Um forte terremoto de magnitude 8,8 atingiu o leste da Rússia nesta quarta-feira (30), provocando alertas de tsunami em diversos países banhados pelo Oceano Pacífico. O fenômeno reacendeu um questionamento comum entre os brasileiros: por que o Brasil não enfrenta terremotos ou tsunamis de grande porte, como ocorre com frequência no Japão, Chile ou Indonésia?
A resposta está relacionada à posição geológica do país. De acordo com o Centro de Sismologia da USP, o Brasil está localizado praticamente no centro da Placa Sul-Americana, longe das zonas de contato entre placas tectônicas — regiões onde se concentram os terremotos mais intensos do planeta.
Geografia tectônica: a chave para entender a tranquilidade sísmica do Brasil
“O Brasil está situado no meio de uma placa tectônica, o que o torna um país sismicamente estável. Os terremotos mais fortes geralmente acontecem nas bordas das placas”, explica o professor Marcelo Assumpção, geofísico da Universidade de São Paulo (USP).
Países como o Chile enfrentam riscos constantes justamente por estarem localizados no limite entre a placa de Nazca e a placa Sul-Americana, região onde ocorre o processo de subducção — quando uma placa oceânica mergulha sob uma continental, liberando grande quantidade de energia sísmica.
Tremores no Brasil são raros e de baixa intensidade
Embora o Brasil não esteja imune a terremotos, os abalo sísmicos registrados em território nacional costumam ser leves. Segundo especialistas da USP, esses tremores ocorrem devido à reativação de falhas geológicas antigas presentes na crosta terrestre. Essas falhas não estão ativas o suficiente para gerar terremotos de grande magnitude.
O Nordeste brasileiro, especialmente os estados do Ceará e Rio Grande do Norte, apresenta uma atividade sísmica um pouco mais perceptível, com registros históricos de tremores. No entanto, esses eventos raramente ultrapassam a magnitude 5,0 na escala Richter.
Tsunamis no Brasil: risco praticamente nulo
Assim como os grandes terremotos, a possibilidade de tsunamis atingirem o litoral brasileiro é extremamente baixa. Isso se deve à ausência de zonas de subducção próximas à costa atlântica sul-americana.
“Para a formação de um tsunami, é necessário um terremoto com magnitude acima de 7, epicentro submarino próximo à costa e movimento vertical do fundo do mar — condições que simplesmente não existem no Oceano Atlântico Sul”, explica o geólogo José Alberto Veloso, da Universidade de Brasília.
O caso histórico do tsunami de 1755
Apesar da baixa probabilidade, há um registro importante na história: o tsunami causado pelo terremoto de Lisboa, em 1755, chegou ao litoral nordestino do Brasil. Pesquisadores da UERJ encontraram sedimentos e microfósseis que indicam a presença de uma onda de grande energia em praias brasileiras, possivelmente associada ao evento sísmico que devastou a capital portuguesa.
Monitoramento contínuo da atividade sísmica no país
Mesmo com o risco reduzido, o Brasil mantém uma Rede Sismográfica Nacional (RSBR), composta por universidades e pelo Serviço Geológico do Brasil. O sistema permite o monitoramento em tempo real de abalos sísmicos em todo o território, contribuindo para a segurança da população e para o avanço das pesquisas geocientíficas.
“Nos últimos anos ficou evidente que um monitoramento eficaz da atividade sísmica no Brasil é essencial para prevenir riscos e orientar o crescimento urbano”, afirma o Serviço Geológico Brasileiro (SGB-RSBR).
O Brasil é um país geologicamente privilegiado no que diz respeito a terremotos e tsunamis. Sua posição central na Placa Sul-Americana o mantém distante dos limites de placas, onde ocorrem os eventos sísmicos mais destrutivos. Embora tremores de baixa intensidade sejam registrados ocasionalmente, catástrofes naturais como as que ocorrem no Japão ou Chile são extremamente improváveis em solo brasileiro.
Ainda assim, a vigilância sísmica contínua é fundamental para garantir a segurança e o preparo da população, mesmo diante de um risco mínimo.
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