Coluna

O estranho que nós amamos

Em tempos de empoderamento feminino, o filme ‘O estranho que nós amamos’ (‘The Beguiled’), dirigido por Sofia Coppola, é obrigatório. Traz para o centro da discussão diversos aspectos da psicologia humana e do relacionamento entre homens e mulheres em situações de extrema tensão.

A ação se dá em Virginia, em plena Guerra Civil dos EUA. A estabilidade de um internato de mulheres sulista é quebrado quando uma das jovens encontra no bosque um cabo da União ferido em combate. A primeira discussão surge justamente sobre a conveniência ou não de ajudar na recuperação dele e de denunciar a sua presença aos inimigos.

O soldado desperta reações distintas em todas as mulheres daquele espaço, desde a coordenadora até as crianças, passando por uma jovem em busca de uma nova vida e uma adolescente. Os elos vão progressivamente se articulando em ações que vão do carinho e da compreensão para a violência e a irracionalidade.

Interpretar o filme apenas por um olhar feminino é empobrecer a riqueza de relações humanas que ele traz à tona. Existem nos diálogos e na linguagem do corpo e dos olhares um infinito potencial de análise sobre o sentido da própria existência para cada um e como isso se articula com a presença de um estranho num ambiente aparentemente estável.

Oscar D’Ambrosio, Doutor em Educação, Arte e História da Cultura e Mestre em Artes Visuais, atua na Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp.

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