Há 30 anos, o Brasil se despedia de um dos maiores ídolos do esporte nacional. Para muitos, o maior: Ayrton Senna, o piloto de Fórmula 1 que transformou o automobilismo em paixão nacional.
O tricampeão mundial, morto em um acidente durante o Grande Prêmio de San Marino, na Itália, no dia 1º de maio de 1994, marcou as manhãs de domingo e levou alegria para a casa de cada brasileiro que acompanhava seus feitos.
Senna, que por onde ia carregava sempre as cores do Brasil, foi velado no Hall Monumental da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, em 5 de maio daquele ano. O momento marcou para sempre o imaginário de todos aqueles que acompanharam a última despedida ao herói.
Ayrton Senna: De São Paulo para o mundo
Nascido na Capital paulista, em 1960, Ayrton Senna da Silva sempre esteve inserido em competições automobilísticas. Aos 13 anos, disputou e ganhou sua primeira prova de kart da vida.
Criado na Zona Norte da cidade de São Paulo, Senna cresceu frequentando provas automobilísticas paulistas e conhecia o Autódromo de Interlagos, o principal circuito do País, como ninguém.
O ídolo
O piloto habilidoso sempre chamou atenção por onde passou e, aos 24 anos, estreou na Fórmula 1 – a categoria máxima do automobilismo. Ao longo de dez anos, colecionou 41 vitórias e se sagrou tricampeão mundial, nos campeonatos de 1988, 1990 e 1991.
“Ele foi um esportista brilhante, que tantas vezes alegrou o povo brasileiro, por ter liderado tantas provas automobilísticas. Ayrton Senna constituiu uma das pessoas mais admiradas na história do Brasil e, especial também, do esporte brasileiro”, relembra o deputado Eduardo Suplicy (PT), que participou do velório na Alesp.
À época senador da República, Suplicy era, assim como milhões de brasileiros, um aficionado pela Fórmula 1 que acompanhava, semanalmente, os feitos de Ayrton Senna. “Ele representou extraordinariamente bem o Brasil na Fórmula 1, nas corridas que aconteceram aqui em Interlagos e nos mais diversos países do mundo”, conta o parlamentar.
“[Senna] foi um piloto maravilhoso, extraordinário, arrojado, corajoso. Um jovem que conseguiu uma coisa que o Brasil almejava, sonhava. Além de tudo isso, era uma excelente pessoa”, conta o deputado Barros Munhoz (PSDB). Em 1994, o parlamentar estava em seu segundo mandato na Casa.
A despedida
A partida precoce do ídolo brasileiro chocou fãs ao redor do mundo e se tornou um dos momentos mais marcantes do esporte nacional. Após a confirmação da morte de Ayrton Senna, a grande expectativa que tomou conta da população era a de onde o piloto seria velado.
Então presidente do Parlamento Paulista, o ex-deputado Vitor Sapienza colocou o Hall Monumental do Palácio 9 de Julho, no Ibirapuera, à disposição da família de Senna.
“Quando se divulgou que [o velório] seria aqui na Assembleia, começou a chegar gente de todos os lugares do mundo. Antes de o corpo chegar, já existiam filas que davam voltas, que iam até o Obelisco”, conta o fotógrafo Marco Antonio Cardelino, colaborador com 42 anos de serviços prestados à Casa.
Servidor da Alesp desde 1982, Marco foi o responsável pelo registro histórico da despedida a Senna e trabalhou durante os dois dias do velório. “Foi uma madrugada que parecia celebração de título mundial pelo tanto de gente na rua. Não pela alegria, mas sim pela tristeza. Foi uma perda que o brasileiro sentiu no seu coração”, afirma.
No dia 5 de maio, quatro dias após o acidente, o velório foi aberto ao público. Por cerca de 20 horas, mais de 250 mil pessoas passaram pelo Hall Monumental da Alesp. Além de familiares e amigos de Senna, personalidades do Brasil e do mundo compareceram para o último adeus ao ídolo.
“Uma multidão sem fim. Um clima de dor. A sensação era mesmo que todos estavam velando alguém muito próximo, havia muito carinho, sofrimento e luto”, conta o deputado Léo Oliveira (MDB) que, na época, estava em seu primeiro mandato na Casa.
O velório foi acompanhado pelo então presidente da República, Itamar Franco, e pelo ex-governador de São Paulo, Luiz Antônio Fleury Filho. Ambos haviam decretado luto oficial.
“Desde a esfera política aos mundos artístico e esportista. Nunca vi tanta gente no mesmo lugar homenageando uma pessoa. Foi o evento máximo que eu presenciei dentro desta Casa nesses 42 anos em que eu estou aqui”, relembra Marcão, como é reconhecido o fotógrafo.
Com honras dignas de um chefe de Estado, o corpo de Ayrton Senna foi conduzido por soldados do Exército Brasileiro até a viatura que realizou o cortejo que, acompanhado por uma multidão, teve como destino o Cemitério do Morumbi, na Zona Sul da Capital. As imagens de milhares de pessoas pelas ruas no entorno da Alesp cortejando o ídolo nacional são históricas e circularam por todo o mundo.
Legado
A idolatria conquistada por Ayrton Senna permanece intacta 30 anos após o trágico acidente. “Isso não só por suas vitórias e talento como piloto de automobilismo, mas pela imagem de um homem correto, humano e apaixonado pela conquista, por ser o melhor”, conta Léo Oliveira. “Eu vivi momentos dolorosos para o Brasil, mas eu nunca vi nada igual a morte do nosso querido Ayrton Senna. Ele é, indiscutivelmente, o maior ídolo da história do Brasil”, afirma Barros Munhoz. Com sua partida, Ayrton Senna se tornou objeto de homenagens por todo o estado, com monumentos, nomes de ruas e rodovias e, inclusive, uma estação do Metrô – a Estação Jardim São Paulo-Ayrton Senna da Linha 2-Azul. Algumas dessas iniciativas, com todo o merecimento, mantêm vivo o legado do piloto campeão nas pistas e nos corações espalhados pelo mundo. |
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