Dormir só à noite ou Cochilo de dia: qual o melhor?

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O sono polifásico, caracterizado por múltiplos cochilos ao longo do dia em vez de uma única noite de descanso, tem ganhado atenção como alternativa ao modelo tradicional de sono. De acordo com o professor Geraldo Lorenzi Filho, coordenador do Laboratório do Sono da Faculdade de Medicina da USP, esse padrão é possível, mas nem sempre saudável.

Segundo Lorenzi, o modelo de sono ideal continua sendo o sono monofásico noturno, alinhado ao ciclo natural de luz e escuridão. “O mais fácil é manter esse padrão de dormir à noite quando está tudo escuro e de dia ter atividade como a maior parte das pessoas”, explica. Apesar disso, o organismo humano é capaz de funcionar em arranjos diferentes, mas com possíveis custos à saúde.

Como o padrão de sono muda ao longo da vida

A evolução dos padrões de sono é natural no ciclo da vida. Recém-nascidos dormem em ciclos curtos durante o dia e a noite, demonstrando um padrão polifásico natural. Na infância, o sono tende a ser bifásico, com a inclusão de cochilos à tarde. Já na vida adulta, predomina o modelo monofásico.

Na terceira idade, é comum o retorno ao hábito de cochilar, o que sugere uma reaproximação ao padrão polifásico. Essa transição mostra que não existe um único modelo de sono aplicável a todas as fases da vida.

O que é sono polifásico?

O sono polifásico é qualquer padrão que envolva mais de dois períodos de sono em 24 horas. Pode incluir:

Esse tipo de sono pode ser vantajoso em situações específicas, como longas travessias marítimas, mas é inviável para a maioria das pessoas no cotidiano urbano.

Por que o sono polifásico pode fazer mal?

Nosso corpo opera com base no ritmo circadiano, regulado por fatores como hormônios, luz solar e temperatura. Tentar dormir fora das “janelas biológicas” é comparado a nadar contra a corrente.

Profissionais que trabalham em turnos irregulares sentem na prática os impactos dessa desregulação: aumento de risco para diabetes, obesidade, doenças cardíacas e transtornos psicológicos. Além disso, o sono diurno tende a ser mais leve e fragmentado, dificultando a recuperação total do organismo.

Cochilos podem ajudar?

Sim, cochilos estratégicos de até 20 minutos podem melhorar o humor, a concentração e a produtividade. No entanto, ultrapassar esse tempo pode levar à chamada “inércia do sono”, provocando desorientação e cansaço.

Lorenzi destaca: “O ideal é não dormir mais do que 20 minutos, para evitar que nesse cochilo você entre em sono profundo e aí quando você acorda tem a inércia do sono, que resulta em às vezes acordar pior do que foi dormir”.

Sono polifásico era comum no passado?

Estudos indicam que, antes da luz elétrica, as pessoas adotavam um padrão bifásico noturno: dormiam no início da noite, acordavam por volta da meia-noite e voltavam a dormir até o amanhecer. Esse intervalo era usado para meditação, orações ou atividades domésticas, sugerindo que padrões não-lineares de sono podem ser parte da história evolutiva humana.

Conclusão

Apesar de existirem exceções e adaptações individuais, o sono monofásico noturno segue sendo o padrão mais recomendado para manter a saúde física e mental. Cochilos breves podem ser úteis, mas não substituem um sono contínuo e reparador. A personalização do descanso é possível, mas deve sempre considerar o impacto no bem-estar e na produtividade.

Perguntas Frequentes (FAQ)

O que é sono polifásico?
É um padrão de sono com vários períodos de descanso ao longo do dia, em vez de um único sono noturno.

Cochilos curtos podem melhorar a produtividade?
Sim, cochilos de até 20 minutos ajudam a restaurar a atenção e o humor, desde que não entrem em sono profundo.

Sono polifásico é melhor do que dormir só à noite?
Não para a maioria das pessoas. Dormir à noite, de forma contínua, é mais alinhado ao nosso relógio biológico.

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