Espetáculo grátis: As Desventuras do Capitão Rabeca em Hortolândia (SP)

de Redação Portal Hortolândia
RodrigoNasser

Imagine só, Espectador(a): como seria se um personagem clássico da Commedia Dell’Arte desembarcasse no Brasil em meio a máscara, mímica, música e poesia popular? Oxe, ele teria tudinho, mas tudinho mesmo, do protagonista do espetáculo As Desventuras do Capitão Rabeca, assinado pela reconhecida Damião e Cia (Campinas/SP). Ficou interessado(a), foi? A montagem premiada será encenada neste sábado (15/4), às 19h, na Escola de Artes Augusto Boal, em Hortolândia (SP). A entrada é franca.

Contemplada pelo ProAC (Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo), a partir do Edital 02/2022 – Teatro/Circulação de Espetáculos, com apoio das prefeituras locais por meio das secretarias municipais de Cultura, a atual temporada da montagem passará, ao longo de abril e maio, por Campinas, Hortolândia, Sorocaba, Ribeirão Preto, Sertãozinho e Limeira. Detalhe: em cartaz desde 2019, As Desventuras do Capitão Rabeca recebeu os prêmiosde Melhor Espetáculo, na categoria Comédia, durante a edição 2020 do Festival de Teatro On-line em Tempo Real do Rio de Janeiro, e de Melhor Dramaturgia, Atuação, Direção, Visualidades Corpóreas e Sonoridades durante o Festival Internacional de Guaranésia 2022.

Sob a direção de Tiche Vianna (Barracão Teatro | Campinas), referência na pesquisa das máscaras teatrais, o ator Rodrigo Nasser traz ao centro desse monólogo a cômica figura de Capitão Rabeca, um militar cuja história de vida, ambientada em tempos medievais, é atravessada por encontros: brutalidade e violência, beleza e sensibilidade. Detalhe: trata-se da releitura de um tipo conhecido como Capitão, personagem clássico da Commedia Dell’Arte, gênero de teatro renascentista pautado pelo improviso e que deu início à profissionalização do ofício de atuação.

“O meu Capitão Rabeca é um personagem mais individualizado. Eu brinco com a ideia do militar covarde e busco explorar as fragilidades dessa figura, de forma cômica e também melodramática. Ele se apaixonou por música quando criança. Por uma rabeca. Mas foi obrigado a ser soldado. E esse é o conflito central da história e do personagem, um embate entre beleza e violência”, destaca o ator.

E por falar no tipo, Tiche Vianna destaca a base da construção da personagem: arquetípica. E mais: embora o protagonista não a coloque sobre o rosto, o seu corpo é uma máscara crítica. “Estamos falando da opressão dos padrões que formam seres humanos para serem determinados tipos sociais. Capitão Rabeca, que podemos encontrar em filmes como As Aventuras do Capitão Tornado, do cineasta italiano Ettore Scola, nos mostra um velho e solitário, no fim de sua vida, que atendeu a todos os valores de sua época e os representou perfeitamente”, pontua a diretora.

Não à toa, para Tiche, um dos destaques da montagem está na potência do protagonista. “Rodrigo Nascer é um ator com repertórios criativos e inteligência cênica, capaz de articular a palavra, imagens e relações por meio de um corpo expressivo muito potente. Conta a história, mostra os acontecimentos e nos emociona com um ponto de vista crítico sobre a formação dos princípios que regem um tipo de educação repleta de valores patriarcais”, avalia.

Outro ponto que merece os holofotes é a qualidade do texto. Por sinal, todo construído à base de versos rimados. Ou seja, inspiração direta na vasta tradição poética dos cantadores e repentistas do Nordeste brasileiro. “Estão presentes o martelo agalopado, as sétimas, oitavas, quadras, quadrão, perguntado etc. Esses repentistas, acompanhados pela viola ou rabeca, desenvolveram seu ofício usufruindo da herança direta dos trovadores, bardos, jograis e menestréis medievais, que fizeram chegar sua influência por meio da dominação ibérica no processo de colonização de nosso país”, antecipa o ator, também responsável por assinar a dramaturgia.

