Selic 15 por cento deve ser mantida na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para quarta-feira, 10 de dezembro. A expectativa do mercado financeiro é que o Banco Central mantenha o ciclo de estabilidade por mais tempo, reforçando a sinalização adotada nas últimas comunicações oficiais.
A ata da 274ª reunião trouxe a indicação de “manutenção da taxa selic no nível atual por um período bastante prolongado”, caracterizando um novo estágio da estratégia monetária. O documento encerrou a mensagem de possível interrupção da alta e consolidou a postura de estabilidade, acompanhada do alerta de que a política monetária seguirá restritiva por um período extenso.
De acordo com analistas consultados por diferentes instituições financeiras, a ata foi interpretada como dovish. O Copom avaliou a moderação do crescimento econômico, o arrefecimento da inflação e o movimento de convergência para a meta, embora tenha ressaltado que esses fatores estavam dentro das expectativas internas do Banco Central.
Um ponto relevante citado no documento foi a incorporação da estimativa de impacto da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda. O BC reforçou que a inclusão ocorreu de forma conservadora e dependente de dados, o que chamou atenção do mercado. A menção a medidas fiscais e creditícias com impacto menos evidente nos indicadores, como o consignado privado, contribuiu para uma leitura mais branda da política monetária.
Desde a publicação da ata, duas leituras influenciaram o cenário: o IPCA de outubro e o IPCA-15 de novembro. O IPCA oficial subiu 0,09 por cento, abaixo da expectativa de 0,14 por cento. Já o IPCA-15 avançou 0,20 por cento, ligeiramente acima do esperado.
Nos dois casos, os núcleos de inflação permaneceram pressionados, com destaque para serviços e itens intensivos em mão de obra. Esses grupos seguem influenciados pela resiliência do mercado de trabalho. As projeções de inflação coletadas pela pesquisa Focus recuaram para 2025 e 2026, sem alteração significativa para os anos seguintes.
Os indicadores de atividade vieram mais fracos na comparação com estimativas. As Vendas no Varejo recuaram 0,3 por cento em setembro. O IBC-Br, considerado uma prévia do PIB, caiu 0,24 por cento no mesmo período. A Produção Industrial apresentou alta leve de 0,1 por cento em setembro e queda de 0,5 por cento em outubro.
A Pesquisa Mensal de Serviços foi o único destaque positivo, com expansão de 0,6 por cento. No entanto, o PIB do terceiro trimestre avançou apenas 0,1 por cento, abaixo da projeção de 0,2 por cento.
No mercado de trabalho, a taxa de desemprego registrada em outubro ficou em 5,4 por cento, nível historicamente baixo. Contudo, o Caged mostrou criação de 85 mil vagas, inferior às 110 mil esperadas, sugerindo início de desaceleração na abertura de novos postos.
Para economistas, o Copom deve reconhecer que a atividade e a inflação caminham em direção à convergência, mas ainda exigem prudência. A expectativa é que a reunião de dezembro apenas reforce a necessidade de manter a Selic em 15 por cento.
Sobre os próximos passos, o BC não deve enviar sinais explícitos. A estratégia recente prioriza comunicações dependentes de dados, sem antecipar movimentos. Ainda assim, a moderação no ritmo da economia abre espaço para início de flexibilização no início de 2026.
Projeções de consultorias apontam para um possível corte inicial de 25 pontos-base em janeiro de 2026, seguido de reduções entre 25 e 50 pontos-base ao longo do ano. A taxa selic pode encerrar 2026 em torno de 12,25 por cento, ainda em território considerado restritivo.
O que significa manter a Selic em 15 por cento?Significa que o Banco Central entende que a inflação segue convergindo para a meta em ritmo adequado, mas ainda exige política monetária restritiva para conter pressões persistentes.
Por que o Copom evita sinalizar os próximos passos?De acordo com analistas, o BC adota postura dependente de dados, evitando compromissos explícitos em cenário de alta incerteza fiscal e inflacionária.
Quando podem começar os cortes na Selic?Caso os dados de inflação e atividade confirmem desaceleração consistente, o início de flexibilização pode ocorrer em janeiro de 2026, com cortes graduais ao longo do ano.
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