Como cantava o poeta roqueiro, Raul Seixas, em seu “Prelúdio”, “sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só. Mas sonho que se sonha junto, é realidade”. Na Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Profa. Patrícia Maria Capelato Basso, no São Sebastião, os projetos pedagógicos são assim, como na letra da canção: a vida imita a arte para que o sonho vire realidade. Nesta sexta-feira (06/12), professores, alunos e comunidade receberam uma visita muito esperada – a do artista plástico carioca Ivan Cruz, cuja obra sobre “Brincadeiras de Criança” foi tema do projeto interdisciplinar desenvolvido na escola, neste ano. Além de conversar com estudantes, familiares e demais presentes, Cruz grafitou, junto com as crianças, três painéis nas paredes da escola. Deixou também um recado, emblemático de seu trabalho: “A criança que não brinca não é feliz!”. O prefeito Angelo Perugini esteve na escola, à tarde, para ver os murais e conversar com o pintor.
As primeiras telas de Cruz, de colorido exuberante, em estilo naif ou primitivista, retratando a infância brasileira dos tempos antigos, viraram uma série que o consagrou. Nela, Cruz mostrava mais de 600 brincadeiras típicas das gerações anteriores, a de nossos pais e avós, tais como pião, carniça, pé de lata, perna de pau, ioiô, amarelinha, pula corda, barquinho de papel, roda, soltar pipa, subir em árvore…
Alunos da rede municipal conheceram seu trabalho justamente por meio delas. Imagens de sua obra aparecem reproduzidas no livro didático “Ler e Escrever”, utilizado nas escolas da Prefeitura de Hortolândia. O conteúdo saiu dos livros e foi parar nas aulas de educação física e de português, assim como nas de artes, num empenho conjunto pela interdisciplinaridade.
O ponto alto do projeto cultural “Jogos e Brincadeiras da Cultura Popular”, que se encerra agora, no final do ano letivo, é a visita do pintor. A ideia do convite partiu da professora de educação física Mara Ester da Silva e foi abraçada pela equipe gestora e pela comunidade escolar, que realizou atividades e buscou apoiadores, com a empresa Desktop, que doou uma bicicleta, para custear a vinda de Cruz à cidade. Além da unidade, o pintor visitou também o Cier (Centro Integrado de Educação e Reabilitação) “Romildo Pardini, o Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo) e a Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) Jd. São Sebastião.
“Este contato, quando eu fiz, era para trazê-lo aqui a fim de fechar o projeto. Porque uma coisa é eu falar no Ivan Cruz e as crianças não saberem nem quem ele é. É um ser humano intocável. Quando a gente traz ele até a escola, parece que concretiza o trabalho, porque ele pinta o muro, conversa, tem uma didática diferente para lidar com elas. Está sendo maravilhoso, porque as crianças pintam com ele”, explica Mara.
“Para nós, a visita do Ivan Cruz representa mais um pouquinho da realização dos nosso sonhos, que é trazer para a criança o desejo de brincar e brincar das brincadeiras antigas, como as que ele aborda. Por isso, o trouxemos aqui. Esta visita acrescenta muito pedagogicamente, porque a criança acredita que essa pessoa é alguém muito distante deles, irreal, e a gente sabe que são reais. É investir nos sonhos. A criança pode ter o desejo de ser artista e achar que este é um sonho muito distante. Mas ele está muito próximo. É como ele falou: tudo é possível quando a gente sonha e corre atrás”, afirma a diretora Sandra Lopes Padilha David.
“Eu acreditava, como artista plástico, que o importante seria fazer grandes exposições, em grandes museus e espaços culturais pelo mundo. Hoje, eu vejo que não é isso. O mais importante para mim é o que vejo aqui. São crianças que estão sendo educadas pelos profissionais da educação, que utilizam este trabalho que eu venho desenvolvendo já há alguns anos, desde os anos 90, um projeto chamado ‘Brincadeiras de Criança’. As crianças estão participando ativamente. Percebo que os professores também estão voltados para este mundo necessário, que é o de educar através das brincadeiras. A gente sabe que, através delas, você aprende toda e qualquer ciência: matemática, física, química, biologia, português, todas as matérias. O direito de brincar, que é um dos direitos fundamentais da criança, vejo que aqui estão sendo respeitados”, ressaltou Cruz.
A convite da professora de classe, à frente do 4º ano B, Cássia Fernanda Arruda, Ivan Cruz juntou-se aos alunos no plantio de um pé de laranja lima, em alusão ao livro homônimo do escritor José Mauro de Vasconcelos, outra obra trabalhada em sala, ao longo do ano. Além de ler o livros, os pequenos assistiram ao filme e produziram desenhos para ilustrar a obra.
Durante a pintura coletiva dos muros da escola, o aluno do 5º ano, Fernando Valadares, de 11 anos, acompanhou atento os traços feitos pelo artista. Por vezes, nas aulas da profa. Mara, nas brincadeiras de Queimada e Pique Bandeira, quando foi anunciada a visita de Cruz, chegou a duvidar que ela de fato aconteceria. “Fiquei em dúvida. Por ser artista, deve ser bem ocupado. Fiquei surpreso. É bem legal e bacana! É diferente. Ele pinta muito bem. Quero ser designer de games e engenheiro de robótica, quando crescer. Tem que ter criatividade. Saber desenhar é importante. Como poderei fazer projetos sem saber desenhar?”, argumentava o menino.
A mãe, Cleonice Valadares, e a tia, Valeri Torquato, vieram acompanhar a visita e aprovaram a iniciativa. “É muito legal para a criança ver a criatividade. O artista faz o desenho na hora”, comentou Valeri. “É importante para o crescimento e o desenvolvimento da criança. Ficam familiarizados com a arte. É bom para a criatividade deles”, afirmou a mãe.
Educação Integral
A Emef Patrícia Capelato é uma das 21 unidades da rede municipal integrantes do programa de Educação Integral da Prefeitura, voltado a estudantes do Ensino Fundamental. Eles permanecem o dia todo na escola em atividades no contra turno, onde desenvolvem atividades de dança, música e projetos de estudo e pesquisa, no período oposto ao das aulas regulares, nas chamadas estações de vivência. Na Emef Patrícia, por iniciativa da equipe gestora, criou-se em 2018, em áreas ociosas da escola, o “Espaço dos Sonhos”, que tem jardim sensorial, casa da árvore, redário e caramanchão com mesa para área de leitura.
O programa de Educação Integral foi criado pelo governo Angelo Perugini, em 2011 e retomado em 2017. As estações de vivência atuam em quatro áreas: linguagens artísticas; recreação e lazer; protagonismo juvenil; e orientação de estudos.
O programa de Educação Integral integra as ações do PIC (Programa de Incentivo ao Crescimento), implantado por Perugini para estimular o desenvolvimento urbano, ambiental, social e humano para que Hortolândia cresça com planejamento e sustentabilidade nos próximos 30 anos. O programa prevê mais de 100 obras e serviços, em diversas áreas. Para estas intervenções, o município conta recursos financeiros da iniciativa privada, dos governos estadual e federal, sendo que a principal fonte de recursos é um financiamento junto ao banco internacional CAF.
Este artigo foi enviado pela Prefeitura de Hortolandia
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