Em dia de inaugurações de obras ainda em andamento e entrega de casas populares, a presidente Dilma Rousseff disse que os aeroportos são “uma grande rodoviária” e que o avião deixou de ser transporte da elite. Ela fez uma “visita inaugural” à área de embarque internacional do terminal 2 do Aeroporto Internacional, em funcionamento desde janeiro, mas ainda não concluída.
As obras do terminal 1 também estão inacabadas e não ficarão prontas para a Copa. A reforma dos terminais custará R$ 354,75 milhões. Trechos do aeroporto estão cercados por tapumes. Repórteres foram impedidos de acompanhar a visita ao terminal 2, só registrada por cinegrafistas e fotógrafos.
Dilma inaugurou ainda a Transcarioca, via restrita a ônibus entre Ilha do Governador (zona norte) e Barra da Tijuca (zona oeste) e percorreu o trecho entre o Galeão (como o aeroporto é conhecido) e a estação de Madureira (zona norte). Só 22 das 47 estações e duas das sete linhas da via funcionarão na Copa. A obra custou R$ 1,7 bilhão, com financiamento do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e contrapartida da prefeitura. Operários pintavam e retocavam a via pouco antes da chegada da presidente.
“Vocês podiam me dizer: aeroporto não é igual à Transcarioca, aeroporto é transporte de elite. E aí eu vou dizer para vocês: era transporte de elite. Hoje todos que querem viajar podem viajar. E muitas vezes são pessoas que jamais tiveram acesso a aeroporto. Acusam a gente de ter transformado aeroporto em uma grande rodoviária. De fato transformamos em uma grande rodoviária, porque não tem mal algum em rodoviária. Mas transformamos em aeroporto de qualidade”, discursou.
Em fevereiro, a professora Rosa Marina Meyer, da PUC-Rio, teve que se desculpar após ironizar passageiro que estava no aeroporto Santos Dumont (Rio). Ela publicou nas redes sociais foto do advogado Marcelo Santos, de bermuda e camiseta, e comentou: “Aeroporto ou rodoviária?”. No dia seguinte, diante das críticas de que tinha sido preconceituosa, ela pediu desculpas pelo “desconforto” causado e disse não ter tido intenção de ofender ninguém.
Dilma disse que os turistas serão recebidos com hospitalidade e sem violência. “Quando os turistas vão embora, não cabe na mala o aeroporto do Galeão, a Transcarioca, o estádio do Maracanã. Mas cabe o gesto de carinho, de afeto, de ser bem recebido. Somos esse povo que receberá não com violência, mas com carinho e respeito todos os que vierem nos visitar”, disse Dilma, para quem “nenhum legado é da Copa do Mundo, todos os legados são para o povo brasileiro. Estamos fazendo aeroportos para todos os brasileiros, por um acaso vão ser usados para a Copa do Mundo.”
Candidata à reeleição, a presidente viveu clima de campanha, com aliados do PMDB: o governador Luiz Fernando Pezão, que tentará novo mandato, o ex-governador Sérgio Cabral, candidato a senador, e o prefeito Eduardo Paes. Mesmo sem mandato, Cabral discursou. Disse que não faltarão postos de trabalho se os aliados continuarem no poder. “Viva os trabalhadores, que jamais ficarão sem emprego enquanto estivermos aqui.”
No evento, Dilma esteve com sambistas pioneiros, como Monarco, Ivone Lara e Nelson Sargento. Ela ganhou de presente chapéu com seu nome e as cores da Portela (azul e branco). Em paradas no trajeto Galeão-Madureira, a presidente assistiu a rodas de samba e manuseou reco-reco, chocalho e pandeiro.
A presidente participou da entrega de 564 apartamentos em Manguinhos (zona norte). Ela ouviu cobranças de Cândida Maria Privado, de 53 anos. A líder comunitária pediu a construção de creche e posto de saúde. “Estou cobrando!”, discursou Cândida, que pediu ajuda financeira para a compra de móveis.
Dilma mencionou a cobrança: “As Cândidas do Brasil estão de parabéns, porque são elas que levam as coisas para a frente”. As obras na região (incluem saneamento e urbanização) custaram R$ 683,2 milhões em recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do governo do Rio. Os apartamentos consumiram R$ 83 milhões, segundo o Estado.
Fonte: rac.com.br
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