Sento-me no canto de um bar qualquer, observando o desfile da vida ao meu redor. Na mesa ao lado, risadas ecoam em um círculo de amigas; ao fundo, um casal troca olhares ternos. E eu? Fadado à solidão. Não por acaso, mas por escolha, por incompatibilidade com as “opções” que o mundo me oferece.
Ah, o universo contemporâneo das relações humanas… tão cheio de etiquetas invisíveis, escalas imaginárias e uma performance constante. O que aconteceu com a simplicidade? Com a possibilidade de apenas ser? Talvez eu tenha me perdido na busca ou, quem sabe, decidi não seguir o jogo que todos parecem aceitar.
Primeiro, há as mulheres bonitas, seguras do poder que a sociedade e os aplicativos de avaliação silenciosamente lhes conferiram. Elas brilham, encantam e sabem que podem escolher. Porém, nessa escolha, frequentemente optam pela volatilidade, pela efemeridade de momentos que se esvaem como fumaça de um cigarro que eu não nunca fumei. Seria eu um capacho? Um espectador submisso na guerra entre feminismo e machismo? Não tenho estômago para isso, apesar de algumas vezes ter usado “plasil”.
Depois, há aquelas que me veem como um troféu. Talvez por ser diferente, talvez por um valor que nem eu mesmo consigo enxergar. Elas me exibiriam como um prêmio em jantares familiares ou em encontros de amigas, mas… o que resta quando a fachada perde o brilho?
Há também as oportunistas, as que me usariam como trampolim social. Sugariam minha energia, minhas ideias, meus contatos, para depois seguirem adiante, deixando-me como uma etapa vencida em sua trajetória. Não sou do tipo que aceita ser usado, mas, na verdade, isso nem importa. Não tenho vocação para ser escada.
E então, há aquelas que me frustrariam. Baixas na minha escala imaginária, que talvez seja arbitrária, talvez cruel. Mas sou honesto comigo mesmo: não quero me sujeitar a menos do que sei que mereço.
“Sem cigarros, sem kinder, sem dança”, repito a mim mesmo, como um mantra. Resta-me a academia, os estudos, os filmes e o foco. Foco em quê? Nem eu sei. Talvez em sobreviver a esse mundo cheio de expectativas que não consigo preencher — e nem sei se quero.
As pessoas ao meu redor seguem seus caminhos, tropeçando ou voando, enquanto eu permaneço aqui, nessa encruzilhada entre o que me oferecem e o que recuso. Talvez a solidão não seja um castigo, mas uma escolha consciente de quem sabe que viver sem dançar é melhor do que dançar uma música que nunca quis ouvir.
Por Uberdan Agnelo
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