Do ponto de vista do espetáculo em si, a obra transita entre a comédia e o melodrama, sempre se valendo da relação da atuação com a plateia como veículo maior do acontecimento teatral. “Nós, na Damião e Cia, fazemos comédia, essencialmente. Amamos o cômico. Além disso, destacamos a relação com o público, que é muito específica quando estamos fazendo comédia. Esse espetáculo é um pouco diferente porque fala de morte e de violência. Mas também fala de criação, de arte e de vida. Acho que ele representa o quanto nos tornamos tragicamente ridículos quando não tomamos posse de nossas próprias vidas, e não buscamos realizar nossos mais sinceros desejos”.

E por falar em mais misturas e encontros, marcas da identidade estética da Damião e Cia, As Desventuras do Capitão Rabeca ainda traz à cena a mímica e a música, duas referências do trabalho bem-sucedido do ator Rodrigo Nasser, exímio tocador de rabeca. “Compreendendo o ator como o veículo do acontecimento teatral. A expressividade acontece por meio da materialidade do corpo-voz. Buscando a precisão no desenho espacial e no tempo rítmico do gesto corporal e vocal, prima-se pelo jogo e pela comunicação com os espectadores”.

Para encerrar, qual a mensagem que o Capitão Rabeca planta no íntimo de quem acompanha a sua travessia, Rodrigo? “A principal é difundir a ideia da arte enquanto salvadora de vidas. Isso pode ser entendido como uma metáfora ou como uma afirmação literal. Acho que é válida de ambas as formas. A arte salva vidas todos os dias, de quem produz e de quem consome”, finaliza o ator.

A sinopse

Em uma taverna, durante a Idade das Trevas, Capitão Rabeca conta em detalhes a história de sua infância e maturidade: de como floresceu em seu espírito a admiração pelas artes e pela beleza, além de como foi reprimido por seu rigoroso pai para ser moldado a ferro e fogo para a prática da guerra.

A Damião e Cia

A Damião e Cia é um grupo de pesquisa e criação em teatro e circo fundado em 2012 por artistas bacharéis em Artes Cênicas pela Unicamp. A companhia fundamenta sua linguagem no estudo das mais variadas formas de teatro popular, buscando a valorização da tradição, assim como sua reinvenção em prol do diálogo com a contemporaneidade.

Ao longo de sua trajetória, o grupo produziu os espetáculos As Presepadas de Damião (Mario Santana, 2012), Atenção, Respeitável Público (2012), Estrela da Madrugada (Mario Santana, 2013), Burundanga – a revolução do baixo ventre (Fernando Neves, 2018), Andante (Cia Markeliñe/Espanha e Damião e Cia, 2019), As Desventuras do Capitão Rabeca (Tiche Vianna, 2019) e Gran Cirque Brado (Thiago Sales, 2022), em parceria com o Circo Caramba, e Trupica Coração (Kátia Daher, 2022).

Os espetáculos do grupo são criados para diferentes espaços de representação e buscam a comunicação com um público heterogêneo, de modo a proporcionar a expansão do universo simbólico e criar rupturas no cotidiano, possibilitando encontros e trocas.

FICHA TÉCNICA

Direção: Tiche Vianna

Direção musical: Marcelo Onofri

Texto e atuação: Rodrigo Nasser

Figurino: Bruna Recchia

Concepção de iluminação e cenotécnica: Eduardo Albergaria

Operação de luz e som: Chico Barganian e Cayene Moreira

Maquiagem: Lara Prado

Fotografia: Gabriella Zanardi

Assessoria de imprensa: Tiago Gonçalves

Arte gráfica: Nathalia Ernesto

Produção executiva: Catharina Glória

Coordenação de produção: Fernanda Nunes

Realização: Damião e Cia 

Gênero: Tragicomédia | Monólogo

Classificação indicativa: 12 anos

SAIBA MAIS

O quê: As Desventuras de Capitão Rabeca, da Damião e Cia

Quando: Sábado (15/5), às 19h

Onde: Escola de Artes Augusto Boal (Rua Casemiro de Abreu, s/n, no Jardim Amanda II, em Hortolândia | SP)

Quanto: Entrada franca

Informações: @damiaoecia

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