty’), de David Frankel. Pode-se alegar que o filme seja piegas e apele para emoções fáceis. Talvez seja isso mesmo. Mas o que mobiliza internamente é o fato dessas três entidades (podemos chamá-las assim?) serem o cerne de nossa vida.
No filme, após perder a filha, o protagonista escreve cartas para o Tempo, o Amor e a Morte. Nelas encontramos elementos plenos de significados. O Tempo, como mostra a célebre tela ‘A Persistência da Memória’ (1931), de Salvador Dalí, se espalha em várias direções, nos consome e nos fascina. Conviver com ele amistosamente é uma sabedoria.
O Amor, como cristalizou Gustav Klimt, na tela ‘O beijo’ (1907-08), é uma explosão de emoções, seja de riso ou de pranto em sua força motriz da vida. E a Morte, como sempre lembramos graças ao fotograma de Ingmar Begrman Dela jogando xadrez com um cavaleiro medieval, em O Sétimo Selo (1956), é nossa companheira de jornada existencial.
Uma das metáforas do filme está nas peças de dominó colocados estrategicamente de modo a serem derrubadas em incríveis sequências visuais. Nossa vida é um espelho disso. É no fluir do Tempo da queda das pecinhas da vida que são encontradas manifestações de Amor, instantes significativos na caminhada que a Morte preside com onipresença.
Oscar D’Ambrosio, doutor em Educação, Arte e História da Cultura, mestre em Artes Visuais, atua na Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp.
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