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Esportes

Angolanos mostram futebol pelos gramados de Hortolândia

Aproximadamente sete mil quilômetros de distância separam Luanda, capital da República de Angola, de Hortolândia. Mas além da língua portuguesa, o que une nossa cidade ao país africano localizado do outro lado do Oceano Atlântico? A resposta é simples, o futebol. No Campeonato Amador, organizado pela Liga Hortolandense de Futebol, com apoio da Prefeitura de Hortolândia, o esporte integra brasileiros e angolanos correndo atrás da mesma paixão: a bola.

Desde o início dos anos 2000, um grupo de angolanos radicados em Hortolândia se reunia para a disputa da famosa “pelada” do final de semana, no campo do Parque Santo André, na região do Santa Clara. “Era um time de cada lado. O meu irmão, que chegou antes ao Brasil, conta que era na brincadeira, mas que com o passar dos anos todos começaram a acreditar no potencial do time. A partir de 2015, foi montada a Sociedade Esportiva Angola”, conta o engenheiro civil e zagueiro do time nas horas vagas, Afonso Muondo, irmão de Paulino Muondo, um dos fundadores da equipe.

Em relação às estatísticas, potencial é que não falta para a equipe. Em 2015 o time se inscreveu na Liga Hortolandense de Futebol e disputou pela primeira vez a seletiva para participar do Campeonato, mas acabou ficando pelo caminho. Em 2016, nova tentativa e a confirmação da vaga para jogar a segunda divisão.  Atualmente, o elenco da S.E. Angola conta com 14 brasileiros e 11 angolanos no elenco, além da comissão técnica.

E fica por conta da comissão técnica uma das curiosidades do Angola, como explica o jovem vice-presidente, de apenas 25 anos, Edson Quicula. “Nosso treinador, Elizandro Mendes, tem 21 anos e o auxiliar, Thomaz Muniz, apenas 16 anos. O Thomaz é irmão de Emanuel Muniz, o Ary, capitão da equipe. O Januário Mukueto também faz parte de nossa comissão. Os outros times não entendem muito bem como podemos ter uma comissão técnica tão nova, mas os garotos entendem muito de futebol”, comenta Quicula, estudante de Engenharia Civil, nascido no Brasil. Os pais de Quicula chegaram a Hortolândia há 26 anos. “Não perdi o sotaque por conta da família e por sempre visitar os parentes na Angola”, brinca aos risos o corintiano, que sonha em conquistar um patrocínio para a equipe.

O Brasil sempre foi destaque no cenário mundial quando o assunto é futebol. Antes de chegar ao Brasil em 2007, Muondo conta como fazia para acompanhar as partidas de futebol do Santos, seu time de coração. “Antes de me mudar para o Brasil já tinha a paixão pelo Santos. Através de antenas parabólicas, sempre conseguíamos assistir aos jogos e programas de televisão brasileiros. Nós assistíamos times como o Santos, Botafogo, Flamengo e ao chegar aqui a paixão pelo futebol só aumentou e comecei a me reunir com o pessoal para jogar”, enfatiza.

“A comida também não é tão diferente. Somos próximos apesar, dos milhares de quilômetros de distância”, brinca.

Hortolândia sempre foi referência no país africano por ser sede do IASP (Instituto Adventista de São Paulo). Muitos jovens angolanos chegam para estudar no local e acabam construindo suas vidas no Brasil. Atualmente, 18 famílias angolanas, aproximadamente 120 a 150 pessoas vivem em Hortolândia, explica o médico, Secretário Geral dos Assuntos da Comunidade Angolana no Estado de São Paulo e Presidente da S. E. Angola, Paulo João.

“Temos 18 famílias angolanas aqui em Hortolândia. Este número é ainda maior na região de Campinas. Sou médico há 21 anos e de Brasil já tenho 28 anos. Além da medicina, o futebol é minha paixão. Pena não poder estar sempre ao lado dos jogadores na competição, pois desde o começo eu acompanhava a reunião dos meninos para jogar bola. As amizades foram crescendo e hoje temos um time de futebol em Hortolândia”, comenta João.

O Angola atualmente é o oitavo colocado da segunda divisão do futebol amador de Hortolândia com quatro pontos. Faltando três rodadas para o término da primeira fase da competição, ainda existem chances de classificação para a fase final. “Mas não é prioridade. Vamos buscar até o final, mas para o primeiro ano de disputa, está bom”, enfatiza Quicula.

Além dos nomes citados acima, a equipe do Angola conta com a participação dos jogadores: Adriano Reis, Alan Esteves, Alexssander Fernando, Amilton Bernardo, Antonio Abicano, Daniel do Nascimento, Emanuel Jorge, Erick Estrada, Euclides Jose, Gilberto Dala Sumbi, Hermenegildo Frangoso, Jonathan Capato, Julio Cesar A. Lara, Leandro Santos, Leomauro D. da Costa, Oscar Cherman, Paulo Macedo, Paulo Miguel, Paulo Silas, Rodrigo Andrade, Victor Hugo Pinto, Wellington Capato, Wesley C. Pinheiro.

Para os angolanos, vitórias são importantes, mas o que prevalece sempre no campo é o esporte como ferramenta social para integração, boa convivência e amizades.

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