Coluna

A hora é agir contra as mudanças climáticas

Por todo lado, um rastro de destruição. No Havaí, normalmente associado a um Paraíso tropical, incêndios inéditos já provocaram mais de 90 mortes. No Canadá, do mesmo modo, centenas de queimadas destruíram milhões de hectares de florestas. Na Europa, uma onda de calor histórica registrou recordes de temperaturas. Na Amazônia brasileira, as queimadas aumentaram 14% no primeiro semestre de 2023, em comparação com o mesmo período do ano anterior. E aqui em São Paulo a situação não é diferente. A estiagem prolongada já está afetando a vazão dos rios. O rio Piracicaba, por exemplo, está com volume 14% abaixo da média histórica nestes primeiros 15 dias de agosto.

          Todo esse cenário angustiante é resultado de uma situação que os cientistas têm denominado de emergência climática global. O planeta está vivendo a intensificação de mudanças climáticas, provocadas por ações humanas, com destaque para a queima de combustíveis fósseis (como o petróleo, o gás natural e o carvão) e o desmatamento acelerado, como o registrado na Amazônia até pouco tempo atrás.

         O panorama é tão grave que levou o secretário-geral da ONU, António Guterres, a afirmar recentemente que “a era da fervura global chegou”. Dados do governo americano também apontam que, no início de julho, a Terra registrou os dias mais quentes da história em escala global, com a temperatura média ultrapassando os 17°C.

De acordo com os cientistas, as mudanças climáticas vão se intensificar nos próximos anos, levando mais seca e incêndios para algumas regiões e mais enchentes e furacões para outras. Fenômenos naturais, como o El Niño, agravam ainda mais toda essa situação.

         Diante de tudo isso, a pergunta é o que os governos e sociedade em geral podem fazer? O desafio é enorme e o que não pode acontecer é a apatia e apenas o pessimismo. É preciso agir. Em minha vida pública, como prefeito de Sumaré em dois mandatos e agora como deputado estadual, no segundo mandato, sempre procurei estar muito atento ao que a natureza está nos dizendo.

        Uma preocupação especial minha tem sido com a situação do abastecimento de água em todo estado de São Paulo e sobretudo na Região Metropolitana de Campinas e toda a área das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ). Em 2004, quando era presidente do Conselho da RMC, como prefeito de Sumaré, me somei às ações voltadas para garantir mais água para essa região, com mudanças na gestão do Sistema Cantareira, um conjunto de grandes reservatórios existentes nas proximidades de Bragança Paulista.

         A curto prazo o abastecimento de água nas bacias PCJ em geral e na RMC em particular não está ameaçado, na medida em que, em função das últimas chuvas intensas, antes de começar a atual estiagem, os reservatórios estão em boas condições. Contudo, como estamos vendo, o planeta todo está sentindo cada vez mais os impactos das mudanças climáticas. Com isso, é essencial que sejam tomadas todas as medidas de precaução necessárias, para evitar um desabastecimento de água a médio e longo prazos.

      Não podemos nos esquecer da forte estiagem ocorrida entre 2014 e 2015, que atingiu em cheio a região do PCJ e por pouco não provocou uma catástrofe em termos de abastecimento. A população continua crescendo muito nessa região, o dobro da média nacional, como demonstraram os recentes resultados do Censo. Somente a Região Metropolitana de Campinas recebeu 400 mil novos moradores na década recente.

        Com o crescimento populacional contínuo e as ameaças crescentes derivadas da emergência climática, é fundamental que seja conquistada a segurança hídrica na RMC e em toda a área das bacias PCJ. Nesse sentido, obras como as das barragens de Pedreira e Amparo são fundamentais, pois somadas elas vão garantir cerca de 6 mil litros por segundo a mais de água disponível para a RMC. Infelizmente as obras nessas barragens estão paradas e estou me posicionando diante do governo do estado e do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) para que elas sejam retomadas o mais breve possível. Essas obras estão paradas porque as empresas que eram responsáveis não cumpriram o cronograma e o DAEE cancelou então os contratos. Mas são obras fundamentais para uma importante região do estado.

         Vou continuar, em meu mandato, atento ao que a natureza está clamando. E o momento é de ação, rápida e firme. Devemos nos preparar cada vez mais para os efeitos das mudanças do clima, que, tudo indica, serão duradouros e cada vez mais intensos.      

Por Dirceu Dalben, Deputado Estadual

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