A Torcida Tricolor PCD, movimento do São Paulo voltado à inclusão e acessibilidade de pessoas com deficiência, divulgou nesta segunda-feira (20) uma nota de repúdio contra ataques machistas e capacitistas supostamente vindos da diretoria de acessibilidade do clube. Segundo o comunicado, as ofensas foram direcionadas à representante Amanda, após uma entrevista concedida à Rádio Bandeirantes, na qual ela fez críticas à forma como o São Paulo tem tratado torcedores com deficiência.
De acordo com o grupo, após a entrevista começaram a circular nas redes sociais boatos e informações falsas sobre Amanda e sobre o trabalho desenvolvido pela torcida, em uma tentativa de desmoralizar o projeto. A TTPCD afirma que perfis falsos foram criados no X (antigo Twitter) com o intuito de propagar ofensas e desinformação. Entre as mensagens publicadas, há expressões consideradas machistas e ofensivas, como “Maria Chuteira” e “revoltada da vida”.
“O que tentam disfarçar de opinião é, na verdade, machismo puro”, diz o comunicado. “Não aceitaremos ataques pessoais, nem mentiras sobre quem luta por acessibilidade e respeito dentro do SPFC”. O movimento ainda atribui parte das ofensas a pessoas ligadas à atual diretoria do clube e promete adotar medidas judiciais cabíveis contra os responsáveis.
A TTPCD reforça que sua atuação é pautada pelo profissionalismo e pela defesa da inclusão. “A Torcida Tricolor PCD não é e nunca será um problema para o São Paulo Futebol Clube. Nosso compromisso é com a inclusão, a acessibilidade e o respeito”, afirma o grupo.
Na nota, o movimento também manifesta solidariedade à representante Amanda, que, segundo o texto, é alvo de “machismo institucional dentro do SPFC”. “Seguiremos firmes, unidos e com a cabeça erguida, porque respeito não se pede, se exige”, conclui o comunicado.
O episódio ocorre em meio a um histórico de atritos entre a torcida e o clube. No jogo entre São Paulo e Atlético Nacional, válido pelas oitavas de final da Libertadores 2025, no Morumbis, o grupo enfrentou um impasse ao ser impedido de estrear o novo setor destinado a torcedores com deficiência. O motivo, segundo o clube, foi a falta de alvará do Corpo de Bombeiros, o que poderia gerar multa da Conmebol.
A comunicação da restrição foi feita apenas dois dias antes da partida. Sem alternativa, os torcedores foram direcionados ao espaço antigo, localizado atrás do gol, considerado inadequado por não oferecer estrutura adaptada. De acordo com relatos, o Corpo de Bombeiros chegou a classificar o local como inviável para pessoas com deficiência.
Durante o jogo, representantes da TTPCD tentaram permanecer próximos ao setor TEA (destinado a torcedores autistas), mas encontraram resistência e falta de apoio da diretoria de acessibilidade, que teria se esquivado diante da situação. O impasse gerou confusão e até o acionamento da polícia, com parte do público sendo convencida a liberar o espaço. Ainda assim, os torcedores PCD enfrentaram dificuldades para assistir à partida.
O episódio deixou marcas. A torcida relatou deboche, falta de suporte e até declarações ofensivas de ex-integrantes da diretoria. Além disso, o grupo afirma ter sido bloqueado por dirigentes nas redes sociais, o que, segundo eles, demonstra a ausência de diálogo e respeito.
A Torcida Tricolor PCD encerra o comunicado reafirmando seu papel social e o compromisso com a luta por inclusão no futebol. “Respeitem a nossa luta, a nossa história e a nossa dignidade. Inclusão não é favor, é lei!”, reforça o movimento.
Confira a nota na íntegra da torcida do São Paulo
“⚠️ ALERTA DE INFORMAÇÃO — DIREITO DE RESPOSTA DA TORCIDA TRICOLOR PCD 🇾🇪♿️⚠️
Após a entrevista concedida à Rádio Bandeirantes pela nossa representante Amanda, começaram a circular boatos e informações falsas sobre a Torcida Tricolor PCD e a pessoa da Amanda. Jornalistas experientes nos informaram que esses ataques têm como único objetivo desmoralizar um projeto social sério e legítimo.
O mais triste é ver que parte desses ataques são direcionados à Amanda, simplesmente por ela ser MULHER, ter caráter, profissionalismo e não aceitar o errado dentro do SPFC, ou seja, as mentiras e ofensas que foram proferidas justamente por quem deveria representar o respeito e a inclusão.
👉 Criaram perfis falsos na rede X apenas para ofender, atacar e tentar diminuir quem luta por acessibilidade e respeito.
Chamar uma mulher de “Maria Chuteira” ou “revoltada da vida” é machismo puro, disfarçado de opinião, além de ser mentira.
Não iremos tolerar esse tipo de atitude. Não iremos aceitar as mentiras proferidas por pessoas ligadas à diretoria atual do SPFC🚫
Exigimos respeito, igualdade e dignidade.
Não aceitaremos machismo nem capacitismo, e tomaremos todas as medidas judiciais cabíveis. ⚖️
A Torcida Tricolor PCD não é e nunca será “um problema” para o SPFC.
Nosso compromisso é com a inclusão, a acessibilidade e o profissionalismo, algo que a atual gestão parece ter esquecido.
🎥 A partir desta semana, divulgaremos vídeos com depoimentos reais de pessoas com deficiência, mostrando que nossa luta é coletiva, e não “pessoal”, como tentam pintar.
Também iremos organizar e divulgar provas documentadas sobre os problemas enfrentados por PCDs dentro do clube.
Toda nossa solidariedade e apoio à Amanda, que mais uma vez sofre com o machismo institucional do SPFC.
✊ Seguimos firmes, juntos e com a cabeça erguida.
Porque respeito não se pede, se exige!
Respeitem a nossa luta, a nossa história e a nossa dignidade. Inclusão não é favor, é lei!
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