Campinas foi destaque na edição do dia 28 de dezembro no jornal norte-americano The New York Times em reportagem sobre o crescimento do mercado de veículos elétricos na América Latina. A cidade sedia, desde 2015, a unidade brasileira da BYD (Build Your Dreams), empresa chinesa especializada em energia limpa, produtora de veículos elétricos e painéis solares.
Campinas foi escolhida pela companhia chinesa BYD para iniciar o projeto de expansão da empresa no mercado brasileiro e em todo o Mercosul. O município tem seguido a cartilha mostrada pelo New York Times para atrair mais investimentos nesta área e diminuir entraves. Segundo o prefeito de Campinas, Jonas Donizette, o município possui uma legislação especial para companhias inovadoras. “Isso faz com que a cidade seja mais competitiva, atraindo esse tipo de investimento. É uma estratégia na qual continuaremos a trabalhar para atrair ainda mais empresas”, afirmou.
Os ônibus produzidos pela BYD trazem um retorno de investimento em somente 10 anos, considerando a vida útil dos ônibus elétricos, que é de 20 anos. Esse dado, trazido pela unidade brasileira e campineira da BYD, foi publicado no artigo e mostra também a importância dessa tecnologia para redução de custos. Campinas já possui 13 ônibus elétricos em operação no sistema de transporte público coletivo.
Jonas Donizette ressalta que essa inovação, além de trazer economia contribui para reduzir a poluição. “São veículos movidos a energia limpa, em modelo urbano e piso baixo. O veículo não emite poluente e não precisa de sistema de rede eletrificada. É um ganho duplo, é bom para diminuir custos e é bom para o meio ambiente”.
Os ônibus elétricos usados em Campinas têm autonomia superior a 250 km, podendo chegar a 300 km. A recarga da bateria é feita durante a noite, na garagem, por um período de quatro horas, para 100% de recarga. Os veículos possuem motores elétricos no eixo de tração, o que faz com que o carro tenha baixo nível de ruído e um melhor conforto para os passageiros. O coletivo tem 12 metros de comprimento, 2,55 metros de largura e 3,36 metros de altura. A velocidade máxima atingida é de 90 km/h, mas pode ser limitada eletronicamente.
A região de Campinas possui, ainda, cerca de 10 eletropostos, que são pontos de recarga para veículos elétricos. O município também foi o primeiro no Brasil a ter táxis elétricos na frota em 2015. Atualmente, são três veículos adquiridos pelos concessionários e permissionários e que circulam na cidade.
Uma nova licitação do transporte público coletivo do município também está em andamento e prevê a criação da chamada “Área Branca”. A “Área Branca” é uma área de circulação do transporte coletivo, na região central, restrita a veículos de energia limpa, com ônibus elétricos ou de tecnologia não poluente. Área com 3 km² e perímetro de 7 km. A nova licitação do transporte prevê mais de 250 ônibus elétricos, que circularão na “Área Branca” e principais corredores do transporte, incluindo os corredores BRT.
Para os autores do artigo, esse tipo de tecnologia inova o transporte urbano, sendo benéfico para conter o aquecimento global e a poluição do ar. Ainda que o mercado ainda seja liderado pela China e pela Europa Ocidental, os especialistas apontam o crescimento do setor no Brasil, Colômbia, Chile México, Uruguai e Costa Rica na América Latina. Com mais de 80% dos cidadãos vivendo em áreas urbanas, mostra-se que há um estímulo ao uso de veículos elétricos que são mais limpos, confortáveis e têm melhor custo-benefício.
Também é feita uma relação com o fato de a América Latina ter a matriz de energia mais limpa do mundo, com mais de 50% da energia sendo produzida por fontes renováveis, sendo a maior parte por hidrelétricas, mas também com crescimento na geração de energia solar e eólica.
A BYD está em Campinas desde 2015, produzindo ônibus elétricos e comercializando veículos e empilhadeiras. A segunda unidade para produção de módulos fotovoltaicos foi inaugurada em 2017.
A vinda da companhia para Campinas foi resultado de um amplo processo capitaneado pela Administração Municipal que incluiu visitas de equipes da Prefeitura à China e todas as tratativas para o sucesso do acordo. Gigante global especializada em energia limpa, a empresa foi fundada em 1995 e rapidamente se tornou a maior fabricante mundial em baterias recarregáveis, sistemas de armazenamento de energia, ônibus e caminhões elétricos 100%.
Escrito pelos especialistas em energia e mudanças climáticas, Lisa Viscidi e Guy Edwards, o artigo está disponível em inglês e pode ser acessado pelo link https://www.nytimes.com/2018/12/28/opinion/electric-vehicles-latin-america.html.
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