A Ilha de Marajó, situada no estado do Pará, retorna ao foco das discussões públicas e midiáticas, desta vez por conta de novas denúncias que destacam a exploração sexual infantil na região. O assunto, que já havia sido objeto de investigação por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) em 2010, ganha agora novos contornos e urgência.
Recentemente, a cantora Aymeê trouxe à tona a grave situação vivida por crianças na Ilha de Marajó durante uma participação em um programa de competição musical. Com declarações chocantes, a artista relatou a ocorrência de tráfico de órgãos e exploração sexual de menores na região, uma realidade que, segundo ela, é considerada “normal” pelos locais.
Aymeê descreveu cenas desoladoras, onde crianças de apenas 6 e 7 anos são forçadas a se prostituir em troca de pequenas quantias de dinheiro, uma prática que ocorre abertamente nas embarcações que circulam pela ilha. Este cenário de exploração foi confirmado pela CPI do Senado, que identificou várias rotas de exploração sexual, incluindo as balsas e navios que transportam cargas para Manaus.
As investigações da CPI apontaram para a participação de diversos municípios na rota da exploração, como Portel, Muaná, Breves, Curralinho, São Sebastião da Boa Vista e Gurupá. Essas regiões, conhecidas por sua vulnerabilidade social e econômica, tornam-se territórios férteis para a exploração de menores.
Um dos defensores incansáveis contra essa prática é o bispo Dom José Luis Azcona, que atua na região há décadas. Sua luta ganhou destaque tanto na CPI de 2010 quanto em suas declarações subsequentes, especialmente em 2015, quando relatou casos de crianças oferecidas sexualmente com o consentimento de suas famílias.
O bispo enfrentou resistências, inclusive recebendo um pedido para deixar a região pela representação diplomática do Vaticano em 2023. Contudo, a comunidade local se mobilizou em protesto, garantindo a permanência da liderança religiosa na ilha e reforçando o apoio à sua luta contra a exploração infantil.
Em 2022 a senadora Damares Alves, do Repuclicanos, também avaia feito um alerta sobre os casos de abuso infantil na região da Ilha dos Marajó. Porém o caso não foi para frente por falta de provas, solicitadas à senadora pelo Ministério Público Federal.
SEMIFINAL DOM REALITY – AYMEÊ (Autoral/ “Evangelho de Fariseus”)
Ministério dos Direitos Humanos se pronuncia
Na noite de quinta-feira (22/2), o Ministério dos Direitos Humanos declarou que está engajado em combater o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes na Ilha do Marajó. De acordo com a pasta, esforços têm sido feitos através de visitas ao território em conjunto com representantes do governo federal e autoridades locais.
O programa Cidadania Marajó, conforme informado pelo Ministério, recebe suporte das forças de segurança nacionais, incluindo a Polícia Federal (PF), a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o Ministério da Defesa e a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará. Este apoio tem como objetivo principal a desarticulação de redes criminosas envolvidas com exploração, abuso e violência sexual contra menores.
Adicionalmente, o Ministério dos Direitos Humanos salientou a formação de uma parceria com a Universidade Federal do Pará, com um aporte financeiro de R$ 1 milhão. Deste total, R$ 500 mil serão destinados especificamente para ações no Marajó. Um dos projetos beneficiados por este investimento é a Escola de Conselhos no Pará, que fornecerá treinamento a dezenas de conselheiros tutelares.
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