Crimes contra as mulheres vêm apresentando um aumento assustador no país. Em Hortolândia, só no primeiro semestre, 35 casos de violência doméstica foram registrados, de acordo com o CRAM (Centro de referência e Atendimento à Mulher). Entretanto, o número tende a ser bem maior, visto que, na maior parte dos casos, as mulheres tem medo de denunciar seus companheiros.
Uma moradora que, por medo, não quis se identificar, afirma que a pior parte é conseguir ter coragem para denunciar o agressor. “Eu apanhei do meu marido por cinco anos. Além das agressões, ele forçava me levar para a cama, me sentia estuprada”, comentou.
“Mas eu não denunciava pois tinha medo de não ter como cuidar dos meus filhos sozinha. Ele me xingava e me deixava para baixo, fazia eu acreditar que não era capaz de ser independente e que dependia dele para tudo”, desabafou.
Cansada, ela tomou coragem e denunciou o marido. “O que me encorajou a denunciar aquele homem foram meus filhos. Eu me sentia envergonhada em apanhar na frente deles e chegou uma hora que quis acabar com essa situação”.
Hoje, a mulher de 52 anos vive em paz, com os filhos criados e independente. “Eu digo a todas as mulheres que passam por essa situação. Enfrente o agressor, denuncie, porque é a única forma de conseguir se livrar da violência. A sensação de se sentir segura em casa é indescritível”, concluiu.
PREFEITURA
Segundo a Prefeitura, é importante ressaltar que, além dos atendimentos específicos às mulheres no Centro de Referência, as profissionais atuam também na prevenção da violência, com palestras de orientação e formação para a comunidade local, bem como, ações de articulação dos serviços que compõem a Rede de Enfrentamento a Violência contra a Mulher no Município.
Em Hortolândia contamos com o apoio do CRAM(Centro de Referência e Atendimento a Mulher), o Conselho de Defesa e Garantia do Direito da Mulher e o Setor de Políticas Públicas para Mulher.
São oferecidos serviços de atendimento social, psicológico e orientação jurídica à mulher em situação de violência doméstica; atividades educativas e preventivas; trabalhos em grupos sobre autoestima, cidadania e a Lei da Paria da Penha; Palestras das temáticas relacionadas à construção das desigualdades de gênero; rodas de conversa mensais em todas regiões do município, além de manter um diálago permanente com as mulheres da cidade. Em novembro deste ano, Hortolândia aderiu a Campanha Laço Branco, no qual busca o apoio do público masculino no combate a violência contra as mulheres.
CAMPANHA
Para mudar essa realidade, a Prefeitura realiza a Campanha Laço Branco e envolve os homens na luta pelo fim da violência contra a mulher. O trabalho, iniciado em novembro deste ano pelo Departamento de Direitos Humanos e Políticas Públicas para Mulheres, continuará em 2018, com o apoio do Conselho Municipal de Defesa e Direitos das Mulheres de Hortolândia.
Esta é a primeira vez que a Campanha do Laço Branco é realizada em Hortolândia. Por meio dela, a Prefeitura realiza ações e atividades para conscientizar os homens, de todas as faixas etárias, pelo fim da violência contra a mulher. São realizadas rodas de conversas mensais em todas as regiões da cidade. Nos encontros, os homens discutem como combater a violência contra a mulher no dia a dia e aprendem sobre as atitudes que caracterizam o ato de violência.
“Esta é uma ação voltada para a conscientização dos homens em diferentes contextos. A partir desta campanha, desejamos orientar e mobilizar a população masculina pelo fim de todos os tipos de violência, seja física, psicológica, sexual, patrimonial, moral e feminicídio”, afirma Tereza Godinho, diretora do Departamento de Direitos Humanos e Políticas Públicas para Mulheres.
A Campanha Laço Branco está presente em todos os continentes e em mais de 55 países, sendo apontada pela ONU (Organização das Nações Unidas) como a maior iniciativa mundial voltada para o envolvimento dos homens pelo fim da violência contra a mulher.
“A Campanha Laço Branco tem como princípio a prevenção e o enfrentamento à violência contra a mulher. Ela afirma e reafirma o compromisso e a sensibilização de homens pelo fim da violência contra a população feminina. É uma ação permanente e exige envolvimento de toda população”, explica Tereza.
ORIGEM DA CAMPANHA
Em dezembro de 1989, um homem entrou armado na Faculdade de Engenharia da Universidade de Montreal no Canadá e assassinou 14 estudantes feministas. O crime, que ficou conhecido como o “Massacre de Montreal”, mobilizou a opinião pública daquele país, gerando amplo debate sobre as desigualdades entre homens e mulheres.
Assim, um grupo de homens canadenses se organizou para mostrar às pessoas que existem homens que cometem a violência contra a mulher, mas existem também aqueles que repudiam essa violência, foi então que instituíram a Campanha do Laço Branco.
Fonte: Thiago Alves
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