Era uma vez um sapo, daqueles de olhos grandes e pele viscosa, vivendo sua vidinha pacata à beira do lago. Certo dia, por um infortúnio, ele foi parar dentro de uma panela com água fria, ainda no fogo desligado. Tudo parecia tranquilo no início. A água tinha a temperatura certa, um tanto confortável até. “Nada mal,” pensou o sapo, achando que talvez tivesse encontrado um novo lar.
Mas o que ele não percebeu foi que, aos poucos, o fogo começou a trabalhar. A água foi aquecendo, primeiro devagar, depois mais rápido. O sapo, com sua natureza adaptável, não se incomodou. “Só um calorzinho,” pensou. “Eu aguento.” Afinal, ele era um sobrevivente, feito para se ajustar às adversidades.
E assim ele ficou, adaptando-se a cada novo grau de calor. A água ficou morna, depois quente, e ele lá, acomodado. Porém, quando o calor se tornou insuportável e ele finalmente decidiu que era hora de pular, já não tinha forças. Seus músculos estavam fracos, sua energia consumida pela incessante adaptação. O sapo não morreu por causa da água fervente. Ele morreu porque não soube saltar a tempo.
O salto que salva
E assim, caro leitor, é na vida. Quantas vezes nos acomodamos em situações que, no início, parecem suportáveis? Ficamos em empregos que drenam nossa energia, em amizades que só nos desgastam, em relacionamentos que apertam a alma. No começo, é apenas um desconforto. “Eu consigo lidar com isso,” pensamos. “Só mais um pouco.” E assim vamos, ajustando-nos ao calor das situações, ignorando os sinais, acreditando que tudo se resolverá.
Mas nem sempre há uma solução mágica. Às vezes, o que precisamos é de um salto — imediato e decisivo. Um salto para fora da panela, longe da água que esquenta, para salvar o que ainda resta de nós.
O sapo nos ensina que a capacidade de nos adaptarmos é uma qualidade poderosa, mas também perigosa. Saber quando parar de se ajustar e agir é o que diferencia quem sobrevive de quem vive plenamente.
Quando saltar?
A vida, como a panela, pode nos enganar com sua aparência calma e familiaridade. O segredo é aprender a reconhecer os primeiros sinais de que algo não está certo. Um desconforto que persiste, uma sensação de que estamos perdendo mais do que ganhando. É nesses momentos que devemos reunir coragem para saltar.
Não espere a água ferver. Não se permita enfraquecer a ponto de não poder reagir. Confie no seu instinto e, principalmente, valorize-se o suficiente para sair de situações que apenas consomem sua energia sem retribuir.
E se o salto parecer assustador?
Ah, é claro, saltar nem sempre é fácil. Há incertezas fora da panela, caminhos desconhecidos e riscos novos. Mas lembre-se: melhor enfrentar o desconhecido do que ser consumido pelo calor do que já não te serve.
Porque, no fim, a vida é feita de saltos. Alguns planejados, outros inesperados. Mas todos nos levam adiante.
Então, não seja como o sapo que esperou demais. Salte. Antes que seja tarde demais.
por Uberdan Agnelo
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