Conforme o livro “Memória em construção”, em 1956, a população residente no distrito de Hortolândia, cidade ainda Sumaré, segundo dados demográficos publicados em O Estado de S. Paulo, encomendados pela administração sumareense, era de 290 habitantes (sendo a população total de Sumaré computada em pouco mais de 10 mil habitantes, em sua maioria residente na zona rural)58.
Essa população veio a se multiplicar contundentemente, década a década, dada a grande oferta de empregos na região de Campinas e a transmissão de imóveis calculados a baixo preço, pelo fato de a localidade ser ainda carente, sobretudo de infraestrutura urbana e de serviços públicos básicos.
O período entre as décadas de 1960 e 1980 – marcado por processos autoritários de industrialização e ocupação excludente do solo em todo o país, sobretudo durante os anos de regime civil-militar, entre 1964 e 1985 – marcou profundamente a vida socioeconômica do distrito de Hortolândia (e de toda a atual Região Metropolitana de Campinas), pelo fato de ter sido promovida, pelas administrações públicas municipal e estadual, a transformação progressiva de típicos bairros rurais em localidades suburbanas e industriais. 59
A localização geográfica do então distrito de Hortolândia, próximo a ferrovias e rodovias e/ou entrecortado por estas, favoreceu consideravelmente a implantação de um amplo e variado setor econômico industrial e comercial, impulsionado ainda mais com a construção do Aeroporto Internacional de Viracopos, em 1960, e com a fundação da Universidade Estadual de Campinas, em 1967, e de outras instituições públicas e privadas relevantes para o desenvolvimento econômico regional. Em meio a pastagens, plantações e indústrias de menor complexidade (como olarias e cerâmicas, hortifrutigranjeiras, têxteis/fabris), a “população jacubana” do distrito de Hortolândia não somente viu a implantação na localidade de empresas multinacionais e nacionais de maior porte – da área de processamento de dados, alimentícias, farmoquímicas, ferroviárias, entre outras –, como buscou acolher populações migrantes oriundas de todas as macrorregiões brasileiras, e mesmo de outras nacionalidades, em busca de novas oportunidades de trabalho e de moradia. Para tanto, o município de Sumaré planejou legalmente a atração do investimento econômico industrial sobre seu território na década de 1970, como se percebe no texto da Lei Municipal nº 1.177, de 17 de abril de 1973, sancionada pelo então prefeito sumareense, João Smânio Franceschini, em seu segundo mandato (1973-1976): […]
1º – Fica o Prefeito Municipal autorizado a conceder isenção, pelo prazo de 10 (dez) anos, de impostos municipais às empresas industriais e/ou comerciais que vierem a se instalar no município e atendam a ambos os seguintes requisitos:
a) se localizem às margens das estradas ou rodovias estaduais ou municipais;
b) não tenham recebido, da Prefeitura, a título de doação, o respectivo terreno.
2º – Fica igualmente o Prefeito Municipal autorizado a ceder, às mesmas empresas, a título gratuito, máquinas e operadores da Prefeitura, para pequenos serviços, desde que não haja prejuízo para os trabalhos do Município. […]
A abertura de loteamentos e bairros como Vila Real (Continuação), Jardim Rosolém e outros fez com que o distrito de Hortolândia passasse a aspirar por condições mais adequadas em infraestrutura urbana e demais serviços públicos básicos, uma vez que não se tratava de um despovoado distrito industrial, tampouco de um típico bairro rural. Desde meados dos anos 1970 havia propostas de emancipação político-administrativa do distrito de Hortolândia – propostas, na época, desarticuladas, em função de não observarem as respectivas leis estaduais e federais concernentes aos procedimentos de divisão territorial, administrativa e judiciária de localidades, e, sobretudo, pela dificuldade de organização desse pleito durante o período de regime civil-militar.
Fonte: Memória em construção: Hortolândia e sua gente em narrativas e imagens. por Gustavo Esteves Lopes
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