O tratamento do câncer que afeta as glândulas salivares representa um dos maiores desafios no campo da oncologia. Por ser um tipo de câncer raro, muitas vezes diagnosticado tardiamente, as opções terapêuticas são limitadas e costumam gerar efeitos colaterais significativos, impactando diretamente a qualidade de vida dos pacientes.
Diante desse cenário, um estudo inovador liderado por Luan César da Silva, doutor pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp, trouxe avanços importantes ao investigar uma combinação de medicamentos voltados para reduzir as células-tronco tumorais, as grandes responsáveis pela disseminação e recidiva do câncer.
Os Desafios do Câncer de Glândulas Salivares
Esse tipo de câncer pode afetar tanto as glândulas salivares maiores (parótida, submandibular e sublingual) quanto as menores, localizadas no céu da boca. Diferentemente de outros tumores orais, como o carcinoma espinocelular, associado ao uso de tabaco e álcool, as causas do carcinoma mucoepidermóide, o mais comum entre os cânceres de glândulas salivares, permanecem desconhecidas.
Nos estágios iniciais, o tratamento cirúrgico geralmente é eficaz. Porém, em casos mais avançados, as opções se tornam mais limitadas e os procedimentos podem deixar sequelas estéticas e funcionais. Além disso, a cisplatina, medicamento amplamente utilizado, apresenta toxicidade elevada, o que leva muitos pacientes a abandonar o tratamento de saúde.
Inovação no Combate às Células-Tronco Tumorais
O ponto central da pesquisa de Silva foi o estudo das células-tronco tumorais, mais resistentes aos tratamentos convencionais e frequentemente associadas à metástase e à recorrência da doença. Em parceria com a Universidade de Michigan, ele testou a cefalina, um fármaco capaz de inibir vias importantes dessas células, e obteve resultados promissores: redução da taxa de sobrevivência e da capacidade migratória das células tumorais.
Para potencializar o tratamento, Silva combinou a cefalina com o ácido hidroxâmico suberoynalinida (Saha), criando uma terapia de sensibilização antes do uso da cisplatina. Essa abordagem reduziu a toxicidade do tratamento e tornou os tumores mais suscetíveis à quimioterapia tradicional. Embora ainda seja necessário um longo caminho de pesquisas e testes clínicos, os resultados representam um avanço significativo na busca por terapias mais eficazes e menos agressivas.
Impactos e Perspectivas Futuras
A pesquisa também abre portas para aplicações em outros tipos de câncer, como tumores de próstata e mama. “Esses resultados são promissores e têm potencial para melhorar o prognóstico e prolongar a vida dos pacientes”, afirma Pablo Agustin Vargas, orientador do estudo e professor da FOP. Apesar disso, os especialistas enfatizam que ainda não se trata de uma cura definitiva, mas sim de um passo importante rumo a tratamentos mais precisos e eficientes.
Com essas descobertas, o trabalho realizado na Unicamp destaca o papel fundamental das pesquisas acadêmicas na evolução das terapias oncológicas, oferecendo novas esperanças para pacientes que enfrentam o câncer de glândulas salivares e outras neoplasias complexas.
fonte unicamp
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