A noite de glória no Sambódromo do Rio de Janeiro testemunhou a consagração da Unidos da Viradouro como a grande campeã do Carnaval de 2024. Celebrando o 40º aniversário da Marquês de Sapucaí, a escola de samba de Niterói alcançou o auge da competição, acumulando 270 pontos e conquistando seu terceiro título na história, após uma emocionante jornada de desfiles.
Desde o início da apuração, uma atmosfera de suspense pairava sobre o resultado final. O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), Jorge Perlingeiro, revelou que um recurso estava sob análise, movido por outras agremiações como Grande Rio, Imperatriz, Mocidade e Beija-Flor, que contestavam a performance da Viradouro. No entanto, mesmo diante das discussões, a margem de 0,7 ponto que separava a Viradouro da segunda colocada tornou inequívoca sua vitória.
Com um enredo que reverenciou o culto ao vodum serpente, originário da Costa Ocidental da África, a Unidos da Viradouro encerrou o segundo dia de desfiles na Sapucaí com uma apresentação memorável. As cinco melhores colocadas, seguindo a Viradouro, foram Imperatriz Leopoldinense, Grande Rio, Salgueiro, Portela e Vila Isabel, todas se preparando para o Desfile das Campeãs no próximo sábado (17).
Entretanto, a festa não foi completa para todos. A Porto da Pedra, com 264,9 pontos, foi rebaixada para a Série Ouro de 2025, enquanto as demais escolas celebram suas performances.
O julgamento dos quesitos seguiu uma ordem meticulosa, desde Alegorias e Adereços até Fantasias, com a Viradouro mantendo sua liderança e demonstrando excelência em cada aspecto. O destaque ficou por conta do samba-enredo, uma obra-prima que celebrou a força da mulher negra e a história do culto africano à serpente sagrada vodum.
Sob a direção do carnavalesco Tarcísio Zanon, a Unidos da Viradouro encantou o público com sua narrativa envolvente. O enredo “Arroboboi, Dangbé” foi uma ode à resistência e à espiritualidade, destacando o papel das mulheres na preservação dessa tradição.
A trajetória da escola foi contada desde os tempos ancestrais em Benin até sua chegada aos terreiros da Bahia, no Brasil, trazendo à vida a história das guerreiras Mino e da sacerdotisa Ludovina Pessoa, que desempenharam papéis fundamentais na propagação do culto.
Em meio a essa jornada emocionante, o samba-enredo ecoou como um hino de celebração e resistência:
“Eis o poder que rasteja na terra
Luz pra vencer essa guerra, a força do vodun
Rastro que abençoa Agojiê
Reza pra renascer, toque de Adarrum
Lealdade em brasa rubra, fogo em forma de mulher”.
A vitória da Unidos da Viradouro não apenas consagra seu talento e dedicação, mas também ressalta a riqueza cultural e histórica que permeia o Carnaval carioca, enaltecendo tradições ancestrais e celebrando a diversidade.
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