Correios preveem 15 mil demissões voluntárias e fechamento de mil agências

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Correios preveem 15 mil demissões voluntárias e fechamento de mil agências como parte de um amplo plano de reestruturação anunciado nesta segunda-feira (29). A proposta foi apresentada pela direção da estatal com o objetivo de reduzir déficits acumulados nos últimos anos e reequilibrar as contas da empresa pública responsável pelo serviço postal no Brasil.

Segundo a direção dos Correios, o plano prevê o fechamento de cerca de 16% das agências próprias em funcionamento no país. Na prática, isso representa aproximadamente mil unidades das cerca de seis mil mantidas diretamente pela estatal. A estimativa é de uma economia de R$ 2,1 bilhões com essa medida.

De acordo com a empresa, além das agências próprias, o atendimento postal no Brasil também conta com cerca de 10 mil pontos operados por meio de parcerias. A direção reforçou que o fechamento de unidades será feito de forma gradual e sem comprometer o princípio da universalização do serviço postal, que obriga os Correios a atenderem todo o território nacional.

Durante coletiva de imprensa em Brasília, o presidente da estatal, Emmanoel Rondon, afirmou que as decisões levarão em conta tanto o desempenho financeiro das agências quanto a necessidade de manter o atendimento em regiões onde não há interesse da iniciativa privada. Segundo ele, a meta é equilibrar eficiência econômica e responsabilidade social.

Demissão voluntária e redução de despesas

O plano de reestruturação dos Correios inclui dois Programas de Demissão Voluntária (PDVs). Um está previsto para 2026 e outro para 2027. A expectativa é reduzir o quadro de funcionários em cerca de 15 mil trabalhadores até o fim de 2027.

De acordo com a direção da empresa, aproximadamente 90% das despesas atuais têm perfil fixo, principalmente relacionadas à folha de pagamento e benefícios. Essa estrutura, segundo Rondon, limita a capacidade da estatal de reagir rapidamente às mudanças do mercado logístico e postal.

Com os PDVs e outras medidas de contenção, os Correios estimam reduzir as despesas com pessoal em cerca de R$ 2,1 bilhões por ano. A estatal também planeja rever contratos, processos internos e custos operacionais ao longo dos próximos três anos.

Déficits acumulados e situação financeira

A reestruturação ocorre após uma sequência de resultados negativos. Segundo a empresa, desde 2022 os Correios enfrentam um déficit estrutural estimado em R$ 4 bilhões por ano. Em 2025, o saldo negativo já soma R$ 6 bilhões apenas nos nove primeiros meses do ano.

Outro dado apresentado pela companhia é o patrimônio líquido negativo, que alcança R$ 10,4 bilhões. A direção atribui parte desse cenário ao custo de manter a universalização do serviço postal em um país de dimensões continentais, com atendimento em regiões remotas e pouco rentáveis.

Empréstimos e possível mudança societária

Para reforçar o caixa, os Correios informaram que contrataram um empréstimo de R$ 12 bilhões junto a instituições financeiras, com contrato assinado na última sexta-feira (26). Mesmo assim, a empresa ainda busca outras fontes de recursos e estima a necessidade de captar mais R$ 8 bilhões para equilibrar as contas em 2026.

Além das medidas imediatas, a estatal estuda mudanças estruturais a partir de 2027. Uma das possibilidades em análise é a alteração do modelo societário. Hoje, os Correios são 100% públicos, mas a direção avalia a abertura de capital, transformando a empresa em uma companhia de economia mista, nos moldes da Petrobras e do Banco do Brasil.

Corte de benefícios e venda de imóveis

Outro ponto do plano envolve a revisão dos planos de saúde e de previdência dos funcionários. Segundo a direção, o atual modelo de assistência médica oferece ampla cobertura, mas se tornou financeiramente insustentável para a empresa. A proposta é alterar a lógica de custeio, reduzindo os aportes feitos pela estatal.

Os Correios também pretendem vender imóveis considerados não estratégicos. A expectativa é arrecadar cerca de R$ 1,5 bilhão com essas vendas ao longo do processo de reestruturação.

Crise no setor postal

A direção da estatal avalia que a crise dos Correios não é isolada. Segundo a empresa, o setor postal enfrenta dificuldades desde 2016, impulsionadas pela digitalização das comunicações, que reduziu drasticamente o volume de cartas, historicamente a principal fonte de receita.

Além disso, a expansão do comércio eletrônico atraiu novos competidores privados, aumentando a concorrência no setor de encomendas. O presidente dos Correios citou como exemplo a situação da United States Postal Service, que também enfrenta déficits bilionários e anunciou medidas de ajuste financeiro recentemente.


FAQ – Perguntas frequentes

Os Correios vão fechar agências em todas as cidades?
De acordo com a empresa, o fechamento será seletivo e não deve comprometer o atendimento em regiões onde os Correios são o único serviço postal disponível.

Quando começam as demissões voluntárias?
Os Programas de Demissão Voluntária estão previstos para 2026 e 2027.

Os Correios podem ser privatizados?
A estatal estuda uma mudança societária a partir de 2027, incluindo a possibilidade de se tornar uma empresa de economia mista, mas não anunciou privatização total.

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